Ontem (23/09/24), fui surpreendido por uma matéria jornalística com a seguinte manchete: “Farmacêutica de opioides repete no Brasil tática que matou milhares nos EUA”1. Isso me chamou a atenção, pois recentemente assisti a duas produções cinematográficas: “Império da Dor” e “A Máfia da Dor”, ambas expondo de maneira clara a problemática da prescrição exagerada de medicamentos e suas consequências devastadoras para a sociedade.
Não estou aqui para demonizar a criação ou o uso de medicamentos; eles têm seu devido lugar para o bem da sociedade. Contudo, como diz uma canção da Turma do Nosso Amiguinho: “Tudo que é demais faz mal”. O mais importante a se destacar é que, infelizmente, nem tudo que é legal deveria ser permitido. Anos atrás, ao assistir a uma palestra da CPFL2 sobre transtornos mentais, comecei a refletir e conversar com algumas pessoas sobre como estamos, progressivamente, transformando em patologias os problemas naturais do dia a dia.
Por isso, escrevo este alerta pensando no seu bem-estar e no daqueles que você ama. Espero que minhas ponderações sobre esse assunto sejam úteis.
Perspectiva Psicológica
O vício em medicamentos controlados, especialmente opioides, gera um ciclo de dependência que afeta profundamente a saúde mental dos usuários. Psicologicamente, o indivíduo perde o controle sobre sua vontade, tornando-se escravo da substância. A busca por alívio da dor física ou emocional se transforma em uma armadilha psicológica, onde o prazer momentâneo converte-se em uma necessidade incontrolável, causando ansiedade, depressão e até pensamentos suicidas. Esse processo leva o indivíduo a perder a autonomia sobre sua vida. Profissionais sérios da área sempre enfatizam a importância do tripé: terapia, atividade física e medicamento. Ao invés de optar por apenas uma ação medicamentosa.
Perspectiva Química e Neurológica
Os opioides afetam diretamente os níveis de dopamina no cérebro, criando uma resposta química que gera dependência. Eles alteram o circuito de recompensa, fazendo com que o usuário busque repetidamente a substância para experimentar a mesma sensação de prazer ou alívio da dor. Ao modificar a estrutura neurológica, essas drogas podem danificar permanentemente o sistema de recompensa, resultando em uma necessidade crescente de consumo. O vício, portanto, é não apenas psicológico, mas também profundamente químico e neurológico. Em entrevista recente à Folha de São Paulo, a psiquiatra Anna Lembke destacou essa preocupante realidade3.
Perspectiva Comercial
A prescrição excessiva de opioides, muitas vezes, reflete a ganância daqueles que lucram com sua venda, ignorando os prejuízos sofridos pelos pacientes. Grandes corporações farmacêuticas colocam o lucro acima do bem-estar das pessoas, adotando estratégias de marketing agressivas para incentivar a prescrição de medicamentos. Médicos, pressionados comercialmente ou influenciados por benefícios financeiros, acabam prescrevendo essas substâncias sem a devida cautela. As produções cinematográficas e matérias jornalísticas sobre o tema apontam, sem pudor, essa triste realidade.
Perspectiva Social
O abuso de medicamentos afeta não apenas os indivíduos, mas toda a sociedade. Famílias são desestruturadas, comunidades devastadas e a confiança no sistema de saúde fica cada vez mais comprometida. Além disso, a prescrição indiscriminada de opioides atinge desproporcionalmente as populações mais vulneráveis, gerando uma crise de saúde pública. A normalização do uso de substâncias, legais ou não, cria um ciclo de pobreza e sofrimento, especialmente entre os mais desfavorecidos. Não é preciso ser especialista para constatar o cenário desolador que se alastra como uma pandemia.
