O pastor aprovado

Poucos livros me impressionaram tanto nesses meus primeiros 10 anos levando a sério a leitura de livros como este livro escrito pelo Pr. Richard Baxter, sem sobra de dúvida este é  uma preciosidade para aqueles que desempenham uma liderança de cuidado de outros dentro de uma comunidade cristã. E eu gostaria de compartilhar os pontos que mais me impactaram nessa leitura.

Prefácio aos clássicos de fé e devoção por James M. Houston

“Muitos cristãos de hoje não têm noção do passado. Se a Reforma lhe é importante, eles saltam da Igreja apostólica para o século dezesseis, omitindo uns catorze séculos da obra do Espírito Santo em muitas vidas devotadas a Cristo”. (p. 7)

“O ponto focal bíblico é sempre o sinete áureo da verdadeira espiritualidade cristã”. (p. 8)

“Podemos usufruir de muitas coisas novas, mas os valores são tão antigos como a criação divina”. (p. 8)

Nota do editor sobre Baxter e sobre a relevância da obra, O pastor aprovado

Foi preso aos 70 anos de idade em Londres por continuar pregando, como estadista ele foi um fracasso. Mas como pastor é incomparável.

“Ele ensinava individualmente os membros de sua igreja por meio de aconselhamento pastoral”. (p. 11)

“Seu livro nos ajuda a focalizar a nossa atenção na situação atual e em nossa necessidade de renovação”. (p. 12)

Seu ministério foi pautado pelo atendimento pessoal, o que parece não se encaixar em uma época que valoriza as multidões. (cf. 12)

Para ele as orientações praticas do seu livro deveria ser lido a cada três ou quatro anos.

“Charles Spurgeon considerava ‘Richard Baxter o escritor mais poderoso, e, se você quiser conhecer a arte de argumentar, leia… o seu livro, O Pastor Aprovado”. (p. 13)

“Hoje há disponíveis muitos manuais sobre técnicas de liderança. Precisamente este pequeno volume pode ajudar a contrabalançar a ênfase empresarial que os autores impingem à vida da igreja contemporânea, pois também é necessário ter coração de pastor na obra do Senhor”. (p. 13)

Introdução por Richard C. Halverson 

“O estereótipo dos puritanos é que eles eram estreitos, legalistas, inflexíveis, exclusivistas, fanáticos e pietistas [O pietismo é um movimento oriundo do luteranismo que valoriza as experiências individuais do crente] nos sentidos mais feios dessas palavras. Página após página, parágrafo após parágrafo, frase após frase, a instrução dada por Baxter demonstra que esse estereótipo não passa de uma caricatura grotesca; ao invés recomenda as características puritanas autênticas ao observador mais crítico”. (p. 15)

“Um dos mais benéficos resultados do conhecimento da história é colocar os eventos correntes em correta perspectiva”. (p. 15)

“Em sua qualidade humana, a Igreja falha muitas vezes e de muitas maneiras”. (p. 15) Mas infelizmente parece que muitos ignoram que a igreja não diz respeito apenas do divino, e sim da junção entre o divino e humano, assim como se conhece na produção da Bíblia, e na encarnação de Jesus.

Para aqueles que valorizam as multidões, lembre-se que enquanto Jesus esteve conosco a sua intimidade ficou registrada a um grupo um pouco maior de 12 pessoas. E apesar desse humilde começo, diferente dos impérios que se levantam e caem, vêm e vão a Igreja de Cristo permanece.

Assim como nos dias de hoje, “Baxter viveu numa época em que seria fácil desistir da Igreja. Todavia, ele cria nela, e viveu, trabalhou e morreu por ela”. (p. 16)

Nessa obra, Baxter traz também uma reflexão que alcançara aqueles que são voltados ao tema do crescimento da igreja, algo que ultimamente parece ter se tornado uma questão de ciência, fazendo com que muitos lideres religiosos pensem crescimento em termos de quantidade e não de qualidade, uma tensão sempre em pauta nas comunidades cristãs lideradas por homens comprometidos com o Reino de Deus, contudo “a ênfase de Baxter residia na primorosa nutrição de cada membro”. (p. 16)

A responsabilidade dos lideres congregacionais deveria ser em prover nutrição por meio da Palavra de Deus, fortalecimento na comunhão com Cristo e uns com outros, com fim de crescerem no Amor.

E para aqueles que pensam que é de hoje que as famílias vem sendo atacada, infelizmente essa guerra é muito mais antiga. (cf. 17) “É indiscutível que uma cultura não pode suportar indefinidamente a desintegração do casamento, da família e do lar. A família é central para a perpetuação e preservação da humanidade, básica para a ordem social e o principal ambiente para a instrução e o crescimento. O mandamento de Deus a Israel incluía a responsabilidade de instrução religiosa na família (Deuteronômio 6.4-9). Na família se estabelecem sistemas de valor; aprendem-se autoridade, disciplina, amor, respeito; toma-se direção na vida”. (p. 17)

“Richard Baxter centraliza a sua instrução na família. Escreve ele: Passamos as segundas, e terças, desde cedo de manhã até quase ao cair da noite, envolvendo umas quinze ou dezesseis famílias, toda semana nesta obra de catequese. Com dois assistentes, percorremos completamente a congregação, que tem cerca de oitocentas famílias, e ensinamos cada família durante o ano.  Baxter guarda as anotações do que cada qual tinha aprendido, a fim de continuar a instrução sistematicamente”. (p. 18)

“Uma igreja não se elevará acima da sua liderança”. (p. 18)

“A vida pessoal e familiar do pastor deve ser constantemente submetida ao escrutínio das Escrituras. À luz das Escrituras Sagradas, aquele que foi chamado a tão elevada vocação deve aspirar à santidade e pureza de vida”. (p. 18)

A devoção pessoal é o meio pelo qual se cultiva uma vida espiritual, além de proteger o relacionamento com Cristo. (cf. 18)

Embora a tensão raramente esteja ausente, nunca se deve permitir que o trabalho venha antes da relação com Cristo, com o cônjuge e com a família. (cf. 18)

“As absolutas e inflexíveis verdades morais das Escrituras são usadas cada vez menos como critérios para a solução das questões éticas e sociais. Veja as palavras de Harry Blamires, ‘não existe mente cristã’. A ênfase e a insistência de Baxter, portanto, na ministração de instrução bíblica não poderiam ser mais oportunas e relevantes em dias como estes”. (p. 19)

“O doutor Lucas foi inspirado pelo Espírito Santo para registrar o fato de que a Igreja Apostólica, revigorada pelo evento pentecostal, dedicou-se a quatro coisas (Atos 2.42): ‘O ensino apostólico e a comunhão, o partir do pão e a oração”. (p. 19)

“Na reforma o púlpito com a Bíblia aberta instituiu o altar. O sacrifício do Senhor não se tornou menos importante; continuou sendo lembrado regularmente na celebração da Ceia. Mas surgiu a ênfase de que o povo de Deu precisava ser ensinado na doutrina”. (p. 19)

“A finalidade do púlpito é a exposição da Palavra de Deus”. (p. 19) Por isso devemos nos organizar para que por meio da oração sejamos sensíveis aos Espírito Santo para o estabelecimento de calendário homilético de longo prazo.

“Baxter dava ênfase à responsabilidade que o pasto tem de conhecer as necessidades das pessoas da sua igreja ou do seu campo eclesiástico para alimentá-las individualmente. Sua prática de tomar tempo com a instrução de cada membro de sua não pequena igreja [800 famílias] deve servir de censura e inspiração para todo pastor que o leia”. (p. 20)

Jesus não ignorou as multidões, porém ele discipulou doze pessoas, e dessas uma ainda terminou perdida. Infelizmente parece que estamos mais preocupados em Ir do que em Fazer, e não adianta pregar o Evangelho se não houver disposição para se fazer discípulos. (cf. 20)

                                                      PRIMEIRA PARTE                                                         EXAME DE NOSSAS VIDAS PESSOAIS

Introdução para pastores e leigos

Três motivos pelos quais um líder religioso sempre deveria orar: 1) Por perdão pelas negligências pessoais; 2) Para que Deus o ajude na obra para qual foi convidado a realizar; 3) Pelo sucesso no ensino com o fim de renovar os irmãos. (cf. 25)

PARA O PASTOR

“Quando o pecado da negligência está aberto aos olhos do mundo, é inútil querer ocultá-lo”. (p. 26)

“Quando o pecado é cometido em público, a confissão também deve ser feita em público”. (p. 26)

“Tolerar os maus hábitos dos ministros é promover a ruína da Igreja”. (p. 26)

Uma ilustração da triste condição de algumas igrejas: “Imaginem milhares num navio que faz água. Os que deveriam estar bombeando a água e tapando as brechas estão se divertindo ou dormindo. Pois bem, vocês não são os acordariam e não os chamariam para o seu trabalho, pela salvação das suas próprias vidas? Os homens os julgariam errados por falarem duramente e em tom de urgência com os preguiçosos? Vocês não diriam, ‘o trabalho tem que ser feito, ou, senão, todos morreremos’? ‘O navio está quase afundando, e vocês me vêm falar de reputação?’ É este o nosso caso, irmãos! O trabalho de Deus tem que ser feito!”. (p. 26)

“Meu desejo é que todos nós consideremos até que ponto podemos ter comunhão uns com os outros. Naquilo em que não pudermos tê-la, pelo menos tratemos de consultar-nos uns aos outros e de chegar a um acordo sobre a maneira de dar com as nossas diferenças. Os que promovem desnecessárias divisões entre as igrejas devemos notar e evitar, exorta o apóstolo (Romanos 16.17). A estes ele chama carnais (1 Coríntios 3.1-3)”. (p. 27)

“Um inquestionável dever de todos os ministros da Igreja é ensinar pessoalmente todos os que são entregues aos seus cuidados. Isto significa seis coisas (p. 27):”

  1. Devemos ensinar às pessoas os princípios da religião e os assuntos essenciais à salvação.
  2. Devemos ensinar-lhes esses princípios da maneira mais edificante e benéfica possível.
  3. Orientações, exames e instruções pessoais têm muitas vantagens nesse processo de aprendizagem.
  4. A instrução pessoa é-nos recomendada pelas Escrituras e pelos servos de cristo de todas as épocas.
  5. Desde que os nossos cuidados e o nosso amor pela nossa gente deve estender-se a todos, precisamos catequizar e ensinar todos os membros da nossa congregação.
  6. Essa obra, realizada corretamente, tomará considerável parte do nossos tempo.

