Acertadamente quanto ao tempo e conteúdo, a Igreja Adventista do Sétimo Dia em parceria com a CPB realizaram está publicação tão elucidativa para dias de tanta polarização, desinformação e descontextualização de fatos, inclusive no cenário político.
Falando sobre a postura denominacional dos Adventistas do Sétimo Dia, ao que tenho conhecimento, a igreja sempre buscou ser coerente com sua postura apartidária. No periódico brasileiro (RA) por exemplo, em anos eleitorais ou nas vésperas se pretendia através do mesmo relembrar a posicionamento oficial da denominação como você pode conferir na tabela abaixo:
Título da matéria | Período | Página |
Política | Set/2000 | 11 |
Ano de eleições | Nov/2000 | 38 |
Os adventistas e a política | Mai/2006 | 12-15 |
Cidadãos de dois reinos | Set/2014 | 2 |
Cidadania dupla | Set/2014 | 8-11 |
Os adventistas e a política | Set/2014 | 12-13 |
Nem para a esquerda nem para a direita | Set/2017 | 20-21 |
Os adventistas e a política | Set/2018 | 46 |
A hora do voto | Nov/2020 | 50 |
E caso você queira saber mais sobre o pensamento adventista ao que diz respeito a política, é indispensável a leitura do livro “Declarações da Igreja” uma obra também publicada pela CPB, esse livro em especial é formado por varias declarações e orientações da igreja votadas e aprovadas desde 1980, sobre: Aborto, assédio sexual, homossexualismo, porte de armas, Liberdade religiosa, mudanças climáticas, racismo, entre outros temas, e atuais embora escrito a quase 50 anos atrás.
Caso você queira adquirir uma ou as duas obras é só clicar no título que você deseja: 1. Política: o que você precisa saber 2. Declarações da Igreja
Agora vamos as declarações que me estimularam a uma reflexão… E neste caso em especial, faço uso das palavras do autor as minhas
Lamento qualquer viés que desagrade o leitor, mas o evangelho não permite neutralidade, embora nunca exclua a amabilidade. (p. 13)
Introdução
“No culto em memória de Weidner, em 1994, uma dramatização criada por Milton Geiger incluiu uma fala poética para o herói expressando a filosofia dela: ‘Se creio em Deus, também devo acreditar na humanidade, pois, ao criá-la, Deus acreditou nela. Nem a crueldade nem a insanidade podem destruir nossa crença no ser humano, que reflete a crença que o Criador deposita nele”. (p. 5) Esse pensamento é muito importante pq nos adverte da importância de evitarmos a generalizações tão corriqueiras e preconceituosas do senso comum, como por exemplo de que todo padre é pedófilo ou que todo candidato é corrupto.
“[…] a igreja não deve assumir a autoridade e as dignidades do Estado, mas o Estado também não deve usurpar o papel e a missão da igreja”. (p. 6) Essa compreensão está intimamente relacionada com a escatologia adventista.
Atenção: “[…] quando a política encarna o mal, ela impõe sua voz e silencia todas as demais”. (p. 6)
“Guerras podem mudar a ordem mundial”. (p. 7) E não tem que necessariamente ser uma guerra bélica, ela também pode ser cultural.
“Numa época de ebulição e polarização como a nossa, a reflexão se torna essencial“. (p. 8)
Premissas e limites
“A fidelidade ao poder celestial supera a lealdade aos poderes terrestres”. (p. 8)
Polarizar ou pacificar? “[…] muitas são as situações que demandam decisões sábias e posicionamentos corretos”. (p. 9) Por isso, “[…] o cristão deve interpretar a política com a consciência de que ela pode vir embrulhada em uma ideologia, ou quem sabe trazer uma ideologia oculta em seu âmago [e que é contraria aos ensinos da Palavra de Deus]”. (p. 10)
“Ideologias políticas são idólatras por natureza, pois prometem soluções humanas para questões que só têm respostas em Deus“. (p. 10)
Para David Koyzis: “O liberalismo idolatra o indivíduo; o socialismo, a classe econômica; o nacionalismo, o Estado-nação ou a comunidade étnica”. (p. 11)
“Liberdade. Não importa a matriz ou o matiz, a política promete liberdade, mas não a entrega. Nem mesmo a democracia, vendida como a guardiã da liberdade, tem condições de garanti-la. Sem justiça para todos, sem a verdade real, sem o caminho correto, a vida perde o significado e é esvaziada. Somente um Príncipe pode nos libertar (Jo 8.36), mas Ele não é político. Para o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ‘a liberdade indiviudal só pode ser produto do trabalho coletivo (só pode ser assegurada e garantida coletivamente)’. PAra o cristão, a liberdade última não é obra coletiva de origem humana, mas obra individual de origem divina. Parafraseando um dos grandes pensadores bíblicos (1 Co 15.21), assim como a perda da liberdade passou de um homem para todos, a reconquista da liberdade de todos vem por um Homem. Isso não invalida a necessidade de vigilância e da construção coletiva da liberdade”. (p. 11)
Mas infelizmente “o espaço público é apenas um pretexto para dar legitimidade a interesses privados. […] Muitas vezes, a política é feita de conveniências. Amigos de hoje se tornam inimigos amanhã, inimigos de ontem se tornam amigos de hoje. Tudo depende dos interesses. Em muitos casos, política é a encarnação da ética situacional. Como disse um estadista brasileiro, ‘política é como nuvem: você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou. […] As alianças e decisões devem ser feitas com base no que é certo, não no que é vantajoso”. (p. 11,12)
Um político sem valores (V) vive em busca de valores ($). (p. 12)
“As alianças e decisões devem ser feitas com base no que é certo, não no que é vantajoso“. (p. 12)
Envolvimento e propósito
“Não seu qual é a sua experiência com a política nem quem são seus heróis políticos. Seja qual for sua resposta, todos temos alguma relação com a política, seja como políticos, parentes de políticos, observadores, eleitores, cidadãos, pagadores de impostos ou críticos das más gestões. Não dá para ser (in)diferente. Decisões políticas afetam a vida de milhões de pessoas todos os dias. Às vezes, a gente se relaciona com a política sem ter consciência dessa proximidade. Afinal, tudo o que fazemos na esfera pública tem uma conotação política”. (p. 12)
Como tudo que é realmente importante em nossa vida e nossa relação com a política deve ter uma certa relevância precisamos: “refletir sobre o assunto, discernir padrões, avaliar ideologias, perceber implicações, votar consciente”. (p. 13)
Eis uma declaração para a vida: “Lamento qualquer viés que desagrade o leitor, mas o evangelho não permite neutralidade, embora nunca exclua a amabilidade”.