Perspectiva Política
A influência do lobby farmacêutico sobre governos e instituições de saúde impede a implementação de regulamentações mais rígidas e um controle mais eficaz sobre a prescrição de opioides. Políticos, muitas vezes financiados por corporações farmacêuticas, falham em implementar políticas de saúde que priorizem a prevenção ao vício e o tratamento adequado. A resposta governamental é reativa, não preventiva, agravando a crise de saúde pública em torno de tais medicamentos. A máxima “Prevenir é melhor que remediar” parece limitar-se apenas a slogans.
Perspectiva Ética Médica
A ética médica é central para essa discussão. Médicos têm o dever de “não causar dano”, mas a prescrição desmedida de opioides frequentemente viola esse princípio fundamental. A pressão por resultados rápidos e o desejo de satisfazer pacientes em busca de alívio imediato da dor contribuem para a prática antiética de prescrever medicamentos altamente viciantes, sem explorar alternativas menos prejudiciais. A medicalização excessiva de problemas que poderiam ser tratados de outras formas levanta questões éticas profundas. Felizmente, nas vezes em que precisei desses profissionais, percebi um cuidado quanto ao que receitar.
Perspectiva Psiquiátrica
Do ponto de vista psiquiátrico, o uso de opioides pode agravar ou até mesmo causar distúrbios mentais, como ansiedade e depressão. Pacientes que desenvolvem dependência enfrentam dificuldades em lidar com a abstinência e, muitas vezes, são deixados sem suporte adequado. A ausência de uma abordagem multidisciplinar para tratar a dependência perpetua o ciclo de vício e recaída, aumentando os riscos de danos mentais e emocionais.
Conclusão
Diante de um cenário tão sombrio, a espiritualidade pode oferecer uma saída. As Escrituras apontam para a importância de confiar em algo maior do que as circunstâncias imediatas. Em Salmos 147:3, lemos: “Ele cura os de coração quebrantado e trata das suas feridas”. Esse versículo nos lembra que a verdadeira cura não se limita ao corpo, mas também à alma e à mente. O apoio espiritual pode fortalecer aqueles que enfrentam a dependência, oferecendo-lhes uma fonte de esperança e resiliência.
Além disso, 1 Coríntios 6:19-20 nos ensina que nossos corpos são templos do Espírito Santo, e, como tal, devemos cuidar deles. Isso inclui evitar o abuso de substâncias que podem prejudicar nossa saúde física, mental e espiritual. A confiança em Deus e a busca por equilíbrio espiritual, acompanhada por tratamento médico responsável, pode proporcionar um caminho para a recuperação.
Por fim, Romanos 12:2 nos exorta a não nos conformarmos com este mundo, mas a sermos transformados pela renovação da nossa mente. Essa transformação implica uma abordagem holística para os desafios da vida, buscando a cura completa, que só é possível através de uma perspectiva espiritual equilibrada e guiada pela fé.
Portanto, a solução para o uso e prescrição descontrolada de medicamentos não reside apenas em regulamentações mais rigorosas ou em tratamentos médicos avançados, mas também no fortalecimento da fé e da espiritualidade. O equilíbrio entre o cuidado físico, mental e a confiança em Deus é indispensável para a melhor restauração de vidas devastadas pelo vício.
ATENÇÃO: Se você tem um histórico de depressão severa ou pensamentos suicidas, minha recomendação é que você procure um profissional adequado seja um Psicólogo ou Psiquiatra e de preferência cristão. Siga com as prescrições medicas inclusive medicamentosa se recomendado. Caso ainda não esteja em tratamento, procure o mais rápido possível.
Caso queira saber mais sobre o que já escrevi referente este assunto clique aqui – Reavaliando a saúde mental: Uma perspectiva além dos diagnósticos médicos.
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No mais, sigamos vivendo tão somente para honra e glória de Deus,
Que o amor por Cristo seja nossa motivação!
Fonte:
1. Farmacêutica de opioides repete no Brasil tática que matou milhares nos EUA publicado em 19/07/2024
2. O que é transtorno mental? por Mario Eduardo Costa Pereira publicado em 1/12/2016
3. Herói moderno é viciado em trabalho, mas sociedade aceita menos outros vícios por Anna Lembke publicado em 22/09/24