Dado biográfico: “Passamos as segundas e as terças-feiras desde cedo de manhã até ao cair da noite, envolvendo umas quinze ou dezesseis famílias, toda semana, nesta obra de catequese. Com dois assistentes, percorremos completamente a congregação, que tem cerca de oitocentas famílias, e ensinamos cada família durante o ano. Nem uma só família se negou a visitar-me a meu pedido. E vejo mais sinais externos de Sucesso com os que vêm do que em toda a minha pregação pública.  O grande número me força a tomar uma família completa por vez, uma hora cada. O secretário da igreja via adiante, com uma semana de antecipação, para organizar os programas de horário e itinerário. Também guardo anotação daquilo que cada membro da família aprendeu, para poder continuar a ensiná-lo sistematicamente”. (p. 28)

“O que mais temo são os ministros que pregam bem e que são inaptos para a nutrição particular dos membros de suas igrejas”. (p. 29)

“Estejam prontos a prestar contas ao Sumo Pastor. Não sejam infiéis na casa de Deus. Não fujam do dever por causa do problema que isso possa causar à carne. (Esse é um sinal por demais óbvio de hipocrisia.) Os deveres mais difíceis geralmente são os mais importantes”. (p. 29)

“Que ninguém frustre a concordância nos pontos substanciais da fé e da piedade. Se é que de fato são cristãos, que se disponham a manter comunhão uns com os outros quanto lhes seja possível. Procurem descobrir como trabalhar juntos, apesar das suas diferenças, de modo que não causem o mínimo dano às verdades comuns e à causa cristã que eles professam sustentar e preservar”. (p. 30)

PARA OS IRMÃOS

Para Pensar: Até que ponto os irmãos ajudam os pastores? Até que ponto as pessoas devem submeter-se aos seus pastores, e que outros deveres teriam nessa relação? (p. 30)

“Cuidem para não alimentar nenhum pensamento negativo sobre os seus pastores por termos nós, pastores, feito aberta confissão de pecados pessoais”. (p. 30)

“Vocês sabem que são homens, e não anjos, que Deus colocou o ofício de guias da Igreja. Vocês sabem que somos  imperfeitos. Deixem que outros finjam que podem alcançar perfeição impecável. Não nos atrevemos a isso, mas, antes, confessamos que somos pecadores”. (p. 31)

“Mas de nossa parte, acreditamos que ‘se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós’ (1 João 1.8). E que ‘todos tropeçamos em muitas coisas’ (Tiago 3.2). Portanto, vejam que amem e imitem a santidade dos seus pastores, mas não busquem oportunidades para menos prezá-los ou desmoralizá-los por suas fraquezas”. (p. 31)

Se têm amor a suas almas, apeguem-se às Escrituras e ao fiel ministério da Palavra. Não desprezem os seus pastores, se é que desejam escapar dos lobos. Se alguém questionar a nossa vocação, digam-lhe que examine os nossos escritos, nos quais nos provamos plenamente a nós mesmos, ou que nos procure – pois, irmãos, permitam-me falar-lhes com franqueza: o mal agradecido desdém por um  ministério fiel é a vergonha desta terra!”. (p. 31-32)

“Não sejam orgulhosos a ponto de pensar que vocês são os seu próprios diretores espirituais”. (p. 32)

ATENÇÃO: “Saiam em busca dos seus mestres e não esperem que eles venham atrás de vocês. ‘Pois eu confesso que não é pequena tristeza para alguns de nós, que temos que lidar com multidões, não termos tempo nem forças para falar com todas e cada uma das pessoas de nossas igrejas e atendê-las conforme as exigências das suas necessidades. Mas tratemos de zelar por isso, de modo que, embora não fazendo da melhor maneira o que gostaríamos de fazer, não sejamos faltosos naquilo que temos capacidade para fazer. Mas, uma vez tendo os nosso coração repleto de zelo por Deus, e cheios de compaixão pelas almas do rebanho, levantar-nos-emos e o faremos”. (p. 32)

ADM.: Se levarmos realmente a sério as palavras de Paulo em Atos 20.28 “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”. temos que concordar com Baxter quando ele comentando esse texto afirma que: “se o rebanho deve ser cuidado, nenhuma igreja deve ser numericamente maior que a capacidade de supervisão pessoa dos pastores, para que estes possam olhar ‘por todo o rebanho'”.(p. 33-34) Lembre-se que Baxter tem uma congregação de 800 famílias ou seja algo ente 1.600 a 3.200 pessoas.

2 | O caráter do pastor e nosso intercâmbio com outros pastores

1. Pureza dos motivos

“O interesse próprio é uma escolha infeliz e contra-producente. Assim, a abnegação a auto-negação, é absolutamente necessária a todo cristão. Mas é duplamente necessária ao ministro do evangelho, porque é seu dever ter redobrada santificação e dedicação a Deus. Sem abnegação, nem por uma hora ele poderá servir a Deus”. (p. 35)

Um alerta especial aos com inclinação para uma constante vida estudantil. “Há os que adquirem conhecimento pelo valor do conhecimento – e isto é vaidade de baixo nível. Mas há os que desejam tê-lo para edificar outros – e isto é amor. E há outros que o desejam para que eles mesmos sejam edificados – e isto é sabedoria”. (p. 36)

2. Diligência e trabalho duro

Um dos trabalhos mais árduo do pastor consiste em livrar-se da tentação, e aos outros, dominando assim o diabo e destruindo o seu reino ao mesmo tempo em que edifica o de Deus. (p. 36)

E para tanto precisamos seguir estudando “estrenuamente (com valor, coragem), pois o poço de conhecimento espiritual é fundo, e nossos cérebros são rasos”. (p. 36)

Parafraseando Bernardo de Claraval podemos seguramente afirmar que quem não se envolve na obra de Deus, muito provavelmente está envolvido na dos demônios. E se você não tomou parte ativa no reino de Deus por receio de algum prejuízo, não temos conhecimento de ninguém ter sofrido qualquer prejuízo por servir a Deus como Ele quer. (p. 36)

3. Prudência e eficiência

“As pessoas devem ser introduzidas num estado de Graça antes de se esperar que pratiquem as obras da Graça”. (p. 37)

“Jamais devemos ir além das capacidade do nosso povo, nem devemos ensinar maturidade cristã aos que não apreenderam a primeira lição”. (p. 37)

“Assim como não ensinamos às crianças os princípios avançados da ciência, mas primeiro lhes ensinamos o alfabeto e depois, frases, assim também os doutores da igreja devem ensinar primeiro as suas igrejas as doutrinas básicas da fé, e só então, e unicamente de maneira graduada, descerrar-lhes as questões mais profundas”. (p. 37)

“É por isso que a Igreja se preocupa com os seus catecúmenos, antes de os batizar. Isso por não querer pedras britas no edifício, como João Crisóstomo o assinala numa das suas homilias”. ((p. 37)

4. Certeza quanto às doutrinas básicas

“Ensinar Cristo ao nosso povo é ensinar tudo”. (p. 37)

“A vida é curta e nós somos limitados”. (p. 38)

“A focalização das verdades eternas e do modo como as almas dependem do nosso ensino é de grande valor”. (p. 38)

“Pregador […] não se deixem tentar pelas novidades”. (p. 38)

5. Ensino claro e simples

“A verdade ama a luz. É mais bela quando mais transparente”. (p. 39)

Pregadores, “se o seu objetivo não é ensinar, o que estão fazendo no púlpito? E se o seu objetivo é ensinar, por que não falar de maneira que sejam compreendidos?” (p. 39)

“Não ser claro mostra que, na verdade, vocês não digeriram bem o assunto”. (p. 39)

“A verdade requer capacidade para recebê-la”. (p. 39)

6. Dependência de Deus e docilidade perante os outros

Eis a oração de um cristão que entende sua real condição para trabalhar na obra de Deus: “Senhor, enviarás alguém com coração descrente como eu, a persuadir outros a crer? Deverei pelejar diária e zelosamente com os pecadores acerca da vida e da morte eternas, sendo que eu mesmo não tenho verdadeira fé e sinceros sentimentos quanto a estas importantes questões? Vendo-me, Senhor, como estou nu e despreparado para essa obra, prepara-me com os recursos necessários para tal tarefa”. (p. 40)

Aquele que entende a real necessidade de ser um suplicante, deu o primeiro passo para poder ser um mestre.