“Sistemas políticos. Democracia. Exercício do poder. Voto consciente. Política e religião. Igreja e Estado. Liberdade religiosa. Polarização. Imperialismo. Filosofia da história. Essas são algumas questões que o livro discute. Espero que ele represente bem o pensamento de um povo pacífico que tem muito a contribuir na esfera pública. E que fale ao coração daqueles que buscam se tornar melhores cidadãos na Terra e verdadeiros cidadãos do Céu!”. (p. 13)
Capítulo 1 | A invenção da política
Curiosidade: “Se a humanidade levou milhares de anos para chegar ao primeiro bilhão de habitantes, em 1804, atualmente a média para atingir um novo bilhão é de 12 anos”. (p. 15) E ainda tem gente bem preocupada pq as pessoas estão se casando tarde, e os que estão casados tem optados por ter poucos filhos. Contudo isso é reflexão para outro momento… 😅
“Se o mundo organizado já é tremendamente injusto e violento, com profundas desigualdades sociais, sem estrutura organizacional a situação seria muito pior”. (p. 15)
“O ser humano é ‘um animal político’ ou cívico por natureza, como disse Aristóteles (384-322 a.C.), e descobriu que viver em grupo é melhor do que viver sozinho. Por isso, a política é necessária”. (p. 15)
O conceito de política
“A definição mais simples e otimista leva em conta esses aspectos. Política é a ciência dos Estados, a arte de governar para o bem comum, a busca da felicidade da população. Definida por outro ângulo, política é um exercício coletivo do poder para gerenciar o presente e construir o futuro”. (p. 16)
“Política é a arte de gerenciar a tensão entre caos e a ordem, as necessidades e os recursos, o individual e o coletivo, o poder e a impotência, a segurança e a liberdade, o presente e o futuro”. (p. 16)
“Podemos ainda destacar outro aspecto mais cínico e pessimista. Aqui a definição iria nesta linha: política é a prática de usar os múltiplos recursos de um povo para garantir o estado das coisas, manter uma visão de poder e assegurar os interesses da classe dominante da sociedade. Mas não precisamos ser tão negativos. Muitos que fazem política também pensam no bem-estar da população e na riqueza da maioria”. (p. 16)
Curiosidade: “Na Grécia antiga, o contrário do ‘político’ era o ‘idiota’ (da raiz idio, privado, particular, próprio), o indivíduo que se isolava da vida pública e vivia ensimesmado. Obviamente, a palavra não tinha o mesmo sentido que tem hoje”. (p. 16)
Formas de Governo
O que deveríamos buscar coletivamente? alternância do poder, voz ao marginalizados, preservação a liberdade e respeito às minorias. (p. 19)
Eis uma observação para qualquer nível liderança e em qualquer segmento: Cuidado com inovações irresponsáveis. (p. 20)
“O fato de muitas nações se identificarem como Estados democráticos não significa que sema exemplos de democracia. […] A própria democracia pode ser distorcida e manipulada”. (p. 20)
Curiosidade: “O Democracy Index, criado em 2006 pela revista The Economist e que avalia o processo eleitoral e o pluralismo, o funcionamento do governo, a participação política, a cultura política e as liberdades civis, classifica os regimes em democracia plena (20 países), democracia imperfeita (54 países), regime híbrido (34 países) e regime autoritário (59 países). Em 2021, segundo o índice, mais de um terço da população mundial vivia em regimes autoritários, enquanto somente 6,4% desfrutava de um regime classificado como democracia plena [Lembrando que o número total é de 157 países listados como democratas]. A Noruega, com um total de 9,75 pontos em uma escala de 0 a 10, figurou na primeira posição, enquanto o Afeganistão, com 0,32, foi o último da lista”. (p. 20)
“De acordo com Levitsky e Ziblatt, os quatro principais indicadores de comportamento autoritário são: 1) rejeição das regras democráticas do jogo (ou compromisso débil com elas), 2) negação da legitimidade dos oponentes políticos, 3) tolerância ou encorajamento à violência e 4) propensão a restringir liberdades civis de oponentes, inclusive a mídia”. (p. 22)
“A construção da igualdade é um processo com avanços e retrocessos”. (p. 23)
Ideologias políticas
“Em um governo, é preciso ter pesos e contrapesos para manter a estabilidade”. (p. 24)
Para alguns “a finalidade do Estado era promover a justiça (Platão), o bem comum (Aristóteles) ou a felicidade das pessoas (Gottfried Wilhelm Leibniz), entre outras coisas”. (p. 25)
“A esquerda divide para crescer, a direita cresce para dividir”. (p. 26)
“Para o Nobel de Economia Friedrich A Hayek (1899-1992), a nacionalização dos meios de produção implica totalitarismo e perda de direitos políticos, econômico e humanos. […] O Estado centralizador deixa pouco espaço à autonomia de indivíduos e iniciativas privadas, muitas vezes impondo-se pela violência como forma de domínio”. (p. 28)
“É comum a crítica de que o socialismo não provê uma recompensa individual para a produção e, portanto, não incentiva o trabalho duro. Em 1848, o filósofo e economista britânico John Stuart Mill (1806-1873) observou que um erro do socialismo é ignorar a ‘indolência natural humanidade’ e sua tendência de permanecer passiva e escrava do hábito. E notou que ‘a competição pode não ser o melhor estímulo concebível, mas no momento é necessário”. Além disso, o socialismo apostou na ilusão de que poderia transformar o mundo e torná-lo um paraíso na Terra. O filósofo judeu alemão Moses Hess (1812-1875), precursor do sionismo e que apresentou o comunismo para Marx e seu braço direito Friedrich Engels (1820-1895), disse que a diferença entre os cristãos e os comunistas é que os últimos poderiam ter ‘o Céu na Terra’. A história mostrou o contrário. Muitos que fugiram de países comunistas consideraram o comunismo o inferno na Terra”. (p. 28)
“Para Max Weber (1864-1920), a origem da cultura capitalista está no espírito protestante, especialmente a ética puritana, marcada pela rotina de trabalho intenso, longe do ócio, e um estilo de vida ascético”. (p. 29)
“[…] a concentração de riquezas é escandalosa sob qualquer critério ético. […] Adler defende a criação urgente de uma economia para os 99%, ou seja, um modelo que não beneficie somente o 1% mais rico e que seja uma democracia e não uma plutocracia (governo dos ricos)”. (p. 30,31) Uma pergunta que me vem a mente é o quanto destes 99% também são realmente dispostos a viver em uma condição diferente daqui se encontram…
A visão religiosa
Obs.: Toda seção precisa ser transcrita 😅🧠🎖️
Capítulo 2 | A política na Bíblia
“Se a Bíblia é nossa regra de fé e prática, então ela precisa arbitrar também nosso pensamento político. Sua influência cultural na política de muitas nações é inegável”. (p. 36)
“precisamos com urgência de uma teologia sobre a política”. (p. 36)
“Em um livro a respeito da política na Bíblia, Richard Bauckham argumentou que, ao interpretá-la, temos que considerar a direção em que ela aponta e par aonde dinamicamente se move. Ou seja, o propósito de Deus transcende certas circunstâncias concretas, como a escravidão (Êx 21). Para exemplificar, ele menciona três coisas: 1) apesar da presença constante da guerra no Antigo Testamento e até mesmo de seu status como guerra santa, o propósito final de Deus é a paz; 2) apesar da precariedade da mulher em uma sociedade patriarcal, o alvo divino é a igualdade na mutualidade; 3) apesar de certas tendências ao nacionalismo estreito no Antigo Testamento, a visão de Deus em ambos os Testamentos tem um escopo internacional”. (p. 37)
Fiquemos atentos a este princípios hermenêutico: “[…] ouça as diversas vozes da Bíblia antes de tentar harmonizá-las”. (p. 37)
Sabedoria Política
“Deus não é político, mas Se interessa pela política, pois é o governador supremo do Universo”. (p. 37)
Apesar das adversidades e nas adversidades, o plano de Deus sempre é realizado. (p. 38)
“Felizmente, quando o trabalho, a fidelidade e a excelência são as marcas do caráter, em geral a verdade aparece, e o próprio Deus reivindica Seus servos”. (p. 38)
“O mundo foi abençoado pela política de José, que contou com a sabedoria divina. Ele não entrou para a política por escolha própria, nem procurou se beneficiar. Foi leal ao Céu, pensando sempre em Deus, no país e na sociedade”. (p. 39) Ele conseguiu fazer uma política de Estado sem ser um político, ao menos quando indicou o que fazer para o futuro.
