A questão da identidade de gênero parece ser a pauta mais importante para o “cristianismo” progressista. Enquanto conservadores e progressistas “cristãos” discutem sobre o que é certo e errado no que diz respeito à sexualidade humana, a questão central por vezes é negligenciada: quem tem a palavra final sobre o assunto? O sentimento do ser humano? A conclusão científica dos homens ou as Sagradas Escrituras?
Tenhamos sempre em mente que foi quando Eva confiou na evidência empírica, na experiência pessoal e no raciocínio aparentemente lógico da cobra, ao invés de se manter ao lado da Palavra de Deus, que “as comportas da desgraça foram derramadas sobre o mundo”1.
E antes que alguém queira responsabilizar os progressistas por esse ataque camuflado à autoridade da Bíblia, é importante lembrarmos que mesmo entre os pais da Reforma protestante havia, como existe até hoje, a defesa pela existência de um “cânon dentro de um cânon”. Mas esta maneira de lidar com o texto sagrado não parece ser o modelo usado por Jesus, que no caminho para Emaús falava da Bíblia “começando por Moisés e todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que lhe dizia respeito” (Lucas 24:27, ESV)”. O verdadeiro cristão não está comprometido apenas com a “Sola Scriptura” (Somente a Escritura), mas ele também defende a “Tota Scriptura” (Toda a Escritura).
Deste modo, abrir mão destes princípios hermenêuticos para se adequar a uma preferência (na maioria dos casos) sexual, é colocar em risco não apenas a correta compreensão da sexualidade humana, mas também todos os demais ensinos defendidos com base nas Escrituras.
“As atividades proscritas em Levítico 18 e 20 são retratadas como ‘abominações’ porque a prática homossexual viola a ordem divina de gênero estabelecida em Gênesis 1:27 e Gênesis 2:24”2.
Acertadamente, o Dr. Richard ressalta que: “O que está em jogo no debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo é a integridade da instituição do casamento tal como Deus planejou”. Aqueles que buscam justificar a prática homossexual por meio de algum respaldo bíblico também devem se colocar a favor dos heterossexuais que cedem aos seus desejos de luxúria, já que para tais defensores a autoridade bíblica pode ser compartilhada com os sentimentos do ser humano.
Para nós defensores da Bíblia como a única regra de fé e prática, é um ensino claro nas Escrituras que abrigar pensamentos lascivos, e muito menos realizar nossas fantasias lascivas em atividades sexuais ilícitas, sejam elas heterossexuais ou homossexuais, é pecado”3.
Um outro ponto que por vezes é também deixado de lado diz respeito à postura de alguns em dar uma visibilidade tão grande à condição do homossexual, de modo que ignora completamente o combate à luxúria heterossexual, deixando, por vezes, a entender que haja algum consentimento divino para esta outra condição. Tal compreensão não encontra fundamento na Bíblia, e aqui cabe salientar que: “a diferença entre a homossexualidade como orientação (propensão, inclinação, condição, disposição) e a prática homossexual. O Antigo Testamento condena a prática homossexual e o acolhimento de pensamentos e tentações lascivas homossexuais. A homossexualidade como condição é claramente uma desordem sexual, uma distorção do ideal edênico, mas não encontro nas Escrituras nenhuma culpa pela orientação homossexual em si, assim como não há condenação de tendências caídas naturais e tentações à luxúria heterossexual, se estas não forem abrigadas ou agidas”4.
Levando em consideração o que já foi escrito até aqui, fica claro que o tema da sexualidade não diz respeito apenas a ela, estando intimamente ligado com as seguintes crenças defendidas pelos adventistas do sétimo dia:
- A Bíblia (crença fundamental de nº 1)
- A Criação (crença fundamental de nº 6)
- A natureza do ser humano (crença fundamental de nº 7)
- O Grande Conflito (crença fundamental de nº 8)
- O Remanescente e Sua Missão (crença fundamental de nº 13)
- Matrimônio e família (crença fundamental de nº 23)
Em meio às discussões sobre identidade de gênero e sexualidade, é crucial para os cristãos avaliar quem detém a autoridade final em questões morais. Estou seguro que os verdadeiros cristãos seguirão cativos A Palavra de Deus, como revelada nas Sagradas Escrituras, fazendo dela sua bússola para compreender a sexualidade humana e outros ensinamentos fundamentais da fé. O desvio desses princípios para acomodar preferências individuais, sejam elas de natureza sexual ou de outra ordem, compromete não apenas a compreensão correta da sexualidade, mas também a integridade de todo o nosso sistema de crenças, conforme foi tentado apresentar.
Como cristãos, somos chamados não apenas a aderir à “Sola Scriptura” (Somente a Escritura), mas também à “Tota Scriptura” (Toda a Escritura), reconhecendo a autoridade das Escrituras em todas as áreas de nossa vida e fé. Não podemos fazer a mínima concessão que seja a esse respeito.
E por fim, “Até onde ainda precisamos ir para proporcionar uma família eclesial acolhedora e amorosa para aqueles homossexuais que escolheram, pela graça de Deus, seguir um estilo de vida celibatário. Devemos mostrar amor incondicional pelos homossexuais, ao mesmo tempo que ajudamos aqueles que têm um estilo de vida ativo a passar do quebrantamento para a cura e a castidade pelo poder de Deus”5.
Espero que esta publicação contribua para promover a compreensão, o diálogo e a busca por soluções, nesse tema que tem afetado a vida de tantas pessoas e famílias que buscam viver em conformidade da vontade de Deus.
Caso queira conversar um pouco mais sobre o tema, é só entrar em contato @ReynanMatos
Obs.: Segue o link da matéria que me fez ler e escrever um pouco mais sobre o assunto: Líderes da Igreja Adventista Abordam a Sexualidade Humana e as Crenças Bíblicas
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No mais, sigamos vivendo tão somente para honra e glória de Deus,
Que o amor por Cristo seja nossa motivação!
Referências
1. Richard Davidson. Homosexuality and the Bible: What is at stake in the current debate. Magazine Dialogue 24:2 (2012): 5-11, 15.
2. Donald J. Wold, Out of Order: Homosexuality in the Bible and the Ancient Near East (Grand Rapids: Baker, 1998), p. 130. See Robert A.J. Gagnon, The Bible and Homosexual Practice: Texts and Hermeneutics (Nashville, Tennessee: Abingdon, 2001), p. 136: “All the laws in Lev. 18:6-23; 20:2-21 legislate against forms of sexual behavior that disrupt the created order set into motion by the God of Israel.
3. See Robert B. Lawton, “Genesis 2:24: Trite or Tragic?” Journal of Biblica Literature 105 (1986): pp. 97-98, for evidence that this is not just an etiological insertion to explain the common legal custom. The verse expresses “a description of divine intention rather than of habitually observed fact” (p. 98). See also Deborah F. Sawyer, God, Gender and the Bible (London: Routledge, 2002), p. 24: “The first couple provide the blueprint for normative citizenship in the theocracy proposed in the Bible’s first story.”
4. Richard Davidson. Homosexuality and the Bible: What is at stake in the current debate. Magazine Dialogue 24:2 (2012): 5-11, 15. See especially Job 31:1; Proverbs 6:25; Ezekiel 23:11; Matthew 5:28; Romans 1:27; 13:13; 1 Corinthians 10:6; Galatians 5:16; 1 Thessalonians 4:5; 1 Peter 1:4; 2:10; and 1 John 2:16-17.
5. Idem.