“Quem não ora pelo seu rebanho não lhe pregará poderosamente”. (p. 40)

“Paulo nos dá muitas vezes o seu próprio exemplo, como alguém que ora ‘dia e noite’ por seus ouvintes”. (p. 40)

7. Humildade 

“Quando ensinamos, devemos estar abertos também para aprender de qualquer que nos possa ensinar”. (p. 40)

“Não ajamos como se já tivéssemos chegado ao topo, e os outros tivessem que sentar-se aos nossos pés”. (p. 41)

“O orgulho é um mal que prejudica os que pretendem levar outros a marchar humildemente para o céu. Portanto, tenhamos cuidado, para não suceder que, tendo conduzido outros para lá, as portas se mostrem estreitas demais para nós mesmos. Ora, se Deus pôs para fora um anjo orgulhoso, tampouco tolerará um pregador orgulhoso”. (p. 41)

“O orgulho é causa de cismas, apostasias, usurpação arrogante e outras formas de imposição. Daí, é causa também do ministério ineficaz de tantos e tantos ministros, que pura e simplesmente são demasiado orgulhosos para aprender”. (p. 41)

“Como Agostinho disse a Jerônimo, ‘Embora seja mais próprio do idoso ensinar que aprender, também lhe é mais próprio aprender que ficar na ignorância”. (p. 41)

“A humildade nos ensina a aprender de boa vontade tudo que não sabemos, por, se quisermos ser mais sábio do que todos, temos que estar dispostos a aprender de todos. Pois aquele que receber de todos será o mais rico”. (p. 41)

8. Equilíbrio entre a severidade e a delicadeza

9. Espírito zeloso e afetuoso

“Sabiamente dizia Gregório: ‘Devemos ser como o galo. Antes de cantar, ele bate as assas e se golpeia com elas, para ficar mais vigilante. Semelhantemente, os pregadores, quando estão para proclamar a Palavra de Deus em público, primeiramente devem exercitar-se na devoção espiritual”. (p. 42)

“Falar com frieza e superfluidade das coisas celestiais é muito pior que não dizer nada a ninguém”. (p. 42)

10. Reverência

“Quanto mais reverente for o pregador, mais ele falará como se estivesse vendo a face de Deus. Tal homem afetará muito mais profundamente o meu coração – ainda que empregue linguajar bem simples – do que alguém que seja irreverente e apenas fale com eloquência. A transpiração não substitui a inspiração“. (p. 42)

“Portanto, se o calor da palavra não for acompanhado pela reverência a Deus, terá pouco efeito sobre os ouvintes”. (p. 43)

“De todas as formas de pregação que muito me desagradam, tenho ojeriza pela pregação que alegra os ouvintes com muitas pilhérias e os entretém com diversão superficial. É como se estivessem fazendo uma representação teatral, em vez de serem temidos pela santa reverência ao caráter de Deus”. (p. 43) e o mesmos é tristemente percebido nos nossos dias.

Atenção: “Nalguns homens há um tom espiritual que os ouvintes piedosos podem discernir e fruir, ao passo que a outros falta esse toque secreto, de modo que, mesmo quando estão falando coisas espirituais, comportam=se como se estivessem tratando de assuntos triviais”. (p. 43)

“A autoridade de escritores como Aristóteles é até de menor valor, visto que a sabedoria do mundo não deve ser engrandecida em contraste com a sabedoria de Deus. A filosofia deve ser ensinada a inclinar-se diante da fé e a servi-la, enquanto que a fé tem a principal influência sobre as nossas vidas. Os grandes estudiosos da escola de Aristóteles devem ter muito cuidado para não glorificar demasiadamente o seu mestre. Ao mesmo tempo, não desprezem eles os que estão abaixo da  sua conquista intelectual. Não desprezem os que lhes são inferiores em sua capacidade intelectual.. Sim, pois, enquanto que os intelectualmente dotados podem ser grandes aos olhos dos homens, podem ser os menores no reino de Deus. Um homem mais sábio que qualquer deles declarou que não se gloriava senão em Cristo crucificado. Como disse Gergório, ‘Deus chamou primeiro os indoutos, e depois só filósofos. Ele não ensinou os pescadores por meio dos mestres da oratória, mas ensinou os mestres da oratória por meio dos pescadores”. (p. 43-44)

Focalizem a Palavra de Deus: “Todos os homens têm o seu mérito, mas nenhum se compara com a Palavra de Deus. Não recusemos os seus serviços, mas abominemo-los como rivais da Palavra. É sinal de fraqueza da alma, perder o gosto pela excelência das Escrituras. Há uma natureza comum no coração espiritualmente devotado à Palavra de Deus, porque esta é a semente que frutifica vida nova. A Palavra é o selo que imprime tudo que é santo nos corações dos crenes verdadeiros, pois ele deixa estampada neles a imagem de Deus. Portanto, eles devem assemelhar-se à Palavra e dedicar-se alta estima, enquanto viverem. Agostinho fala de certo seguidor de Platão que dizia que a parte inicial do Evangelho Segundo João deveria ser escrita com letras de ouro e ser colocada nos lugares mais proeminentes de todas as igrejas’. Se um simples pagão pôde dar tanto valor a um trecho que se ajustava ao seu platonismo, quanto mais devemos nós valorizar a Bíblia toda, como vital que é para todo o nosso caráter e interesse cristão! Deus é o melhor mestre da Sua natureza e da Sua vontade”. (p. 44)

11. Amorosa preocupação pelo rebanho

“Precisamos fazer que vejam que nada nos agrada mais do que aquilo que lhes é proveitoso. Devemos mostrar-lhes que aquilo que lhes faz bem, igualmente nos faz bem. Devemos sentir que nada nos preocupa mais do que aquilo que se fere”. (p. 45)

“Nossos filhos na fé devem ver que nós não nos preocupamos com as coisas externas – nem a própria vida – em comparação com a preocupação que temos com a salvação deles. Em vez disso, à semelhança de Moisés, devemos estar dispostos a ter o nosso nome riscado do livro da vida por amor deles, antes que deixá-los perecer e não se acharem no Livro da Vida do Cordeiro”. (p. 45)

“Muitos julgam o conselho que recebem pelo modo como recebem a afeição dos seu conselheiro. Vejam que tenham terno amor pelos membros do seu rebanho, e então eles o sentirão em seus discursos e o verão em seu modo de tratá-los . Façamo-nos ver o que vocês passaram e passam por amor deles. Façam-nos ver que tudo o que vocês fazem é para o bem deles, e não para os seus próprios fim”. (p. 45)

“Se você pode dar, dê; se não pode, mostre que se preocupa”. (p. 46)

“Um homem mau nunca poderá ser um verdadeiro amigo. Se vocês protegerem a iniquidade dos ímpios, mostrarão que vocês mesmos são ímpios. Portanto não finjam amá-los, se lhes favorecem os pecados e não procuram verdadeiramente a salvação deles”. (p. 46)

UAU! “Por sua conivência com os pecados alheios, vocês mostram que estão em inimizade com Deus”. (p. 46)

12. Paciência

Se prepare, “quanto mais os amarmos, mais nos odiarão”. […] Mesmo quando eles menosprezarem e rejeitarem o nosso ministério e nos mandarem cuidar da nossa própria vida, devemos continuar cuidando deles com perseverança, desde que estamos tratando de pessoas desnorteadas que rejeitam o seu médico. Não obstante, devemos persistir na busca da sua cura. É deveras indigno o médico que se retira apenas por causa do linguajar tolo do paciente”. (p. 47)

“Não esperamos que os estultos reajam agradecidamente como sábios”. (p. 47)

“Servirão para testar-nos e para mostrar-nos se os restos do velho Adão ainda são bastante fortes em nós para fazer que os nossos corações reajam com orgulho e raiva. É o novo homem em Cristo que pode reagir com mansidão e paciência. Como é triste, porém, quando muitos ministros do evangelho fracassam nesta prova!”. (p. 47)

A necessidade de unidade e companheirismo entre pastores

“Sejamos unidos como companheiros na realização da obra do Senhor. Precisamos procurar as virtudes sociais da unidade e da paz das igrejas que estão sob os nosso cuidados. Precisamos preocupar-nos com o sucesso de toda a obra de Deus. Precisamos fortalecer a causa comum à qual servimos, bem como interessar-nos pelo bem-estar de cada membro do nosso rebanho. Isto é, precisamos ter visão mais larga, para a ampliação do reino de Cristo”. (p. 48)

“Precisamos apegar-nos à antiga simplicidade da fé cristã original, e construir os nossos alicerces sobre a sua unidade original. Devemos detestar a arrogância dos que hostilizam e dividem a Igreja de Deus sob o pretexto de corrigir erros e defender ‘a verdade’. É evidente que se deve defender a suficiência das Escrituras. mas não permitamos que acrescentem coisa alguma a elas”. (p. 48)