“Deus Se interessa pelas pessoas, usando-as como Seus agentes políticos, e Se preocupa com o destino das nações, socorrendo-as em momentos de carências e crises extremas. José foi um herói político sem fazer política [no sentido usual da palavra em nossos dias]. Deus fez política sem ser político. O Egito precisava aprender a usar a política para beneficiar as pessoas, e não para oprimir”. (p. 39)
“A política certa melhora o presente e garante o futuro“. (p. 39)
Terra de opressão, Terra de liberdade – Esboço
Potências imperialistas como o antigo Egito precisam ser confrontadas por um poder superior”. (p. 40)
“Os hebreus talvez estivessem com um questionamento martelando na cabeça e reverberando no peito. Numa situação de opressão, sofrimento e desespero, será que Deus ainda Se lembrava de Seu povo? A promessa feita havia mais de 400 anos iria ser cumprida? O Deus dos patriarcas era poderoso o suficiente para enfrentar os deuses egípcios? O texto bíblico responde êxodo 2.23-25. De acordo com o relato, Deus vê nosso sofrimento e Se interessa pelas nossa situação concreta”. (p. 40)
“E quando Deus age, a história muda qualitativamente para melhor. Sensível às pessoas e atento às circunstâncias históricas, Deus esperou o momento certo para providenciar a libertação e mudar o curso da história. Deus estava em guerra contra o Egito. Porém, o propósito de Yahweh não era necessariamente derrubar o regime egípcio, e sim libertar Seu povo para ele pudesse adorá-Lo no monte (Êx 3.12)”. (p. 40-41)
“Essa intervenção épica indica que a liberdade é um valor bíblico inalienável. Em condições extremas, o próprio Deus interfere na política para garanti-la. Ele pode fazer isso diretamente, como no êxodo, ou indiretamente, por meio de outras potências. O êxodo é a evidência histórica mais forte de que os regimes escravizantes e totalitários devem ser contestados. Se as pessoas não fizerem isso, o próprio Deus fará. [E pode parecer desnecessário, mas na dúvida] Tiranos não merecem o voto do povo de Deus”. (p. 41)
“Deus colocou o povo em uma terra fértil (Êx 3.8), o que valoriza a dimensão material. Mas, acima de um monumental deslocamento geográfico, o êxodo foi um movimento espiritual na direção do próprio Deus. ‘Vocês viram o que diz aos egípcios e como levei vocês sobre asas de água e os trouxe para perto de Mim’, Deus disse para Moisés relembrar o povo, durante a teofania do monte Sinai (Êx 19.4). A intervenção divina na política nunca fica no nível político, pois Deus está acima da política“. (p. 41)
Entre os muitos regimes de governos existente qual é a preferencia de Deus? Êx 19.6 ou seja, um regime Teocrático, sem estruturas opressoras. (p. 41)
Governo enxuto e leal
“Quando o povo desejasse um rei, imitando as outras nações, deveria seguir critérios específicos: o rei devia ser escolhido por Deus e ser Seu representante, tinha que ser israelita, não devia multiplicar força bélica (cavalos), não devia tomar muitas mulheres como esposas (uma prática comum nas monarquias do Oriente), não devia acumular riquezas, não devia se considerar superior aos súditos, devia ter uma constituição diante de si (livro da lei) e devia seguir o mandamento (Dt 17.14-20). Assim , o reino teria estabilidade e longevidade”. (p. 42)
“O rei devia exercer o poder de forma legítima, sem excessos. Nem o mais alto líder da nação estava acima da lei. Na visão divina, o governante não existe para ser servido, mas para servir. Não é a vontade divina que os políticos ajuntem grande riquezas, enquanto o povo passa forme”. (p. 42)
“O salário oficial é aceitável […] o problema são os exageros, sem falar nos desvios de verbas”. (p. 43)
“De qualquer modo, a monarquia era uma permissão divina, não uma ordem. O ideal para quele momento era uma teocracia orientada pelo próprio Deus. Afinal, nenhum rei tem mais sabedoria, poder e noção de justiça do que o Criador”. (p. 43)
“As orientações em Dt [27-31] sobre a nação israelita e a monarquia que Deus tem certa flexibilidade a respeito do regime político, ainda que prefira Sua própria administração. A questão maior não é o nome do regime, mas sua justiça, seus valores, seu respeito pela autoridade suprema, sua capacidade de promover o bem-estar do povo. Deus não pensa só nas autoridades, mas na população”.
Liderança problemática – Esboço
“Nas entrelinhas de Juízes, vemos uma crítica à anarquia política”. (p. 43)
Para considerar: “Surgindo por volta de 1095 a.C., legitimada por Deus, apesar de não ser Seu regime preferido, a monarquia unida teve somente três reis”. (p. 44)
Curiosidade: Dos 19 reis e uma rainha [Atalia, 2Rs11,1-3.13-16] de Judá, oito foram bons e 12 foram maus, enquanto todos os 19 reis de Israel fizeram o que era mau. Por isso, Israel caiu em 722 a.C. diante dos assírios, ao passo que Judá foi para o exílio em Babilônia em 586 a.C. A avaliação de um rei, além de aspectos sociais, se baseava na fidelidade a Deus.
Embora Deus respeite as escolhas políticas humanas, Ele tem preferências e indica valores que devem ser seguidos pelo político e o gestor público. (p. 45)
Conforme vemos em: Isaías 11.4; Jeremias 22.3; Ezequiel 45.9; Amós 2.6,7; Miqueias 6.7,8
Participação pública
“Daniel não se revoltou nem conspirou contra os dominadores mas procurou testemunhar a respeito do seu Deus. […] Sempre leal, o jovem exilado usou seus dons para abençoar o povo e influenciar positivamente o império”. (p. 46)
“Apesar do espírito cordial, Daniel e seus amigos não se rederam aos deuses e costumes dos babilônios. Não renunciaram aos princípios em nome do politicamente correto. Desde o início, quando as autoridades babilônias mudaram o nome deles, tentando apagar sua identidade, Daniel e seus amigos se determinaram a manter a lealdade a Yahweh. No conflito de cosmovisões evidenciado no espaço público, eles reafirmaram sua posição. Sua identidade era baseada em Deus, não na cultura”. (p. 46)
“No episódio da oração (Dn 6), Daniel teve que optar entre o Estado e Deus, o que o levou à cova dos leões, mas prosseguiu em sua rotina de oração, deixando explícita sua posição. Os amigos de Daniel também mostraram a mesma firmeza. Entre adorar o rei/Estado, simbolizados pela estátua gigantesca (Dn 3), ou Yahweh, eles reafirmaram sua adoração ao Deus vivo”. (p. 46)
“Ao mostrar firmeza e orar, a rainha permitiu a intervenção divina, o que desencadeou um sucessão de rápidas mudanças. Ela também entrou na presença do rei sem ser convidada, configurando uma pequena desobediência civil. A coragem política de Ester estabeleceu um contraponto a uma lei ‘imutável’. E, com uma nova legislação, o povo sentenciado à morte foi livrado. Aliada à oração, a ação política pode mudar sentenças de morte em decretos de vida”. (p. 47)
“Mordecai mostrou lealdade ao rei ao denunciar um complô para assassinar o monarca, mas decidiu não se inclinar diante de Hamã, um alto oficial do palácio, o que representou uma desobediência civil”. (p. 47)
“Ester e Mordecai não procuraram a política, mas não fugiram dela quando as circunstâncias jogaram os dois no fogo cruzado das intrigas palacianas. Deus recompensou sua fidelidade com status e posições que não teriam conseguido por si mesmos”. (p. 47)
“A participação política do povo de Deus nem sempre ocorre pelos caminhos tradicionais. José foi administrador. Daniel foi primeiro ministro. Ester foi rainha. […] Haveria outras maneiras de agir?“. (p. 47)
“Com o apoio da corte e protegido por uma escolta militar, Neemias inspirou a confiança e o patriotismo do povo. O resultado foi um passo importante na normalização da vida na cidade. Ao saber que os mais pobres estava sendo explirados pelos mais ricos, ele ficou ‘muito irritado’ (Ne 5.6), convocou uma assembleia e repreendeu os nobres e magistrados com estas palavras: ‘Vocês são exploradores’ (Ne 5.6,7). Por 12 anos, ele e seus companheiros não comeram o pão que lhe cabia como governador (v. 14). No fim, o projeto de reconstrução física, política e espiritual deu resultados. ‘Lembra-Te de mim para meu bem, ó meu Deus, e de tudo o que fiz por este povo’, pronunciou Neemias (v. 19). Ele foi um governador efetivo”. (p. 48)
O que esses exemplos nos ensinam?
