Ellen White: Profecias não cumpridas ou declarações descontextualizadas?
Ellen White: Profecias não cumpridas ou declarações descontextualizadas?

Ellen White: Profecias não cumpridas ou declarações descontextualizadas?

Os questionamentos e respostas que se seguem é uma seleção de 6 das 14 que o Pr. Fernando Dias publicou originalmente no site da Revista Adventista com o título: “Ellen White fez profecias que não se cumpriram?” dando resposta as alegações de que haviam sido profecias não cumpridas.

Destaco aqui, aqueles que julgo ser de maior relevância a compreensão do que realmente a profetiza pretendia comunicar:

4. Questionamento. Ellen G. White profetizou que alguns que estavam vivos em 1856 estariam vivos por ocasião do retorno de Cristo. (Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 131, 132). Ela se referia a pessoas que estavam presentes em uma reunião da Igreja Adventista e, por já haverem morrido todos, essa profecia também não se cumpriu.

Resposta. A seguir, está a seguinte declaração feita por ela em 1856:

“Foi-me mostrado o grupo presente à assembleia. Disse o anjo: ‘Alguns servirão de alimento para os vermes, alguns estarão sujeitos às setes últimas pragas, outros estarão vivos e permanecerão sobre a Terra para serem transladados na vinda de Jesus’”.

Todo aquele que crê que Cristo virá em breve à Terra costuma falar dessa ocasião como sendo para seus dias. O apóstolo Paulo acreditava que estaria vivo quando Jesus Cristo aparecesse nas nuvens do céu (1Ts 4:15). No entanto, o fato de Paulo ter morrido antes do regresso do Senhor não faz dele um falso profeta. Ele apenas foi um cristão esperançoso e confiante que acreditou que o segundo advento de Cristo aconteceria em seus dias, como todo cristão deve acreditar. Ellen White frequentemente descreveu a vinda de Cristo como estando para acontecer em seus dias, seguindo o exemplo dos autores bíblicos.

Ela explicou sua declaração de 1856 em uma nota escrita em 1883, que foi citada por Francis M. Wilcox em O Testemunho de Jesus (CPB), p. 108: “Os anjos de Deus apresentam o tempo como sendo muito breve. Assim me tem sempre sido apresentado. Verdade é que o tempo se tem prolongado além do que esperávamos nos primitivos dias desta mensagem. Nosso Salvador não apareceu tão breve como esperávamos. Falhou, porém, a Palavra de Deus? Absolutamente! Cumpre lembrar que as promessas e as ameaças de Deus são igualmente condicionais”.

“Não era a vontade de Deus que a vinda de Cristo houvesse sido assim retardada. Não era desígnio Seu que Seu povo, Israel, vagueasse quarenta anos no deserto. Ele havia prometido conduzi-los diretamente à terra de Canaã, e estabelecê-los ali como um povo santo, sadio e feliz. Aqueles, porém, a quem foi primeiro pregado, não entraram “por causa da incredulidade”. Seu coração estava cheio de murmuração, rebelião e ódio, e o Senhor não podia cumprir Seu concerto com eles”.

“Por quarenta anos a incredulidade, a murmuração e a rebelião excluíram o antigo Israel da terra de Canaã. Os mesmos pecados têm retardado a entrada do Israel moderno na Canaã celestial. Em nenhum dos casos houve falta da parte das promessas de Deus. É a incredulidade, a mundanidade, a falta de consagração e a contenda entre o professo povo de Deus que nos têm detido neste mundo de pecado e dor por tantos anos” (Ms 4, 1883, citado em Evangelismo, p. 695, 696).

5. Questionamento. Em 1850, Ellen G. White afirmou que Cristo retornaria em poucos meses (Primeiros Escritos, p. 58, 64, 67).