“Devemos procurar saber com clareza a distinção entre certezas e incertezas, entre questões fundamentais e explicações que não passam de teorias especulativas. Então poderemos distinguir claramente entre os fundamentos da fé e as questões que são apenas opiniões particulares. A paz da Igreja depende daqueles, e não destas”. (p. 48)

“Quão trágico é que alguns estraçalham seus irmãos como hereges, sem nenhum esforço anterior para compreendê-los! Devemos aprender a entender os motivos básicos das controvérsias, e então reduzi-las ao ponto no qual possamos distinguir as falsas diferenças das genuínas, ao invés de só vermos os preconceitos. Então seremos capazes de refrear-nos, deixando de tornar as diferenças piores do que elas realmente são. Em vez de brigarmos com os nossos irmãos, cooperemos todos contra os nossos verdadeiros adversários comuns” . (p. 49)

“Manter o amor e a comunhão uns com os outros é o que a Palavra de Deus nos manda fazer”. (p. 49)

“Seu crescente azedume uns para com os outros só serve para fortalecer o inimigo comum, assim como impede a edificação e a prosperidade que a Igreja deveria estar experimentando atualmente”. (p. 50)

Capítulo 3 | Cuidando de nós mesmos

“Podemos proclamar a outros a necessidade de um Salvador, e em nossos próprios corações negligenciá-Lo”. (p. 51)

“Podemos morrer de fome enquanto preparamos comida para outros”. (p. 51)

“Poderá alguma pessoa razoável imaginar que Deus possa salvá-la por ter ela oferecido a salvação a outros, enquanto ela própria a recusa para si? Poderá salvar-se quando diz a outros as verdades que ela própria negligencia e injuria?” (p. 52)

“Muitos alfaiates podem andar vestido de tropos, enquanto confeccionam roupas caras para outros. Muitos cozinheiros podem ficar a lamber os dedos, tendo preparado os pratos mais suntuosos para outros comerem. Creiam, irmãos, que Deus jamais salvou homem algum por ser pregador. Tampouco rejeitou alguém por não ser pregador capaz. Ele salvou o pregador porque foi um homem justificado e santificado”. (p. 52)

Certifique-se de crê naquilo que diariamente persuade outros a crerem. Assegure-se de que já acolheu cordialmente a Cristo e ao Espírito Santo em sua alma, antes de os oferecer a outros. Aquele que o mandou amar o seu próximo como a si mesmo, quis dizer igualmente que você deve amar-se a si próprio, em vez de odiar-se e destruir-se a si próprio – e a outros também”. (p. 52)

Cuidado para não sermos culpados daquilo que talvez condenemos diariamente. Engrandecer a Deus seria a obra da qual nos incumbimos? E, havendo feito isso, iremos desonrá-lo como tantos outros? Proclamaremos o poder dominado de Cristo? E, contudo, tendo falado desse poder, nós mesmos O negaremos e nos rebelaremos contra Ele? Pregaremos as leis de Deus, e ao mesmo tempo as infligiremos deliberadamente? Se o pecado é mau, por que viver nele? Se não há pecado, por que procuramos dissuadir dele os homens? Se é perigoso, como ousamos praticá-lo? Se não existe, como nos atrevemos a dizer aos homens que existe? Se as ameaças de Deus são verdadeiras, por que não as tememos? Se são falsas, por que afligimos desnecessariamente os homens com elas e os deixamos aterrorizados sem motivo?“. (p. 52)

“Vocês, que ensinam outros, como não se ensinam a si próprios?” . (p. 53)

“O quê? A língua que fala o mal também haverá de falar contra o mal? Criticará, caluniará, difamará enquanto despreza este comportamento e outros semelhantes nas outras pessoas? Olhem por vocês, pois, pra não suceder que desprezem o pecado, e, contudo, não o dominem em si próprios”. (p. 53)

“Sim, é mais fácil julgar o pecado que dominá-lo”. (p. 53)

“É preciso que não seja um bebê no conhecimento aquele que quer ensinar aos homens as coisas misteriosas que necessitam saber para assegurar-se da salvação”. (p. 53)

“Não pensem que a prédica é a parte mais dura do nosso trabalho. Todavia, quanta habilidade é necessária pra dar clareza à verdade, a fim de persuadir os nossos ouvintes”. (p. 54,55)

“Um tão grande Deus, cuja mensagem proferimos, deve ser honrado pela maneira como a transmitimos”. (p. 55)

“Não percamos tempo: estudemos e oremos, palestremos e pratiquemos Com estes quatro meios as nossas capacidades aumentarão”. (p. 56)

“Cuidado, para não desfazerem com suas vidas o que dizem com suas línguas. Cuidado, para não se tornarem, vocês mesmos, o maior obstáculo aos sucesso dos seus trabalhos“. (p. 56-57)

“É deste modo que se faz com que os homens achem que a Palavra de Deus não passa de um conto ocioso e que a pregação não pareça melhor do que qualquer tagarelice”. (p. 57)

“Digam-me, irmãos, no temor de Deus, vocês têm consideração pelo bom êxito dos seus trabalhos, ou não? Vocês esperam vê-los causar efeito nas almas dos seus ouvintes? Se não, por que pregam? Para que estudam? Por que se denominam ministros de Cristo? Mas se têm essa consideração e essa esperança, certamente não poderão achar dentro dos seus corações do desejo de prejudicar o seu trabalho com alguma coisa indigna”. (p. 57)

Estudam arduamente para pregar com exatidão, e, todavia, estudam pouco ou nada para viver com exatidão. A semana inteira é curta para preparar-se para falar duas horas; e, contudo, uma hora parece tempo demais para preparar-se para viver uma semana. Causa-lhes repulsa a má colocação de um vocábulo em seus sermões; mas não se preocupam nem um pouco em colocar mal os sentimentos, as palavras e as ações no transcurso das suas vidas. Ah, que pregações nobres e interessantes tenho ouvido de alguns homens, e quão relaxadamente os tenho visto viver!“. (p. 57)

“Devemos preparar-nos tão arduamente para viver bem como para pregar bem”. (p. 58)

MOTIVOS PARA CUIDARMOS DE NÓS MESMOS

1º – Vocês têm o céu para ganhar ou perder

“Apregoamos aspirações à vida celestial, ao passo que nós mesmos permanecemos na busca de interesses mundanos e terrenos”. (p. 59)

Cuidado com o colarinho clerical

“Uma santa vocação não salvará um homem que não é santo”. (p. 59)

“Vocês pensam realmente que podem ser salvos graças à sua profissão clerical?” (p. 59)

Você também tem uma alma para salvar ou perder como os demais. (p. 59)

2º – “Olhem por si mesmos, porque vocês têm uma natureza depravada”. (p. 59)

“Por mais que preguemos contra o pecado, ele ainda permanece em nós”. (p. 59)

“Os ministros não são somente filhos de Adão; são também pecadores contra a graça de Deus. Os nosso corações traiçoeiros nos enganarão, num momento ou noutro, se não tivermos cuidado. Aqueles pecados que parecem estar mortos, reviverão. Nosso orgulho, mundanismo, e muita maldade corrupta farão brotar aquilo que julgávamos já ter sido arrancado com raízes e tudo. Daí, é-nos vital dar-nos conta de como somos realmente fracos. Então seremos cuidadosos com o regime e com os exercícios das nossas almas”. (p. 60)

3º – “Olhem por si mesmos porque vocês têm maiores tentações estão mais expostos a elas que os outros homens”. (p. 61)

4º – “Satanás odeia os líderes subordinados a Cristo mais do que aos soldados rasos”. (p. 61)

“Esta é a insígnia dos fariseus: ‘Dizem e não praticam’ (Mateus 23.2)”. (p. 62)

😢 “Quanto mais perto de Deus os homens estiverem, mais desonra Ele sofrerá por nossas faltas e delitos”. (p. 63)

“Ele condena os outros em seus sermões, mas se condena a si próprio com a sua vida e a sua conduta”. (p. 64)

“Geralmente, Deus prepara e qualifica homens para grandes obras, antes de usá-los como Seus instrumentos em sua realização”. (p. 65)

😢 “Os não santificados fazem da carreira ministerial apenas um comércio com o qual ganham a vida”. (p. 65)

COMO PODERÃO VOCÊS LUTAR CONTRA SATANÁS, SE SÃO SEUS SERVOS? Vocês acham que alguém que é servo de Satanás pode lutar com todas as suas forças contra Satanás? Causará ele algum grande dano ao reino do mal, quando ele mesmo é membro e súdito desse reino? Será fiel a Cristo aquele que está em aliança com o Seu inimigo, e que não tem Cristo no coração? Esta é a situação de todo homem não santificado, seja qual for o tecido do seu casaco. Os que se acham neste caso não servos de Satanás e súditos de seu reino. É ele quem governa os seus corações. Assim, terão alguma probabilidade de ser fiéis a Cristo os que são governados pelo diabo? É desastroso que tantos pregadores do evangelho sejam inimigos da causa do evangelho que pregam. Quantos traidores desse naipe houve na Igreja de Cristo através de todos os séculos! Eles têm feito mais dano contra o Senhor Jesus usando suas cores, do que jamais poderiam ter feito no campo de combate aberto contra Ele. Falavam bem de Cristo e das Escrituras, da religiosidade em geral, e todavia, fingidamente e no íntimo procuravam arruinar a Causa, pois faziam os homens crer que os seguidores de Cristo são todos um bando de hipócritas ou de fanáticos presunçosos. Assim, quantos lobos têm sido postos a dirigir as ovelhas, vestidos de peles de ovelhas! Fingem-se de cristãos, mas não são. Se houve um traidor entre os doze do colégio dos apóstolos de Cristo, não há por que espantar-nos de que haja muitos deles hoje”. (p. 67)