Participando da política por voto, na condição de parlamentar, como funcionário público ou na função de ministro de Estado, o cristão precisa ser incorruptível e íntegro como José, sábio e leal como Daniel, perspicaz e independente como Mordecai, ousado e corajoso como a rainha Ester, instruído e dedicado como Esdras, prudente e determinado como Neemias. Deus honrará esse tipo de político. (p. 48)
Esferas de poder
“Embora a crítica inicial de João fosse ética, ela ganhou uma dimensão política. João Batista foi o primeiro a anunciar o reino de Cristo e foi também o primeiro a sofrer. Comentou Ellen White. Jesus não interferiu na política para livrar João da prisão e da morte. Que tipo de Messias era Jesus? ele era realmente o Libertador? Os questionamentos dominaram a mente de João. Mesmo ele não entendia totalmente a natureza do reino que estava anunciando. Após a partida dos mensageiros de João, que perguntaram se Ele era o Messias, Jesus elogiou João como um grande personagem e profeta (Mt 11.9-11). João não pôde testemunhar nem mesmo os grandes milagres de Cristo”. (p. 49)
“Às vezes o mesmo com os cristãos. Eles veem as coisas erradas, questionam, lamentam e advertem, mas não conspiram contra governos, ainda que sejam do nível do regime de Herodes. Assim como João participou dos sofrimentos de Cristo, o cristão também é chamado a fazê-lo. O cristão põe sua confiança no reino de Deus, não no reino terreno“. (p. 49)
Temos razões para olhar além da política e ver uma realidade mais ampla. (p. 50) É exatamente o que tenho tentado fazer as pessoas entender, e é por isso que estou compartilhando todo este conteúdo aqui…
“Jesus não Se envolveu com a política da época, mas teve que se posicionar em alguns momentos. Porém, evitou debates vazios. No episódio em que perguntaram se Ele não pagava o imposto do templo (Mt 17.24-27), preferiu pagar as duas dracmas, mesmo estando isento. Afinal, os levitas, sacerdotes e profetas eram isentos da taxa anual do templo, e Jesus era maior do que eles. Além disso, Jesus argumentou, os filhos do rei ficam livres do imposto real. Assim, para não deixar dúvida sobre Seu status, Ele usou a lógica e mostrou que não precisaria pagar. Mas, para não ser acusado de deslealdade ao templo, providenciou o valor do imposto por meio de um milagre. Isso validou ao mesmo tempo Sua divindade e Sua cidadania”. (p. 50)
“Quando perguntaram se era lícito pagar tributo ao imperador, esperavam incriminá-Lo com qualquer uma das duas respostas possíveis. No caso de sim, Ele estaria contra Seu país; no caso de não, poderia ser acusado de rebelião. Mas, com sua sabedoria sobrenatural, Ele leu o coração deles e pediu uma moeda. (Lc 20.24,25)”. (p. 50)
“Assim, Jesus ensinou dupla responsabilidade: o apoio ao poder terrestre que todo bom cidadão deve dar e a lealdade suprema que Deus merece. Dentro desses parâmetros, não há incompatibilidade entre a esfera civil e a religiosa. Esse entendimento serve de fundamento para a separação entre Igreja e Estado. Se não estamos numa teocracia, o Estado deve ser laico“. (p. 50)
“Em vários momentos, o pensamento de Jesus contrariou a expectativa dos judeus, que esperavam um Messias político”. (p. 51)
“O humilde manso Jesus era da paz, uma paz soberana que erradicará o reino da guerra”. (p. 51)
“O governo sob o qual Jesus viveu era corrupto e opressivo; havia abusos por todo lado – extorsões, intolerância e crueldade. […] Apesar disso, o Salvador não tentou fazer uma reforma civil. Motivo? O reino de Deus é implantado na humanidade pelo Espírito Santo, não por meios humanos e violentos. É a verdade espiritual que transforma a vida”. (p. 51)
“A atitude pacifista de Jesus não significava cegueira às injustiça sociais nem indiferença aos absurdos e crimes, tampouco medo de causar polêmica. O Salvador não insensível ao sofrimento nem à discriminação. O retrato de um Jesus passivo é irreal, uma ilusão. […] Jesus não queria somente mudar vidas no nível individual, mas as estruturas econômicas, sociais e políticas. Com Sua autoridade profética divina, consciência política em nível incomum, Ele tinha o propósito de regenerar pessoas e instaurar uma nova ‘política’ a partir do coração”. (p. 51-52)
“Mesmo sendo ‘revolucionário’ no que fez, o fato é que Jesus não usou a agressão para promover o reino de Deus. Seu objetivo era uma transformação pacífica. Para Ele, paz é algo real, não uma abstração. A estratégia da não violência era mais do que um ideal utópico. Ele foi alvo de violência, mas não a praticou. O Cristo vitorioso conquistou Seu feito pelo sofrimento, não pela espada. Além de morrer para substituir a humanidade, aceitou a cruz para velar o amor de Deus. Optar conscientemente pela paz pode ser uma resposta política“. (p. 52)
“Os discípulos não deveriam usar a espada, mas a espada seria usada contra eles”. (p. 52)
“Jesus assumiu uma atitude diferente do modo de agir dos galileus e judeus em geral. Ele não Se filiou a nenhuma das facções do Seu tempo, mas aderiu aos princípios do Céu. Acima de tudo estava o Reino de Deus”. (p. 52)
A resistência não violenta ao mal é um pressuposto da vida de Jesus, que tinha compromisso com a paz e a não retaliação. Apesar de Sua abordagem pacifista, a visão profética de Jesus estabelecia uma prioridade: primeiro o reino de Deus, depois a política terrena. (p. 52-53)
Lembre-se: Não podemos servir a dois senhores (Mt 6.24; Lc 16.13)
O poder por trás da política
“Não somos cidadãos da Terra aguardando pela cidadania do Céu, mas cidadãos do Céu ainda vivendo na Terra por um propósito“. (p. 54)
Cidadão de dois mundos
“Como vimos, há espaço para o envolvimento saudável do cristão na esfera pública e eventualmente na estrutura política. Ele deve ser um bom cidadão e cultivar a cidadania. Porém, precisa olhar para uma realidade acima da política, pois seu grande compromisso é com o reino de Deus. A cidadania celestial existe simultaneamente com a cidadania terrena”. (p. 55)
“[…] mesmo buscando exemplos e princípios na Bíblia, o assunto não é tão simples”. (p. 57)
“O cristão, sabedor de que na política existem desafios e oportunidades, deve ter consciência de que vivemos em meio a um conflito cósmico que permeia cada aspecto da cultura e da política. Assim, o mal deve ser combatido, mas a política pode ser afirmada, enobrecida e elevada pela graça de Deus, que atua no testemunho e no serviço do cristão”. (p. 57)
“Para concluir, podemos listar alguns princípios com base nos relatos políticos da Bíblia: 1) o envolvimento na política pode ser inevitável para os cristãos; 2) Deus pode usar os fiéis para cumprir Seus propósitos na esfera pública; 3) o envolvimento político pode representar dilemas éticos e perigos físicos/espirituais para quem deseja manter sua integridade; 4) a cosmovisão bíblica deve informar guiar o engajamento político; 5) as autoridades são permitidas ou ordenadas por Deus; 6) o Senhor tolera diferentes formas de governo, mas não aprova a injustiça; 7) os cristãos são cidadãos de dois reinos; 8) os cristãos devem exercer uma influência positiva na sociedade; 9) a obediência a Deus tem prioridade sobre a obediência ao Estado; 10) a tensão política pode ser reflexo do conflito entre o bem e o mal”. (p. 57-58)
“Em síntese, o Deus da Bíblia Se interessa pela política no nível macro, mas pode também atuar no nível micro, pois é o Senhor de todas as dimensões”. (p. 58)
Capítulo 3 | A visão adventista
“[…] o não partidarismo faz parte do ideário adventista“. (p. 61)
A legitimidade dos governos
“Pq os adventistas se tornaram conhecidos nos Estados Unidos como defensores da Primeira Emenda constitucional, que, além de proteger a liberdade de expressão, proíbe o Congresso de fazer lei estabelecendo religião ou proibindo seu livre exercício? E até que ponto houve uma transformação ao longo do tempo no pensamento político adventista?”. (p. 62)
Estudar: A teoria da transformação de uma seita em igreja, em especial por Stark e Bainbridge. (p. 62,63)
“Embora tenham ocorrido mudanças ao longo do tempo, e em alguns momentos e contextos específicos o adventismo tenha ficado aquém de seu ideal, a essência do pensamento adventista persiste e deve ser resgatada”. (p. 63)
“Por princípio, os adventistas procuram ser bons cidadãos. Afinal, eles reconhecem a legitimidade dos governos humanos (Rm 13.1). Na perspectiva bíblica e adventista, as autoridades são instrumentos de Deus para manter a paz, promover a justiça e proteger os vulneráveis, e devemos orar por elas (1Tm 2.2). Por isso, os adventistas pregam a submissão aos governos , o pagamento de impostos, o respeito às leis, a vida pacífica na sociedade e a cooperação para o bem-estar das pessoas”. (p. 63)
“Entretanto, os adventistas veem uma hierarquia na esfera das leis e dos poderes celestiais e terrestres. O governo divino está acima dos governos humanos. Assim, quando há um choque de leis e autoridades, a igreja fica com a esfera divina. Ellen White foi bastante clara sobre esse aspecto: ‘Devemos reconhecer o governo humano como uma instituição designada por Deus e ensinar obediência a ele como um dever sagrado, dentro de sua legítima esfera. No entanto, quando suas exigências se chocam com as reivindicações divinas, temos que obedecer a Deus, e não aos homens. Sua Palavra precisa ser reconhecida como estando acima de toda legislação humana”. (p. 63)
“A cidade de Deus se sobrepõe à cidade dos homens”. (p. 63)
“[…] enquanto o único ‘governante legítimo e competente da terra’ (Cristo) estiver ausente, ‘não haverá nada além de decepção, revolução e problemas“. (p. 65)