Resposta. Vejamos o que Ellen G. White realmente escreveu:

“Alguns estão supondo a vinda do Senhor num futuro muito distante. O tempo tem continuado alguns anos mais do que eles esperavam, e assim pensam que continuará mais alguns anos, e dessa maneira suas mentes são desviadas da verdade presente para irem após o mundo. Nisso vi grande perigo, pois se a mente está cheia de outras coisas, a verdade presente é deixada fora, e não há lugar em nossa fronte para o selo do Deus vivo. Vi que o tempo para Jesus permanecer no lugar santíssimo estava quase terminado e esse tempo podia durar apenas um pouquinho mais; que o tempo disponível que temos deve ser gasto em examinar a Bíblia, que nos julgará no último dia” (Primeiros Escritos, p. 58).

“Numa visão dada em 27 de junho de 1850, meu anjo acompanhante disse: ‘O tempo está quase terminado. Vocês estão refletindo, como deveriam, a amorável imagem de Jesus?’ Foi-me indicada então a Terra e vi que tinha que haver uma preparação da parte daqueles que, nos últimos tempos, abraçaram a terceira mensagem angélica. Disse o anjo: ‘Preparem-se, preparem-se, preparem-se! Vocês terão que experimentar uma morte para o mundo, maior do que jamais experimentaram antes.’ Vi que havia grande obra a ser feita por eles e pouco tempo para fazê-la. Vi então que as sete últimas pragas deviam ser logo derramadas sobre os que não têm abrigo” (Idem, p. 64).

“Ao ver o que precisamos ser para herdar a glória, e quanto Jesus havia sofrido para alcançar para nós tão rica herança, orei para que fôssemos batizados nos sofrimentos de Cristo, a fim de não recuarmos nas provas, mas sofrê-las com paciência e alegria, sabendo o que Jesus havia sofrido, para que por Sua pobreza e sofrimento fôssemos enriquecidos. Disse o anjo: ‘Neguem a si mesmos. Vocês precisam caminhar depressa.’ Alguns de nós têm tido tempo de ter a verdade e progredir passo a passo, e cada passo dado tem-nos propiciado força para o seguinte. Mas agora o tempo está quase findo, e o que durante anos temos estado aprendendo, eles terão que aprender em poucos meses. Terão também muito que desaprender e muito que tornar a aprender” (Idem, p. 67).

Ellen G. White, assim como o apóstolo Pedro (At 2:17), sempre acreditou que estava vivendo os últimos dias antes do retorno de Jesus. Ela escreveu muito sobre a necessidade de pressa em se preparar para esse dia. Nas citações, ela apenas mencionou que o último período de provação será breve, e que pessoas que negligenciam seu preparo espiritual hoje terão apenas “poucos meses” para aprender o que cristãos mais dedicados demoraram anos para desenvolver na vida.

8. Questionamento. Ellen G. White profetizou que a escravidão seria restabelecida nos estados do sul dos Estados Unidos (Spalding Magan Collection, p. 21; e Manuscript Releases, v. 2, nº 153, p. 300). A escravidão não voltou a ser legalizada no sul dos Estados Unidos.

Resposta. A afirmação está num manuscrito datado de 1895, com respostas de Ellen G. White a perguntas sobre o trabalho com populações negras no sul dos Estados Unidos e as dificuldades enfrentadas pelos adventistas nessa região com leis locais que restringiam o trabalho aos domingos. Ao ser perguntada se os adventistas desses estados deveriam trabalhar aos domingos, Ellen G. White respondeu: “A escravidão novamente será revivida nos estados sulistas, pois o espírito da escravidão ainda vive.” O comentário não afirma que os escravos libertos retornariam à sua condição de cativeiro, mas que o “espírito” de dominar sobre outras pessoas ainda estava vivo nos antigos senhores de escravos (veja: “Slavery, Will It Be Revived?”). Prova disso é que, na segunda metade do século 20, décadas depois de as palavras de Ellen White terem sido escritas, a segregação racista dos descendentes dos antigos escravos estava legalizada em vários estados do sul dos Estados Unidos, uma nódoa que revivia a escravidão abolida em 1863.

10. Questionamento. Ellen G. White predisse que os senhores dos escravos dos seus dias experimentariam as sete últimas pragas descritas no livro do Apocalipse (Primeiros Escritos, p. 276). Todos os senhores dos escravos de seu tempo já estão mortos.