“Deus pode fazer o bem à Sua Igreja por meio de homens ímpios, e por vezes o faz, mas não o faz usualmente e proeminentemente. Antes, o Seu método normal é utilizar os Seus servos fiéis”. (p. 68)

Capítulo 4 | O pastor e sua necessidade de arrependimento

“Assim Deus deverá humilhar-nos primeiro, se quiser usar-nos. Todavia, a tristeza do arrependimento poderá vir sem mudança do coração e da vida. Portanto, aqui podemos dar início à nossa confissão – a necessidade de verdadeiro arrependimento”. (p. 69)

“É triste pormos a nossa igreja a dormir com a nossa prédica, mas é trágico pôr-nos a nós mesmos a dormir. Quão terrível é quando falamos tão longamente contra a dureza de coração dos ouvintes, e, contudo, ficamos endurecidos e surdos ao ruído das nossas próprias repreensões!”. (p. 71)

“A glória do nosso elevado ofício não transmite nenhuma glória aos nosso pecados, nem propicia nenhuma capa que cubra a nossa nudez, pois “o pecado é o opróbrio dos povos” (Provérbios 14.34)”. (p. 71)

Comentário bíblico: “Ali estava Pedro, que fora chamado ‘Satanás’ por seus infelizes pensamentos, contrários à missão do Redentor. Ali estava Judas, representante do orgulho experimentado por todos eles, em sua luta por posição elevada. E também, que diremos do fato de que todos eles O abandonaram, e ainda dos seus fracassos após o derramamento do Espírito Santo? Que dizer da contenda pública entre Paulo e Barnabé, que os separou? De Pedro, que entendeu tão mal a vocação dos gentios, e da sua conformidade com os judeus, que pôs em perigo a liberdade dos gentios? (Gálatas 2.11-16). Que dizer do abandono em que ficou Paulo em seu sofrimento, quando ele admitiu: ‘… a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus’ (Filipenses 2.20-21)”. (p. 71)

Confissão dos nossos pecados atuais

Baxter em sua revisão histórica dos pecados da Igreja relaciona quatro deles: Orgulho, falta de união, falta de consagração à causa de Deus e a falta de disciplina na igreja.

1. Orgulho

“Ele vulgariza e polui, ele desonra os nossos sermões, como se fosse um príncipe com traje de ator ou um palhaço disfarçado”. (p. 75)

😢 “O orgulho refaz muitos sermões do pregador, e o fim em vista não é a glória de Deus, e sim o progresso de Satanás”. (p. 75)

“Em vez de perguntarem, então, ‘Que falarei, e como falarei para agradar ao máximo a Deus e para fazer o maior benefício?’, o orgulho os leva a indagar: ‘Como pregarei, para ser considerado um pregador competente e para ser aplaudido por todos os que me ouvirem?”. (p. 76)

“Não é verdade que cada qual tem sua finalidade no todo? Pois se a glória de Deus e o bem-estar da Igreja não forem o seu propósito, ele não é cristão. Que coisa terrível é, então, que os homens estejam tão sem temor de Deus a ponto de invejarem os dons de Deus e deixarem que os seus ouvintes mundanos continuem não convertidos. É lastimável que prefiram que o ministério seja exercido por um dorminhoco que vive sonolento, a deixar que alguém o exerça, o qual goze da preferência geral em vez deles”. (p. 76)

😬 “Temos tantos papas entre nós” (p. 77)

“Gostamos da pessoa que reitera o que dizemos, que concorda com a nosso opinião e que promove a nossa reputação. Mas a achamos ingrata quando ela nos contradiz, diverge de nós, fala com franqueza conosco sobre os nossos erros e nos aponta as nossas faltas”. (p. 77)

“Somos tão sensíveis que quase não aguentamos que nos repreendam, tão arrogantes que dificilmente os outros conseguem falar conosco e tão mimados, como crianças, que não podemos suportar crítica de ninguém. Assim, a nossa indignação não vem do fato de escrevermos ou falarmos qualquer coisa falsa ou injusta. Vem do medo de sermos contraditados”.  (p. 77)

“Que o Senhor tenha misericórdia dos ministros dessa terra, e depressa nos dê outro espírito, pois a graça é algo muito mais precioso do que pensamos”. (p. 77)

A necessidade de humilhar-nos a nós mesmos constitui o âmago do evangelho. A obra da graça só é iniciada e sustentada pelo exercício da humildade. A humildade não é apenas um ornamento do Cristão. É parte essencial da nova criatura. É contradição ser um homem santificado, ou um verdadeiro cristão, e não ser humilde“. (p. 77)

“Acaso Cristo Se relaciona com os cansados e oprimidos, e nós os evitamos, considerando-os desprezíveis? Achamos que só são aptos para a nossa sociedade os ricos e os que ocupam posição honrosa. Quantos de nós são vistos mais frequentemente nas casas de pessoas da alta classe, do que nos casebres dos pobres, justamente de gente que mais precisa do nosso auxílio!”. (p. 78)

“Ah, de que nos orgulhamos? De nosso corpos? Não são eles como os dos animais, como o pó da terra? Orgulhamo-nos das nossas graças ou bênçãos? Ora, quanto mais orgulhosos ficarmos delas, menos orgulhosos deveremos ser. Quando tão grande parte da natureza da graça é humilde, é absurdo ter orgulho dela. Orgulhamo-nos da nossa cultura, dos nossos conhecimentos e dos nossos talentos? Pois bem, certamente devemos compreender que, se temos algum conhecimento, deveria humilhar-nos o fato de sabermos tão pouco! Se sabemos mais que os outros, certamente temos maiores motivos para sermos mais humildes do que eles. Assim, a nossa real ocupação deve consistir em ensinar a lição da abnegação e da humildade ao nosso povo, e em mostrar como não nos fica bem orgulhar-nos de nós mesmos. Portanto, devemos estudar a humildade e pregá-la, bem como possuí-la e praticá-la. O pregador orgulhoso que prega a humildade é, para dizer o mínimo, um homem que se condena a si mesmo. Todavia, como é triste que não discernimos facilmente o vil pecado do orgulho! Pois há muitos que jugam orgulhosamente o orgulho dos outros, e não o notam neles próprios. Estes têm tal arrogância, espíritos tão próprios”. (p. 78)

“Na verdade, o orgulho é um pecado maior que o adultério e a bebedice. A humildade é tão necessária como a castidade e a sobriedade”. (p. 79)

“A tentação do orgulho é sermos pregadores zelosos e pessoas devotas. Que coisa esplêndida ser elogiado como o mais espiritual e competente do país! Ser conhecido no país inteiro por possuir as mais altas qualidade espirituais! Ah, meus irmãos, basta que lhes dêem um pouco de estímulo, e vocês se encherão de orgulho, e se deixarão induzir. Com poderá virar a cabeça de vocês, serem considerados como colunas da Igreja, verem os homens pendentes das suas palavras e serem governados por vocês! Portanto, sejam vigilantes e, em todos os seus estudos, tratem de estudar a humildade. “E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mateus 23.12)”. (p. 79)

2. Menosprezo pela unidade e paz da igreja

“Com muita frequência vemos homens acessos à unidade da igreja e invejosos dela. Se os católicos romanos tendem a fazer da igreja um ídolo, deverão os protestantes ir ao extremo oposto, negando-a, desconsiderando-a e causando divisões? Pois é pecado grave e comum fazer parte da religião como facção e limitar o amor e respeito a uma denominação, em vez de estendê-lo à Igreja […]. Da multidão dos que dizem que são da igreja católica, é raríssimo encontrar os que são de espírito católico”.  (p. 80)

“(Tg 3.13-18). Rogo-lhes que leiam, releiam e estudem estas palavras”. (p. 82)

3. Falta de compromisso com a obra de Deus

“A situação geral, mesmo entre ministros piedosos, é de que agimos com reserva e até com negligência. Quão poucos há, em nosso ofício, que são verdadeiramente devotados a ele, e que dão tudo que têm para desempenhá-lo”. 😢 (p. 82)

“É comum sermos negligentes em nossos estudos”. (p. 82)

“Que precisamos para manter-nos apegados aos nosso estudos e para fazermos a nossa penosa busca da verdade? Será o desejo natural de aprender? Será o impulso espiritual para conhecermos a Deus? Será a consciência da nossa grande ignorância e fraqueza? Ou será o senso do solene dever que temos para com a obra ministerial?”. (p.  83)