“O governo de Deus está em outro nível”. (p. 65)
“Deus nos deu um só planeta para administrar, uma só humanidade para cuidar e uma única vida para fazer florescer. Façamos o melhor pelo ambiente, as pessoas e o trabalho”. (p. 65)
“[…] no entendimento adventista, a legitimidade dos governos não os coloca acima das críticas“. (p. 65)
“A luta pela justiça faz parte do legado profético”. (p. 65)
Separação entre igreja e estado
“Segunda Márcio Costa, que estudou o assunto em sua tese doutoral, a relação entre Igreja e Estado nos escritos de Ellen White deve ser vista à luz do tema do conflito entre o bem e o mal, sob duas perspectivas em tensão: ‘a visão temporal’ de um Estado benevolente que ajuda a avançar a missão da igreja no presente e a ‘visão escatológica’ de um estado malevolente que ameaçará a própria existência da igreja no fim dos tempos’. No entendimento de Ellen White, Igreja e Estado podem ser usados por Deus os instrumentalizados pelo inimigo para cumprir sua agenda”. (p. 71)
A união da Igreja com o Estado, não importa quão fraca seja, embora pareça aproximar o mundo da igreja, na realidade, apenas leva a igreja para mais perto do mundo. (p. 71-72 apud no GC 44ª ed, p. 253)
“Porém a defesa da separação entre Igreja e Estado não significava hostilidade contra o Estado ou os políticos. A religião a política devem conviver harmonicamente, cada uma no seu papel, podendo até cooperar em alguns aspectos de interesse comum, como as leis de temperança e o combate aos vícios. Ela admitia o envolvimento de adventistas na esfera pública, desde que isso servisse aos interesses públicos e não comprometesse a unidade, a independência e a integridade da igreja. O que não poderia haver é lealdade cega e adesão acrítica a partidos políticos”. (p. 72)
A bandeira da liberdade
liberdade é um valor inalienável, um direito dado por Deus ao ser humano. Por isso, a igreja deve defendê-la. ‘A bandeira da verdade e da liberdade religiosa levantada pelos fundadores da igreja cristã e pelas testemunhas de Deus durante os séculos decorridos desde então foi entregue em nossas mãos neste último conflito. (p. 74)
Ser adventista é defender a liberdade. (p. 74)
Nossa visão da liberdade nasce do próprio caráter de Deus, que age com base no amor. Deus respeita o livre-arbítrio e não força a consciência da pessoa. O amor garante a liberdade. Enquanto os governos usam a força física e a guerra para garantir sua vitória e assegurar seu poder, o reino de Cristo usa o princípio do amor, da paz e das verdades espirituais. Ele opera com base me um princípio diferente. Cristo não interferiu na lítica da época e manteve-Se afastado dos governos terrestres porque Seu reino é espiritual e é implantado de maneira espiritual. (p. 74)
Pesquisar: Site de Revista sobre liberdade religiosa
Ao promover a liberdade, a igreja valoriza o diálogo e o entendimento, evitando a judicialização e o clima de confronto. Embora defenda os valores bíblicos, a igreja não força sua visão e suas crenças sobre os outros. Como pessoas livres em Cristo, precisamos levar liberdade a todos, em todos os níveis. Deus nos liberta para ajudarmos o mundo a descobrir o que significa ser livre. (p. 75)
Postura apartidária
“Em 1884, num discurso proferido pelo Colégio de Battle Creek, o centro do adventismo à época, a pioneira desafiou os jovens a ambicionar grandes coisas e se prepararem para isso: ‘Querida juventude, qual é o alvo e propósito de sua vida? Vocês têm a ambição de educar-se para poder ter nome e posição no mundo? Têm pensamentos que são ousam expressar de poder um dia alcançar as alturas da grandeza intelectual; de poder assentar-se em conselhos deliberativos e legislativos, cooperando na elaboração de leis para a nação? Nada há de errado nessas aspirações. Cada um de vocês pode estabelecer um alvo’ [FEC, 2ª ed, p. 82]. A questão não estava na aspiração política, mas no tipo de exercício do poder”. (p. 76)
Religião e política formam [facilmente] uma mistura explosiva. (p. 77)
Por mais de uma vez Cristo foi solicitado a decidir questões políticas e jurídicas; mas recusava-se a interferir em assuntos temporais. (p. 78 apud OE, 395)
O receio de causar desunião estava sempre presente no pensamento de Ellen White, pois o papel do cristão e da igreja é reconciliar e unir a humanidade, e não causar divisão de classes e aumentar as facções. Ou seja, se fosse hoje, ela falaria contra a polarização. (p. 78)
“No entanto, há situações que exigem posicionamentos e manifestações”. (p. 78) Espero que o Espirito Santo nos mova quanto das situações surgirem, O Espírito Santo, e não o espírito partidário ou das preferências pessoais, que na maioria das vezes tendem a ser carnais e não espirituais.
Sintetizando o capítulo
a igreja procura manter em equilíbrio valores e princípios que refletem a visão bíblica. Ela reconhece o papel do Estado, defende a separação entre política e religião, promove a liberdade de consciência e mantém uma postura apartidária. (p. 78)
Capítulo 4 | A teologia do poder
“[…] as medidas impopulares devem ser tomadas de uma vez, para encurtar o impacto, enquanto as ações que agradam ao povo devem ser feitas devagar, a fim de manter a popularidade do governante”. (p. 81)
“[…] Não há maneira segura de possuir um estado senão arruinando-o”. (p. 81)
“Quem se torna senhor de uma cidade habituada a viver livre, e não a destrói, pode estar certo de que por ela será destruído”. (p. 81)
“[…] política é o exercício da realidade e a arte do possível”. (p. 82)
Eis um glossário do poder:
- Poder autocrático = foco no controle
- Poder carismático = foco no indivíduo admirável
- Poder democrático = foco nas pessoas
- Poder ‘heroico’ = foco no herói
- Poder hierárquico = foco na organização
- Poder partilhado = foco na colaboração
- Poder intelectual = foco no conhecimento
- Poder relacional = foco no processo social
- Poder teocrático = foco no governo de Deus
- Poder espiritual = foco na ação do Espírito
“[…] segundo as teorias políticas, o poder emana do povo, pelo povo e para o povo; segundo a visão cristã, o poder vem de Deus e deve ser exercido em favor do povo“. (p. 84)
“A relação entre poder autoridade também merece atenção. No sentido convencional, poder é levar alguém a fazer o que está sendo mandado, enquanto autoridade é um tipo de poder aceito pelas pessoas. O poder é mais informal, flexível e dinâmico, ao passo que a autoridade é mais formal, estável e estática. A autoridade é mais ligada à posição, enquanto o pode é mais vinculado à pessoa. Poder é conquistado, autoridade é delegada. Se a autoridade é sempre legal e racional, o poder às vezes é ilegal e irracional. Poder é a capacidade de fazer, autoridade é o direito de fazer. Poder é o uso natural da autoridade, e autoridade é o uso legítimo do poder”. (p. 84)
“Na ausência de autoridade, muitas vezes o ser humano tenta impor o poder. […] o cristão deve observar se o uso do poder é legítima e equilibrado”. (p. 85)
“[…] no âmbito cristão, a grandeza é medida pelo serviço, não pelos títulos“. (p. 85)
Interesse público
“Os interesses da comunidade devem estar acima dos interesses pessoais”. (p. 86)
“Se o líder não pensar na sociedade, não merece voto. Isso é bíblico”. (p. 86)
No mundo, a grandeza pertence a quem nada; no reino de Deus a quem serve. (p. 86)
“Que contraste com o que se vê no mundo , às vezes, na igreja!”. (p. 86)
Cuidado com esta onda de “divinização dos políticos”. (p. 87)
“Avançando na Bíblia, ao falar sobre a liderança espiritual, o apóstolo Pedro mencionou um princípio que pode se aplicar muito bem ao contexto político: não faça política por obrigação nem por ganância, tampouco com espírito dominado, mas de boa vontade (1 Pe 5.2-4). A recompensa rela, uma cora de glória com brilho eterno, será conferida por Deus no futuro”. (p. 87)
“Parafraseando Paulo ao aconselhar os líderes espirituais em 2 Timóteo 2.23-26, o político não deve se meter em brigas reais ou virtuais, mas ser educado e paciente com todos, tratando com cordialidade os que se opõem a ele, na tentativa de levá-los À verdade e à sensatez. Talvez seja demais pedir isso no ambiente polarizado e inflamável de uma casa legislativa ou executiva, mas o político cristão tem um diferencial”. (p. 87)
“Por fim, o político deveria agir de acordo com as evidências, e não segundo as conveniências. É preciso ter firmeza de caráter. Há circunstâncias em que o político tem que ser antipolítico. Ellen White elogiou a postura de Daniel, um gigante moral nos palácios de terras estrangeiras, por não agir politicamente: ‘Por meio da coragem mal deste homem que, mesmo em face da morte, escolheu a atitude correta em vez do caminho político, Satanás foi derrotado; e Deus, honrado”. (p. 87-88)
Voto Inteligente
“Votar é fundamental e revela afinidades ideológicas e valores, bem como sonhos e expectativas, […] Quando você olha para seus votos nas últimas eleições, acha que valeu a pena? […] Eles fizeram bons mandados ou tiveram péssimo desempenho? Você votou de acordo com sua consciência ou foi condicionado [por fatores externos que não o Espírito Santo]? […] Do ponto de vista cristão, quais são os melhores candidatos? O que está envolvido nas ideologias políticas?”. (p. 88-89)
“O cristão pode não fazer política direta, mas, ao exercer o dever cívico de escolher os representantes para o executivo e o legislativo, está fazendo uma forma de política. Quais critérios deveríamos então seguir?”. (p.89)
Vejamos algumas sugestões (p. 89-92):
- Exerça o direito de voto de forma consciente.