Resposta. O texto apenas declara: “Vi que o senhor de escravos terá que responder pela salvação de seus escravos a quem ele tem conservado em ignorância; e os pecados dos escravos serão visitados sobre o senhor” (Primeiros Escritos, p. 276). A frase apenas descreve que os senhores de escravos terão que prestar contas a Cristo por ocasião de Sua vinda, assim como cada pecador terá que fazê-lo.

11. Questionamento. Ellen G. White profetizou que estaria viva quando Jesus regressasse (Primeiros Escritos, p. 15-16).

Resposta. No trecho mencionado em Primeiros Escritos (p. 14-16), Ellen White descreve uma visão que teve sobre a vinda de Cristo. Não menciona que estaria viva por ocasião do segundo advento de Jesus. Daniel, Paulo e João também descreveram visões do regresso de Cristo nas nuvens do céu sem que isso significasse que viveriam para presenciar o que Deus lhes revelava em visão.

13. Questionamento. Ellen G. White afirmou que a “a enfermidade” do irmão Carl Carlstedt “não era para morte, mas para a glória de Deus” (Carl Carlstedt estava gravemente enfermo de febre tifoide e parecia que não viveria muito tempo mais). Ele morreu dois dias depois. (Charles Lee, Three Important Questions for Seventh-Day Adventists to Consider, 1876).

Charles Lee, um ex-pastor adventista, relata em seu livro que ele foi junto com Tiago e Ellen White, Urias Smith e outro homem visitar Carl Carlstedt, o editor da Revista Adventista em sueco, que estava doente com febre tifoide. Lee relata ter ouvido ela orando ao Senhor, “ali presente com Seu poder restaurador, para erguer Carlstedt, cuja doença não era para a morte, mas para a glória de Deus”. Lee também disse que, ao sair da casa, Ellen revelou que acreditava que Carlstedt teria a saúde restaurada novamente. Lee viajou para Chicago, e no dia seguinte recebeu uma correspondência informando que Carlstedt havia morrido.

Infelizmente, só existe registrada a versão de Lee sobre o incidente e a oração que Ellen G. White teria feito por ele. Nem Ellen, seu esposo Tiago, Urias Smith ou a outra pessoa presente escreveram sobre o episódio. Como as outras testemunhas da visita a Carlstedt não registraram o que Ellen G. White falou, não podemos ter certeza de que Lee tenha sido preciso ao relatar o que a senhora White disse em sua oração. Mas, mesmo que Ellen G. White tenha realmente dito o que Charles Lee afirmou que ela falou, precisamos entender que um profeta não é inspirado por Deus em tudo o que diz. Por exemplo, o profeta Natã, na Bíblia, deu uma orientação errada a Davi e teve que se retificar (2Sm 7:1-17); um velho profeta de Betel desencaminhou um profeta de Judá, levando-o a desobedecer a Deus, e depois foi usado por Ele para repreendê-lo e condená-lo (1Rs 13 11-32); Elias, em um momento nada inspirado por Deus, desejou a morte (1Rs 19:4); o apóstolo Pedro agiu contrariamente aos seus próprios ensinos, e foi repreendido por Paulo (Gl 2:11-14). Naturalmente, nem tudo o que Ellen G. White falava ao conversar corriqueiramente era inspirado por Deus, e pode ser que ela realmente acreditasse na recuperação de Carlstedt, sem ter recebido nenhuma mensagem de Deus sobre o que aconteceria com ele.

Conclusão – A alegação de Ellen G. White, de ter sido inspirada por Deus, é muito séria, e é esperado que pessoas que não queiram aceitar a mensagem que ela ensinou questionem a autenticidade de seu dom profético. No entanto, a leitura cuidadosa de cada uma de suas declarações e o conhecimento de como a inspiração divina atuava nos profetas bíblicos dissipam as dúvidas sobre a validade de seu chamado profético.

Caso queira conversar um pouco mais sobre o tema, é só entrar em contato @ReynanMatos

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