“Muitos ministros só estudam o bastante para o preparo dos seus sermões e pouca coisa mais”. (p. 83)

“A experiência nos diz que não podemos ser cultos ou sábios sem estudo árduo, sem trabalho incansável e sem exercício constante”. (p. 83)

“Realizar a obra do Senhor, esta deve ser realizada mais vigorosamente do que é feita pela maioria de nós”. (p. 83-84)

“Poderíamos falar friamente de Deus e da salvação dos homens? Portanto, irmãos, em nome de Deus, esforcem-se para despertar os seus próprios corações, antes de tentarem despertar os corações dos pecadores”. (p. 84)

“Temos liberdade para realizar a obra de Cristo e, contudo, não o fazemos”. (p. 87)

“Que abundância de boas obras estão diante de nós, e quão poucas delas nos empenhamos em praticar!”. (p. 90)

“Considero francamente que o grande e lamentável pecado dos ministros do evangelho é que eles não são plenamente dedicados a Deus. Eles não se dão totalmente à bendita obra que se incumbiram de realizar”. (p. 90)

“Não é verdade que os interesses que agradam a carne e favorece o ego – diferentemente dos de Cristo – nos fazem negligenciar o nosso dever e nos levam a proceder infielmente para com a grande confiança que Deus depositou em nós? Não é verdade que servimos a Deus de maneira singela e barata? Não o fazemos de modo que recebemos grandes elogios? Não evitamos aquilo que nos custaria maior sofrimento? Isso não nos mostra que buscamos as coisas da terra, e não as do céu? Não nos mostra que nos preocupamos com as coisas que são de baixo? Não é verdade que, enquanto proclamamos as verdades do alto, idolatramos o mundo? Então, irmãos, que nos resta dizer, senão confessar chorando que somos culpados de muitos pecados já mencionados? Não precisamos humilhar-nos e em lamentação por nossos descaminhos diante do Senhor?”. (p. 90-91)

4. Falta de disciplina eclesiástica

“Havendo deveres eclesiásticos para serem cumpridos, quantos não há que os negligenciam para ficarem cuidando dos seus interesses particulares? […] afazeres que recebem prioridade acima dos interesses de Deus”. 😢 (p. 85)

“Se vocês não podem sofrer por amor a Cristo, por que lançaram mão ao arado?”. (p. 85-86)

“Estou certo de que a exclusão da comunhão é um recurso de Deus. É o Seu derradeiro recurso, quando as reprovações não surtem efeito. É errado, pois, negligenciar o último recurso. Contudo, os que estão dentro e os que estão fora da comunhão da igreja poderão receber benefício desse recurso, ainda que o ofensor não receba nenhum”. (p. 86)

“Deus será honrado quando se torna evidente que a Sua igreja é diferente do mundo. Também é importante não confundir os herdeiros do céu com os do inferno. E não devemos permitir que o mundo pense que Cristo e Satanás não estão em conflito, tendo ambos idêntica inclinação para a santidade ou para o pecado”. (p. 86)

“Confesso que, nalguns ministros, vejo pouco fogo do amor divino, da caridade cristã e da compaixão, e nenhum espírito que reflita o céu, como também nenhum senso das suas próprias fraquezas. Em vez disso, há muito daquele outro tipo de zelo que Tiago descreve e que arte como fogo e os enche de suspeitas, censuras rancorosas e maledicências entre os seus irmãos (Tiago 3.14-15). Vivem eles com inveja e ciúme uns dos outros, em vez de conviverem em amor e paz”. (p. 87-88)

O diabo olha com satisfação a nossa religiosidade pq sabe que ela esta fundamentada na fama, no progresso e nas recompensas pessoais. 😢

“Dinheiro é um argumento forte demais para alguns homens, e eles não resistem. É o que digo, Mas, o que é pior: se foi um pecado tão mortal de Simão Mago, oferecer dinheiro para comprar o dom de Deus, que se dirá do pecado de vender os Seus dons, a Sua causa e as almas dos homens por dinheiro?  Quanta razão têm os que fazem isso para temer que o seu dinheiro pereça com eles!”. (p. 88)

“Se os interesses mundanos e carnais não prevalecessem contra o interesse de Cristo e Sua Igreja, certamente muitos ministros seriam mais frutíferos em boas obras, e dariam mais do que têm dado para uso do Mestre”. (p. 88)

“Proporcionalmente aos seus talentos, vocês devem ir além”. (p. 89)

“I Tm 5.8 trata de provisões presente, e não porções futuras”. (p. 89)

Pais atenção: “Vocês devem educar os seus filhos, como outros fazem para que sejam capazes de ser mais úteis a Deus”. (p. 89)

“Deve-se guardar alguma proporção entre a nossa provisão para as nossas famílias, para a igreja e para os pobres. Um coração verdadeiramente caridoso e abnegado, que se tenha consagrado a si mesmo e tudo que possui a Deus, é o melhor juiz das proporções a serem estabelecidas. Uma pessoa assim é capaz de ver qual divisão do dinheiro tem a possibilidade de prestar maior serviço a Deus”. (p. 89)

“Sei que o mundo espera de nós mais do que nós mesmos esperamos. Mas, se não podemos corresponder às expectativas dos tolos, então, façamos o que pudermos para corresponder às expectativas de Deus, de nossas consciências e de todos os justos. Logo ,é da vontade de Deus que, com a prática do bem, silenciemos a ignorância dos insensatos”. (p. 90)

SEGUNDA PARTE – VELANDO PELO REBANHO

Capítulo 5 | Cuidando do rebanho

É “necessário considerar o que devemos ser e o que devemos fazer por nossas almas, antes de considerar o que deve ser feito pelos outros”. (p. 95)

A natureza deste cuidado

“E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam;”.1 Tessalonicenses 5:12

“Deus não nos impõe impossibilidades naturais”. (p. 96)

“Sucede que alguns pastores têm igrejas maiores do que a sua capacidade de ação e, assim, não lhes é possível cuidar bem do rebanho todo. Nesses casso, então, o pastor só deve se encarregar de fazer pelo rebanho o que puder fazer bem feito, e não tentar ir além disso”. (p. 96)

1. O supremo propósito do ministério 

“Supremo propósito de nossa vida […] é agradar e glorificar a Deus. […] estimular a santificação e a santa obediência, […] Promover a unidade, a ordem, a beleza, o poder, a preservação e o progresso do nosso povo”. (p. 96)

“Vive ele unicamente para ser agradável a Deus?”. (p. 97)

“Ninguém poderá ser sincero em servir a Deus, se não tiver os fins em mente de forma sincera”. (p. 97)

“Deve fixar seu coração na vida por vir e considerar as questões da vida eterna superiores aos interesses desta existência”. (p. 97)

2. O caráter espiritual do ministério

“Havendo-lhes mostrado os objetivos certos, nossa próxima tarefa será informar o nosso povo dos meios certos pelos quais atingi-los”. (p. 98)

Ensinar sobre: “o grande mistério da redenção: a pessoa, a natureza, a encarnação, a perfeição, a vida, os milagres, os sofrimentos, a morte, o sepultamento, a ressurreição, a ascensão a glorificação, o domínio e a intercessão do bendito filho de Deus.[…] mistérios da criação, providência, justificação, adoção, santificação e glorificação. Das tentações de Satanás e dos nossos próprios corações”. (p. 98-99)

Todos os cristãos são discípulos ou alunos de Cristo, e a Igreja é Sua escola. Nós somos os Seus atendentes. A Bíblia é Seu Livro-texto. E é isto que devemos estar ensinando diariamente aos que estão ao nossos cuidados”. (p. 99)

3. O objeto do nosso cuidado pastoral

“Vemos, então, que tem havido alguns que gostariam de pregar sem receber nada, contanto que tivessem liberdade pra pregar. Mas eles vão além e perguntam: não é melhor viver em condições econômicas reduzidas do que serem perdidos os seus paroquianos? Acaso seu pão é mais importante do que a salvação deles? Então, o meu povo pode viver na ignorância simplesmente porque eu reluto em deixar que a minha família passe alguma necessidade?”. (p. 101)

Parece-me que aquele que deixa um pecador ir para o inferno simplesmente por não lhe falar, d´menor atenção ao inferno do que o  Redentor de almas deu“. (p. 102)

“a maturidade do cristão é a honra da Igreja”. (p. 103)

O mundo tem maior capacidade de ler a natureza da religião na vida de um  homem do que na Bíblia“. (p. 103)

“Que crime odioso, fazer de Deus e da vida devota cúmplices dos seus pecados…(p. 105)

É responsabilidade do pastor: “esforçar-se para conhecer o temperamento natural de cada pessoa, sua situação é o contexto das suas ocupações no mundo”. (Florida, 105)

Pensando nos que caíram em pecado: Se “deixados como estão, serão cada vez mais úteis a Satanás e sua causa! Dá-nos tristeza ver todo o nosso labor chegar a isso, e sentir-nos frustrados quando nos preocupamos tão pouco com eles .Mas nos dá maior tristeza ainda ver que Deus sofre tantos abusos daqueles que Ele amou e por quem tem deito tanto! É trágico ver que o inimigo tira vantagem desta situação, e que Cristo é tão gravemente ferido na casa dos Seus amigos”. (p. 106)

Os críticos também precisam ser pastoreado.