- Analise o perfil do candidato.
- Escolhas candidatos alinhados com a filosofia cristã.
- Valorize governantes que temam ao Senhor.
- Siga as diretrizes da igreja – temos um documento votado com tais diretrizes, clique aqui para conhecê-las.
- Respeite a diversidade e evite a polarização.
- Busque a influência divina – “A oração tem poder para influenciar situações políticas disputadas por forças invisíveis”. (p. 92)
Política sem partido
“[…] projetos podem ser reciclados, atualizados, aperfeiçoados e ressignificados. Quando há um grande sonho e uma visão inspiradora, a propaganda se torna gratuita e os recursos aprecem. Naturalmente, para que haja motivação e o resultado e torne visível, é preciso pensar em estratégias e motivação do grupo, como periodicidade, tempo de duração, envolvimento de um bom número de participantes e sistema de recompensas”. (p. 93-94)
“Iniciativas sociais para ampliar o bem-estar da comunidade fazem parte da essência da política”. (p. 94)
A política do amor representa um poder maior do que o amor da política. (p. 94)
“Graça e glória são pilares da nossa política. Graça no presente e glória no futuro. Só pensar no futuro seria escapismo, pensar só no presente seria estreiteza”. (p. 94)
“Política e religião não estão em simetria, como se fossem conceitos paralelos ou duas esferas lado a lado. A esfera da religião é maior do que a da política, assim como o Céu é mais alto do que a Terra e os pensamentos de Deus são mais altos do que os nossos pensamentos (Isa 55.9). Isso não significa que a religião deva dominar a política. Quer dizer que a fé colore nossas decisões políticas e lhe dá um significado transcendente. Fazemos ‘política’ por amor e para eternidade”. (p. 94-95)
A abordagem adventista pode ser sintetizada em algumas prioridades: Deus tem primazia sobre os governantes; o Céu tem primazia sobre a Terra; o reino de Deus tem primazia sobre a política; a liberdade tem primazia sobre o Estado; o humano tem primazia sobre o econômico; o meio ambiente tem primazia sobre o desenvolvimento a qualquer custo; o futuro tem primazia sobre o presente; o domínio de Cristo tem primazia sobre o domínio humano. (p. 95)
Entre a lei do medo e da coerção e a lei do amor e do serviço, espero que nossas escolhas sejam pautadas pela lei do amor e do serviço. (p. 95)
A lei do erro (ou “lei do pecado”, nas palavras de Paulo em Romanos 7.23) introduziu no nosso DNA e no governo do mundo subverteu a lei do amor. Mas o poder do amor é sempre maior do que o amor ao poder. (p. 95)
Capítulo 5 | A política da Religião
“Se o patriotismo cívico é saudável, o nacionalismo fanático e ideológico pode se tornar sanguinário“. (p. 97)
“Nas últimas duas décadas, os evangélicos praticamente deixaram de ser socialmente marginalizados para se tornar protagonistas políticos, de ‘fugir do mundo’ para ‘conquistar o mundo’, de questionar se deveriam participar da política para se perguntar como devem participar, de ser guiados pelos slogan ‘irmãos não se contaminam com a política’ para ‘irmãos votam em irmãos’ e do pré-milenismo celestial para o pós-milenismo mundano’. Essa busca de protagonismo político não se aplica a todos os grupos evangélicos, mas a descrição é real em relação a vários deles”. (p. 98)
“A reação pendular aos males causados por uma ideologia política pode levar ao outro extremo e causar males igualmente nefastos”. (p. 98)
“[…] não é só a religião que afeta a política; uma identidade partidária forte tem efeitos religiosos”. (p. 98)
Religião civil
“O historiador italiano Emilio Gentile observou: ‘Todos os presidentes dos EUA, desde os tempos do primeiro presidente, George Washington, terminaram seu discurso inaugural pedindo que Deus abençoasse a América, e nenhum presidente deixou de mencionar, pelo menos uma vez, sua fé no Deus todo-Poderoso, na origem divina da democracia norte-americana e na missão providencial da nação. O presidente norte-americano não é apenas o líder político da nação, mas também o pontífice de sua religião civil’. Assim , o governo é visto como o protetor legal da liberdade religiosa, enquanto os políticos usam a religião e os religiosos usam a política para alcançar seus fins”. (p. 100)
Elemento definidor
“Na visão profética adventista, os EUA vão liderar o alinhamento político-religioso de boa parte do globo no fim dos tempos, perseguindo os dissidentes (Ap 13.15-17). Para isso, terá que mudar sua retórica e abandonar sua ideologia de liberdade, pelo menos na prática. A nação posará de cordeiro, símbolo de Cristo, mas agirá como dragão, símbolo de Satanás (Ap 13.11). A lei humana será honrada acima da lei divina, e o resultado será o caos”. (p. 101)
Tanto a direita quanto a esquerda serão cooptadas pelo mal para transformarem-se em uma das bestas do apocalipse. (p. 102)
“Diante de graves crises, religião e política unidas podem formar a ‘tempestade perfeita’ para intolerância”. (p. 102)
A ligação entre religião e política ou Igreja e Estado nunca termina bem. Não importa se o Estado é de direita ou de esquerda, em algum momento ele se tornará o Leviatã, o monstro imperial que age como soberano absoluto. (p. 103)
A aproximação entre religião e política no momento pode ser somente a soma de coincidências sociopolíticas, mas pode também ser a acentuação de um movimento global com futuras implicações proféticas. Sem sensacionalismo e apavoramento, os cristãos conscientes observam os acontecimentos e mantêm a esperança de que, depois do caos político-religioso, virá um reino de paz. (p. 103)
“O fato é que o mundo, com a ajuda de ideologias religiosas, está pendendo para o autoritarismo. Regimes ditatoriais, sejam de direita ou de esquerda, não florescem sem personalidades autoritárias, que, por sua vez, dependem de uma predisposição autoritária da sociedade, um tipo de mentalidade que favorece a homogeneidade, não reconhece a complexidade e não tolera a pluralidade de ideias”. (p. 103-104)
A era da polarização
“[…] às vezes, as igrejas e pessoas religiosas também criam conflitos e acentuam a polarização”. (p. 105) E é isso que espero estar contribuindo para evitarmos…
“Se os ultrajes ideológicos que levaram a acontecimentos trágicos como o Holocausto, o Apartheid e o genocídio em Ruanda começam a se perder na bruma do tempo, embora jamais devam ser esquecidos, novas questões surgiram. Identidade de gênero x ideologia de gênero, direitos das mulheres x machismo, escolarização compulsória x educação domiciliar, pró-escolha x pró-vida, preservação ambiental x desenvolvimento econômico, brancos x negros, grupos dominantes x grupos marginalizados, direita x esquerda, pró-vacina x antivacina, conservadores x progressistas. Essas são algumas das polarizações do mundo atual”. (p. 105)
Tema sugestivo: “O papel da religião na sociedade”. (p. 106)
[…] será que os cristãos estão realmente transformando o mundo ou estão mergulhados no mesmo campo de batalha cultural da sociedade?. (p. 106)
Dois caminhos para o mesmo destino: “Com o tempo, segundo o autor, os tradicionalistas norte-americanos escolheram o caminho da luta política para alcançar seus objetivos, tendo como alvo a suprema Corte e a Casa Branca, enquanto os progressistas preferiram a rota cultural, buscando influenciar universidades, estúdios de cinema e editoras. Aqui o movimento foi semelhante. Depois, eu acrescentaria, todos foram para as mídias sociais, e a polarização ficou ainda maior”. (p. 106)
Fenômeno perigoso
“Em nível excessivo, a chamada ‘polarização afetiva’ pode […] aumentar a intolerância, desencadear a violência, desumanizar as pessoas e esgarçar o tecido social”. (p. 107)
“Darren G. Lilleker e Billur Aslan Ozgul num livro sobre a psicologia da democracia. ‘Cada lado desenvolve a crença de que está irrefutavelmente correto e, portanto, os detratores estão irrefutavelmente errados. O investimento emocional no ‘seu’ lado tornar-se mais forte do que qualquer investimento nos interesses mais amplos relacionados à democracia”. (p. 107)
“O acirramento que antes era mais comum em época de eleição e concentrado na política invade todos os momentos e contexto da existência. É a politização da vida e da religião. Questões que deveriam gerar discussões técnicas se tornam trends sociais”. (p. 107)
“De acordo com alguns teóricos, a identificação partidária na atualidade é marcada mais por atração/repulsa emocional do que por agendas e interesses públicos. A solidariedade com os de dentro do grupo se contrapõe à hostilidade aos de fora”. (p. 107)
[…] as pessoas pensam mais em si do que nos outros, buscam mais seus direitos do que seus deveres, escutam mais o coração do que seguem os neurônios. (p. 108) Ou seja, uma síntese dos dias atuais ou de um mundo em pecado?
Sociedade fragmentada
“[…] embora a Bíblia fale muito de guerra, termo que aparece mais de 200 vezes em suas páginas, ela defende claramente a paz”. (p. 108)
“No mundo polarizado de hoje, os ataques e insultos se tornaram ainda mais comuns no contexto religioso. O pior é que alguns celebram grosserias dos outros, especialmente do mundo político, como se isso fosse parte da religião e da fé que Jesus entregou ao santos. Como adventistas temos uma história de não combatência e heróis desarmados como Desmond Doss, Frans Hasel e John Weidner, […]. Portanto, deveríamos ser não combatentes também nos campos de guerra virtuais. […] Ideologia política na igreja polariza e mata; o evangelho despolariza e vivifica”. (p. 109)
Você polariza ou despolariza? É da paz ou da guerra? Na condição de cristãos, deveríamos buscar a paz, e não criar conflito, ainda que virtual. Nosso Mestre veio como Pacificador da humanidade, e nós devemos ser agentes da paz. (p. 109)
“O processo de reconciliação é longo e, às vezes, doloroso, mas vale a pena”. (p. 110)
Apesar de a polarização política, cultural e ideológica estar invadindo os corredores das igrejas, devemos rejeitá-la. O evangelho transcende essas questões. Nosso reino não é deste mundo. (p. 110)
Cultura do engano
Ainda mais séria do que a polarização política é a polarização espiritual, a guerra entre o partido do bem e o partido do mal, o combate entre a luz e as trevas, o conflito entre o reino de Deus e o domínio de Satanás. Essa disputa ideológica acontece no território global do planeta. Enquanto Deus procura iluminar o mundo, o inimigo tenta embaralhar a realidade, inclusive a política. Ora usando a violência, ora empregando a sedução, ele joga sujo para anuviar o cenário e enganar as pessoas. Por isso, é preciso ter discernimento a respeito do que está por trás das ideologias políticas. (p. 110-111)
“Um estudo do MIT sobre transmissões de 126 mil notícias pelo twitter entre 2006 e 2017 indicou que a mentira circula muito mais rapidamente e vai mais longe do que a verdade. A probabilidade de que uma notícia falsa seja retuitada é 70% maior. Enquanto os robôs aceleram a circulação de verdades e mentira, as pessoas espalham mais a mentira”. (p. 111)
“Segundo um estudo recente, algumas pessoas são mais predispostas a acreditar em ilusões e ideias implausíveis, devido à sua tendência de não se engajar em pensamento crítico e analítico. Por incrível que pareça, ‘indivíduos dogmáticos e fundamentalistas religiosos também se mostraram mais inclinados a acreditar em notícias falsas’. Isso indica que precisamos desenvolver nossa capacidade de fazer uma leitura crítica dos fatos e investir em educação para a mídia. Mas, em nosso contexto, o aprendizado da verdade revelada é ainda mais importante, pois fornece a ferramenta para ler toda a realidade de maneira consciente”. (p. 112)
“Somente quem ama a verdade conseguirá discernir os enganos (2Ts 2.10)”. (p. 112)
Na Bíblia, verdade e mentira têm origens opostas: Jesus é a personificação da verdade (Jo 14.6), e Satanás é o ‘pai da mentira’ (Jo 8.44). Neste mundo alvejado pela mentira, fiquemos com a verdade, que ilumina a vida, desperta o amor e libertar. (p. 112)
Capítulo 6 | A batalha dos impérios
“Para entender o ponto de vista bíblico-adventista da política, é preciso conhecer sua escatologia”. (p. 114)
[…] é preciso ter consciência de que a política pode estar ou não a serviço de Deus. O conflito entre o bem e o mal se reflete também nos palácios reais, nos gabinetes governamentais e nas casas legislativas. A política é o teatro da guerra ideológica“. (p. 115)
Cuidado: “[…] há uma corrente cristã identificada com a ‘teologia do domínio’ que busca implantar um reino terrestre com base nas leis bíblicas”. (p. 115)
Para refletir: “[…] as ideias têm genealogia, DNA e descendência”. (p. 116)
Atenção: “[…] embora procuremos cumprir todos os requisitos cívicos do país, nosso domicílio eleitoral último está no império da luz”. (p. 117)
Milênio político e não político
“Muitos pregadores dos quatro continentes anunciavam o fim do mundo. O inédito na pregação de Miller, que o fazia nadar contra a correnteza religiosa, era a crença de que Cristo viria antes do milênio, em vez de depois dele. Baseando-se nas Escrituras, ele trocou o tomismo do pós-milenismo conquistado por seres humanos pelo pré-milenismo da intervenção divina”. (p. 125)
Para não esquecer: “A esperança de um retorno pessoal, literal, visível, glorioso e pré-milenar de Cristo está no centro da teologia adventista”. (p. 126)
Império do mal e do bem – Esboço
“Os adventistas não chegaram à identidade dos Estados Unidos como a besta da terra graças a um palpite aleatório. Há uma lógica. Cinco características fundamentam essa conclusão: 1) é uma besta da terra (Ap 13.11), o que se encaixa bem com a ideia de um Novo Mundo, distante da população ‘aquática’ do Velho Mundo (Europa) e dos impérios anteriores do Mediterrâneo sobre os quais o império Romano foi construído, uma vez que mar/água em Apocalipse significa povos (cf. 17.15); 2) a nação parece um cordeiro (Cristo) mas fala como dragão (diabo) (13.11), o que inclui um discurso de democracia/liberdade e uma política imperial; 3)a nação emerge com proeminência na época da ferida da besta do mar ou do papado (13.12b, 14b), que ocorreu em 1798; 4) é uma superpotência global no tempo no fim, capaz de impor leis político-religiosas sobre ‘todos’ (pantas [13.16]; e 5) a imposição da adoração à besta do mar (13.15) mostra que se trata de um poder cristão”. (p. 129)
“Tentativas de impor leis dominicais não são novas e surgiram em muitos lugares. Em 321, o imperador Constantino promulgou a primeira lei conhecida proibindo o trabalho no domingo, e o mesmo ocorrerá no fim dos tempos. Esse é o cenário claro de Apocalipse 13 e de outros capítulos que falam da marca da besta, em oposição ao selo de Deus. Afinal, o sábado é parte essencial da ordem da criação, um memorial no tempo sinalizando quem é o Criador. Não é por acaso que o inimigo tenta mudar o dia de adoração, violar a configuração do mundo e estabelecer um reino alternativo”. (p. 130)
Pesquisar: Blue Laws (leis azuis nos 28 estados dos EUA); Gallagher vs. Crown Kosher Market
Confiar no cenário profético, ainda que pareça implausível, faz parte da fé. (p. 131)
“Em geral, as pessoas que se preocupam com perseguição vivem aterrorizadas. Fazem exatamente o que Jesus disse que não fizessem (Lc 21.28). Nosso foco principal deve ser o próprio Cristo, que oferece esperança, e não os poderes perseguidores, que causam desespero. O aspecto mais nobre da escatologia é a segurança, não a desconfiança. Se a ‘besta’ está contra você, o Cordeiro está a seu favor. Não importa o que um país possa fazer, você está seguro nas mãos de Deus, pois pertence ao reino eterno de Cristo”. (p. 131)
Capítulo 7 | A filosofia da história
“Elegantemente, Johan Huizinga definiu: ‘História é a forma intelectual pela qual a civilização presta conta a si mesma de seu passado”. (p. 136)
A filosofia da história no pensamento adventista
“Se o século 18 foi filosófico e o século 19 foi histórico, o século 20 foi bélico […] o 21 pode ser apocalíptico”. (p. 144)
“[…] a soberania divina não se traduz necessariamente em Sua intervenção constante nos assuntos humanos’, já que Deus permite que as pessoas ‘exerçam o livre-arbítrio em suas decisões”. (p. 145)
A solução [para o mal no mundo em que vivemos] está na volta de Cristo, não no progresso humano. (p. 146)
“A felicidade não é conquistada pela luta de classes, mas pela obediência a Deus“. (p. 146)
A igreja é uma agência do reino de Deus em todas as épocas, mas não o reino em si. (p. 148)
A política, o adventismo e a história (p. 148-152)
- Deus tem um propósito para as nações e as pessoas.