4. A obra do ministério pastoral

“Não é fácil falar com clareza tal que os ignorantes possam compreender-nos. Ou pregar com tal seriedade que os corações mais completamente mortos possam mostrar-se sensíveis à mensagem. Ou arrazoar de maneira tão convincente que os contestadores fiquem silenciados”. (p. 108)

“Como poderemos providenciar o avivamento e um rebanho inteiro, se todo o trabalho for lançado unicamente sobre o pastor? Ou, se os chefes de família negligenciarem suas responsabilidades, qual será a extensão de um avivamento da igreja?”. (p. 109)

procurem informar-se sobre como casa família está organizada, e como Deus é adorado ali“. (p. 109)

O pastor não poderá esperar que o seu povo o honre, se ele não dedicar àqueles o amor e o respeito devidos a todos os cristãos como membros de Cristo“. (p. 110)

“Outro aspecto da nossa obra consiste em visitar os enfermos e ajudá-los a preparar-se para uma vida mais frutífera, ou ainda, mesmo para uma morte feliz. Quando virmos como podem ser vitalmente importantes os poucos dias ou horas que restam aos moribundos, começaremos a ver quão importante é dar-lhes acompanhamento e prestar-lhes serviço com vistas ao seu estado eterno. Tão grande é a mudança produzida pela morte, que deveria despertar a nossa mais profunda sensibilidade para compadecer-nos e interessar-nos por suas almas”. (p. 110)

“Ser contra a disciplina é ser contra o ministério pastoral; ser contra o ministério pastoral é ser contra a  igreja; e ser contra a igreja é ser contra Cristo”. (p. 114)

Capítulo 6 | Os motivos do cuidado pastoral

PRIMEIRA RAZÃO

“O primeiro ponto que devemos notar é que o ofício exige que olhemos por (cf. Atos 20.28). O que nos cabe supervisionar? Ser bispo, pastor ou presbítero não é postar-se como semideus ante o qual o povo deva prostrar-se, nem viver atendendo aos próprio desejos e prazeres carnais. É trágico quando os homens aceitam uma vocação e não sabem qual é a sua natureza e, portanto, não sabem com o que se comprometeram“. (p. 116)

Seu inimigo é sutil, pelo que vocês precisam ser prudentes. Seu inimigo é vigilante, pelo que vocês precisam estar de olhos abertos. Seu inimigo é malicioso, violento e incansável, pelo que vocês precisam ser resolutos, corajosos e infatigáveis. Vocês estão no meio de uma multidão de inimigos, rodeados deles por todos os lados; assim, se se cuidarem de um, e não de todos, vocês depressa cairão. Portanto, que tarefa vocês têm diante de si!“. (p. 117)

“Vejam também a multidão que se lhes apresenta. Vida lamentável é ter que arrazoar com gente que perdeu quase toda a capacidade de usar a sua faculdade de raciocínio. Que frustração é falar com gente obstinada e cheia de caprichos, que sabe o que quer, mas não sabe por quê. Argumentar com gente assim é falar com pessoas que não se entendem a si mesmas – e muito menos a vocês. Todavia, mostram-se tão confiantes em que estão certas, quando não têm outra razão para isso do que a sua confiança própria. A vontade delas é a razão para o seu critério e para as suas vidas. Uma vez que isso as satisfaz, terá que satisfazer a vocês”. (p. 117)

Que raízes têm os seus pecados!“. (p. 117)

“Quantos há que parecem ter tido uma significativa mudança de vida, mas quando os lucros e as honras do mundo os iludem, realmente não resistem!”. (p. 118)

SEGUNDA RAZÃO

Ninguém é obrigado a ser um pastor.

“Vejam como os seus intelectos imaturos os levam a desprezar o próprio mestre de quem aprenderam. Vejam como eles menosprezam vaidosamente a orientação e os conselhos daqueles que Cristo colocou sobre eles. Vejam, irmãos, que campo de trabalho há diante de nós!”. (p. 118)

“Não há pessoa que vocês encontrem que não precise de algum auxílio”. (p. 118)

“Com que facilidade, então pode qualquer cristão ser impelido a caminhos escandalosos e a desonrar o evangelho, se vocês não levarem a sério o seu ministério”. (p. 118)

“As dificuldades devem ativar-nos, não desanimar-nos. Se não pudermos fazer tudo, pelo menos façamos o que pudermos. Sejamos ministros fiéis, e não falhemos nem com os homens, nem com Deus”. (p. 118)

TERCEIRA RAZÃO

“Que grandiosa honra é serem embaixadores de Deus, instrumentos para a conversão e a salvação dos homens! Mas lutar por preeminência e posição, como muitos têm feito no transcurso da história da Igreja, é olvidar a natureza e a obra do ofício pelo qual lutam”. (p. 118-119)

“Embora os homens lutem e se afanem por esses ofícios honrosos, raramente vejo homens lutarem de maneira igualmente furiosa para serem o primeiro a chegar na pobre choupana de algum homem para ensinar-lhe, e à sua família, o caminho do céu. Ou, de fato, não vejo os homens competirem pelo primeiro lugar na ação de levar uma alma a Cristo, ou de tornar-se servo de todos. É estranho que, com todos os claros ensinamentos de Cristo, os ministros não querem entender a natureza do seu ofício! Se entendessem, cada qual lutaria para vir a ser pastor de um condado inteiro, e mais ainda onde houvesse dez mil pobres pecadores necessitados de socorro”. (p. 119)

QUARTA RAZÃO

“[…] ou façam o trabalho ou então deixem de receber o sustento”. (p. 119)

“Acaso nada vale terem recebido tão boa educação, quando outros recebem instrução simplesmente para estarem atrás do arado ou no estábulo? Não seria um privilégio usufruir esse aprendizado, quando tão grande parte do mundo jaz na ignorância?”. (p. 119)

“Mas, acima de tudo, não seria uma vida assaz maravilhosa poder estudar e pregar acerca de Cristo? Não seria bastante glorioso penetrar os Seus mistérios e alimentar-se deles, e explorar diariamente as veredas de Deus? Outros há que são gratos pelo dia do Senhor, quando têm umas poucas horas de lazer para fazê-lo. Mas nós não temos outra coisa a que devotar a nossa atenção no estudo e no galar, senão a contemplação da sagrada e salvadora verdade do Senhor. Podemos ficar num contínuo Sabbath – num santo repouso semana permanente. Quer a sós, quer com outros, a nossa ocupação tem a ver com o mundo por vir”. (p. 119-120)

“Quão prazeroso há de ser então púlpito, e quão deleitáveis as nossas reuniões! Todos estes privilégios, e outros mais, devem refletir-se na infatigável diligência que devemos dedicar à nossa obra”. (p. 120)

“Sejam fiéis a Cristo, e jamais duvidem de que Ele será fiel a vocês. Apascentem o Seu rebanho, e Ele os alimentará, como Deus alimentou a Elias. Se estiverem na prisão, Ele lhes abrirá as portas. Mas, então, vocês terão que socorrer as almas aprisionadas. Deus lhes dará língua e sabedoria a que nenhum inimigo poderá resistir. Neste caso, vocês terão que usá-las com fidelidade e a favor dEle”. (p. 120)

“Se vocês acreditam que Deus os resgatou para Si, vivam para Ele. Sejam incondicionalmente dEle, pois Ele fez tudo por vocês”. (p. 120)

Temos uma causa eficiente

“É o Espirito que faz de homens pastores da Igreja, de três modos. Primeiro, Ele os qualifica para o ofício. Segundo, Ele dirige os já ordenados para discernirem as qualificações e saberem quais são os homens mais aptos para a tarefa. Terceiro, Ele dirige o povo e os pastores no sentido de lhes atribuírem uma responsabilidade particular. Era e é o Espírito Santo que nos guia destas maneiras”. (p. 120-121)

“Embora a nossa vocação talvez não seja tão imediato, nem tão extraordinária, ainda assim vem do mesmo Espírito”. (p. 121)

“Portanto, não é empresa segura imitar Jonas e dar as costas à ordem de Deus. Se negligenciarmos nosso trabalho, Deus tem uma espora para nos acelerar. Se corrermos demais, Ele tem mensageiros que nos alcançarão e nos trarão de volta, e nos obrigarão a fazê-lo de novo. Daí, é melhor fazê-lo bem logo na primeira vez, e não na última”. (p. 121)

Temos grande dignidade de propósito

“Temos a nosso cargo a administração da própria família de Deus, e a negligenciaremos?”. (p. 121)

“Lembre-se disto quando regressarem do cumprimento de deveres penosos, desagradáveis e árduos, e se sentirem tentados a protelar o seu trabalho a favor das almas, passando a dedicar-se a cosias de monos importância e menos preocupantes. Vocês pensam que este é um modo honroso de tratar a ‘noiva de Cristo’? As almas dos homens que Deus planejou reunir para verem Sua face e viverem para sempre em Sua glória não seriam dignas da sua máxima consideração e labor? Têm vocês uma ideia tão baixa da Igreja de Deus, como se ela não merecesse o melhor do seu cuidado e do seu auxílio? Como se atreverão a dizer que os homens não merecem atenção?”. (p. 122)