- Devemos estudar a história em conexão com as profecias. “Há lições a ser aprendidas da história do passado. […] Deus atua hoje da mesma maneira que tem feito desde o início. É importante analisar os ‘pontos decisivos na história das nações e da igreja. […, Afinal] a história está sujeita à profecia dada por Deus, e não o contrário”. (p. 149)
- A glória humana é passageira e não tem valor eterno. “precisamos estudar a realização dos propósitos de Deus na história das nações e na revelação de coisas q estão por vir, para que possamos estimar em seu verdadeiro valor as coisas visíveis e as invisíveis; para que possamos aprender qual é o verdadeiro objetivo da vida’ e assim, ‘encarando as coisas temporais à luz da eternidade’, podemos ‘delas fazer mais verdadeiro e nobre uso’, alinhando a vida com os princípios e nos preparando para o reino eterno de Deus. Apesar da esperança na intervenção divina, ela pregou reformas nas estruturas terrenas, incluindo alimentação, saúde, vestuário e cuidado do planeta. A vida do futuro já deve ser experimentada agora [considerando obviamente as devidas proporções 😅]”. (p. 150)
- Os princípios da lei de Deus são a base do sucesso das nações e das pessoas. “Quando a França rejeitou a dádiva do Céu, lançou as sementes da anarquia e da ruína, e a inevitável lei de causa e efeito resultou na Revolução e no Reino do Terror”. (p. 150)
- O estudo da história deve servir de base para a construção do caráter e o preparo para a eternidade.
Relembrar “o passado é essencial para saber enfrentar o futuro. Precisamos ver a mão de Deus em todos as fases da história, incluindo o estágio final”. (p. 151)
Aquele que não é político faz a maior e melhor de todas as políticas [a saber, Deus]. (p. 152)
Conclusão
“Para alguns cristãos, a simples menção da palavra ‘política’ causa arrepio. No entanto, isso não precisa ocorrer. Política é a arte de tomar decisões sobre a melhor maneira de se organizar e viver em sociedade”. (p. 155)
“[…, Então] qual deveria ser a nossa atitude em relação à política? Deveria a visão bíblica-adventista possuir o teor da teologia da libertação nos países latino-americanos, o ativismo da Direita cristã no Estados Unidos, a ligação Igreja-Estado de alguns países europeus, a teocracia fundamentalista dos países islâmicos, a doutrina social católica de que os leigos devem participar ativamente na política e mudar a realidade a partir da ação?”. (p. 155) Observa que muitos são os caminhos, mas só um deve agradar a Deus.
Politizar a religião e religionizar a política é a pior maneira de distorcer o propósito e destruir a essência das duas. (p. 155)
“A relação da religião com a política pode assumir diversas formas: religião acima da política, religião como política, religião na política, religião mais política, religião fora da política, religião não política, religião abaixo da política. Mas talvez nenhuma delas represente bem a visão adventista, que atribui o lugar supremo a Deus, sem deixar de valorizar o papel dos governantes; sente o chamado de outro mundo, sem fugir da responsabilidade deste mundo; cuida das pessoas, sem descuidar do planeta; carrega no peito a esperança de mudança pela intervenção divina, sem abandonar o dever de fazer transformações sustentáveis; reconhece a importância das políticas públicas, sem renunciar ao direito de criticar as decisões erradas”. (p. 156)
Só para não esquecer: “[…] a cidadania celestial está acima da cidadania terrestre”. (p. 156)
“[…] a igreja não deve se unir a partidos políticos, pois sua missão é promover a reconciliação da humanidade; os membros podem ter aspirações políticas, mas sem agir em nome da igreja; longe de manter a indiferença política, os adventistas devem votar para promover uma sociedade mais justa, a dignidade humana, a ética, a vida e o bem-estar de todos; a igreja deve defender a bandeira da liberdade; a política é necessária, mas a transformação real e final do mundo virá pela intervenção de Deus quando Cristo voltar e, depois do milênio no Céu, implantar Seu reino eterno na Terra“. (p. 156)
“[…] primariamente, a política tem uma missão terrena, a religião tem uma missão celestial; a política disputa o poder, a religião recebe autoridade; a política gera notícias, a religião anuncia boas-novas; a política trabalha pelo bem-estar físico, a religião promove o bem-estar integral; a política luta pelo presente, a religião visa à eternidade”. (p. 157)
Atenção! Extremamente Importante: “E o que dizer dos cristãos de hoje? Será que vivem à altura do ensino de Cristo? A busca pelo poder da política não seria um esvaziamento do poder do evangelho? A principal missão do cristianismo é mudar o mundo pela Palavra ou pela política? Priorizamos a espada do Espírito ou a força do Estado? A intenção é conquistar poder ou servir? Convocamos o povo para a avenida a fim de protestar ou o levamos para as ruas a fim de trabalhar pelo próximo? Participamos de comícios ou de assembleias solenes? Aplaudimos figuras políticas ou adoramos o Senhor? O alvo é chegar à capital do país ou à Nova Jerusalém?”. (p. 157)
“[…]assim como todo ser humano, os políticos estão contaminados pelo DNA do amor ao poder e dos interesses próprios; todos pecaram e estão destituídos da glória divina. Não há nem mesmo um que seja perfeito em todos os seus caminhos“. (p. 158)
Seria cômico se não fosse a realidade: “Vivemos no tempo do fim não somente em termos de sequência profética, mas também na época do esvaziamento dos conceitos de história, filosofia, religião e política. Hoje existe um esgotamento generalizado, já que o fim do mundo traz muitos fins”. (p. 158)
“Nas últimas décadas, filósofos, teólogos e cientistas têm falado de muitos fins. Falaram do fim de Deus (Friedrich Nietzsche), o fim do capitalismo (Karl Marx), o fim da religião (Sam Harris), o fim das ideologias (Daniel Bell), o fim das metanarrativas (François Lyotard), o fim da história (Francis Fukuyama). Outros proclamaram o fim da pobreza, o fim da fome, o fim da desigualdade, o fim da discriminação, o fim do racismo. Todos erraram. Entretanto, quem fala no fim da política não errará [Dn 2.44]”. (p. 159)
A boa notícia é que o reino de Cristo logo substituirá todos os domínios terrenos. Nesse reino, terá lugar apenas a boa ‘política’, que promove a vida, amplia a liberdade e beneficia todos. Se os governantes humanos exigem tributos, Cristo pagou nossa dívida; se eles prometem um bom sistema de saúde, Cristo oferece a vida eterna; se eles tentam garantir a segurança, Cristo concede [uma cidade sem penitenciaria] tranquilidade a todos; se eles anunciam que vão investir em educação, Cristo envia o Espírito Santo para ensinar a verdade. Quer política melhor do que essa?. (p. 159-160)
“Os dois capítulos finais da Bíblia (Ap 21,22) apresentam uma nova ordem ‘política’, com uma Terra renovada, uma nova capital, um novo governante, uma nova humanidade formada por pessoas de todas as nações e um novo futuro. Não se esqueça de que você ainda mora aqui, mas pertence a outro mundo. O cristão aguarda a sociedade idealizada pelo Rei do Universo. A cidade santa, cuja Arquiteto e Construtor é Deus, reflete a glória do próprio Deus. Ali a política dos sonhos será real”. (p. 160)
Eu espero que os destaques apresentados desta leitura contribuam com sua reflexão e postura pública diante do tema, como me beneficiaram.
Vivamos somente para honra e glória de Deus, com estima Cristã!