“Ainda se atrevem a negligenciá-lo? Que alta honra ser membro desse povo, sim, um guardião da casa do Senhor. Ser sacerdote daqueles sacerdotes, governante daqueles reis; esta é a honra e a obrigação que vocês têm. Então, como multiplicar as suas obrigações para serem diligentes e fiéis em tão nobre causa?”. (p. 122)

Supervisionamos a igreja redimida por um precioso resgate – Importante

“Será que o sangue de Cristo foi derramado em vão?”. (p. 122)

“Ouçamos, então, as palavras de Cristo, toda vez que sentimos crescer em nós a tendência para nos tornarmos lerdos e relaxados. ‘Morri por eles, e vocês não querem cuidar deles? Eles foram dignos do Meu sangue e, todavia, não são dignos do seu labor? Eu desci do céu à terra para buscar e salvar o que estava perdido, e vocês não querem ir à porta vizinha ou à próxima rua ou povoação para procurar ganhá-los? Quão pequenos são o seu trabalho e o seu compassivo cuidado, comparados com os Meus? Eu me rebaixei para fazê-lo, mas para vocês é uma honra empregar-se nisso. Fiz e sofri muitíssimo pela salvação deles, Me dispus a fazer de vocês cooperadores Meus, e, contudo, recusam dar-Me o pouco que têm em mãos?”. (p. 123)

“Que vergonha passará um pastor negligente no dia final! O sangue do Filho de Deus pleiteará contra ele. Que vergonha, Cristo dizer contra ele: ‘O que você tratou com tanta leviandade, é a aquisição feita pelo Meu sangue’! Ó, irmãos que isto nos impulsione ao cumprimento do nosso dever, para que o sangue de Cristo não nos acuse e não nos condene!”. (p. 123)

“Quando esta incumbência atuar em nossos corações, ocorrerá o mesmo em nosso ministério”. (p. 123)

“Sei quão indigno instrutor sou para vocês; mas um instrutor vocês precisam ter. É melhor ouvir qualquer um falar-nos dos nosso pecados e do nosso dever, do que não ter ninguém que nos fale deles”. (p. 123)

Mais exortações sobre como e por que devemos cumprir nosso dever

1. Vejam que a obra da graça salvadora tenha sido realizada completamente em suas próprias almas.

“Vocês tremem ao abrir a Bíblia, no caso de lerem ali a sentença da sua própria condenação? Quando escrevem os seus sermões, mal se dão conta de que estão redigindo as acusações dirigidas às suas próprias almas! Quando estão argumentando contra o pecado, estão agravando o seu próprio pecado. Quando proclamam aos seus ouvintes as riquezas de Cristo e Sua graça, estão publicamente a sua própria iniquidade por rejeitá-las, e a sua própria infelicidade por estarem sem elas”. (p. 124)

“Se vocês mencionam o inferno, mencionam a sua própria herança. Se descrevem as alegrias do céu, descrevem a sua própria desgraça, de não terem direito a ele”. (p. 124)

“Que miserável existência o indivíduo ter que estudar e pregar contra si mesmo e passar todos os seus dias num processo de autocondenação! Tal indivíduo só pode ser a criatura mais infeliz da terra. Todavia, é comum estar ele inconsciente da sua própria condição. Tem ele tantas imitações que se parecem com o ouro da graça salvadora, e tantas pedras brilhantes, parecidas com a jóia do cristão, que raramente se aflige com pensamentos sobre a sua pobreza pessoal. Julga-se rico, não tendo falta de coisa alguma, quando, na realidade, é pobre, miserável, cego e nu”. (p. 124)

“Fazer da ordenação de Deus uma ocasião para nossa ilusão, é uma tragédia”. (p. 125)

“Que terrível, mostrar a outros homens o espelho do evangelho para verem o verdadeiro estado das suas almas, e, no entanto, nunca o olharmos nós mesmos! Tais homens deveriam estacar, refletir, e começar a pregar para si mesmos, antes de voltarem a pregar a outros. Doutro modo, no dia da prestação de contas, eles dirão: ‘Senhor, senhor, não profetizamos nós em teu nome?’ E ouvirão as palavras: ‘Nunca vos conheci: apartai-vos de mim”. (p. 125)

Salmo 50.16,17

“Assim, achegue-se ele a Cristo de coração. (Anteriormente, só o admitia em seu cérebro). Então, passe a pregar a Cristo, quando então O conhecer. Desta maneira, ele poderá falar do que realmente sente, e poderá recomendaras riquezas do evangelho por sua própria experiência pessoal”. (p. 125)

“[…] é um perigo comum à Igreja ter pastores não regenerados. É uma calamidade ter muitos homens que se tornam pregadores sem ainda serem cristãos. É trágico ver que eles acreditam que são santificados apenas pela posição oficial de sacerdotes, quando não foram santificados por um verdadeiro compromisso com Jesus Cristo, como Seus discípulos. Tais homens só podem adorar um Deus desconhecido, pregar um Cristo desconhecido, e agir diante de um Espírito desconhecido”. (p. 125)

“Não se pode conhecer nada direito, se não se conhece a Deus”. (p. 126)

“Pouco sabemos da criatura, enquanto não a colocamos em relação com Deus. Ninguém que deixe de lado o Alfa e o Ômega verá o princípio e o fim. Aquele que não O vê em tudo, e que Ele é o todo de tudo, não verá coisa nenhuma. Todas as criaturas, como tais, são sílabas truncadas. Nada significam, separadas de Deus. Onde quer que de fato estejam separadas de Deus, deixam de existir, e a separação é aniquilação. Portanto, o seu estudo de física e doutras ciências vale pouco, se não é a Deus que você busca”. (p. 126)

Esboço para pregação ‘Nossa relação com Deus em 4 verbos’: “Ver e admirar a Deus, revenciá-lO e adorá-lO, amá-lO e deleitar-nos nEle, visível que nos é em todas as Suas obras, e examinar Suas obras para conhecê-lO – esta é a verdadeira e a única filosofia”. (p. 126)

“Quando vocês tiverem aprendido sobre Deus, ou sobre a Sua vontade, poderão dedicar-se prazerosamente ao estudo das Suas obras. Se vocês não se vêem a si mesmos e todas as coisas como vivendo, se movendo e existindo em Deus, não vêem nada, seja o que for que julguem ver. Enfim, Deus é tudo em todos (Romanos 11.36), e sem Ele vocês talvez possam pensar que sabem alguma coisa, mais não sabem nada como deveriam saber (1 Coríntios 8.2). Mas a mais elevada e nobre parte da santidade consiste em buscar, contemplar, admirar e amar o Criador em todas as suas obras”. (p. 127)

“Se, então, os instrutores das nossas faculdades e universidades se ocupassem principalmente em familiarizar os seus alunos com a doutrina da vida, e se trabalhassem para colocá-la em seus corações, isto seria um feliz meio para abençoar almas, e resultaria numa feliz Igreja e numa feliz comunidade. Mas quando fazem leitura de teologia como filósofos – como se fosse uma coisa não mais importante que uma lição de música ou de aritmética, e não a doutrina da vida eterna – eles a destroem e suprem a Igreja de mestres não santificados! Aí está por que temos tantos mundanos pregando as bênçãos invisíveis, e tantos homens carnais declarando os mistérios do Espírito”. (p. 127)

“Não digam eles são jovens demais para compreenderem esses pensamentos”. (p. 128)

2. Vivam segundo a graça que pregam.

“Preguem somente partindo da experiência pessoal. Minha segunda exortação é que vocês preguem para si mesmos o sermão que têm em mente, antes de pregá-lo aos outros. Quando a sua mente tiver prazer nas coisas celestiais, outros o terão também. Estão as suas orações, os seus louvores e as suas doutrinas terão celestial dulçor para o seu povo. Este perceberá quando vocês passaram bastante tempo com Deus”. (p. 128)

Familiarizem-se com Deus. (p. 128)

“Se vocês só têm um fervor superficial, não poderão esperar que este seja acompanhado de bênçãos”. (p. 128)

“O erro e a vaidade se insinuam dissimuladamente”. (p. 129)

3. Realizem a obra de Deus com todas as suas forças.

“Não deixem escapar nem uma só palavra fria ou descuidada a respeito do céu ou do inferno”. (p. 129)

“falem aos seus ouvintes como se as próprias vidas deles estivessem em jogo. Nossos sermões precisam ser convincentes. Devemos mostrar como a luz das Escrituras e a da razão brilham fulgentemente nos rostos dos não-salvos. Pois um sermão de meras palavras, sermão sem o efeito convincente das evidências e outros sinais da vida, não passa de uma carcaça bem vestida – não importa quão bem elaborado seja”. (p. 130)

4. Dêem prosseguimento aos seus sérios desejos e expectativa de êxito.

“Tenho observado que raramente Deus abençoa a obra de um homem, se o coração dele não está posto no bom êxito do que faz”. (p. 131)

“Daí, todos os que pregam a Cristo e a salvação do homem devem sentir-se insatisfeitos enquanto não obtiverem as coisas pelas quais pregam. Quando um homem prepara um sermão somente por seu próprio interesse e só tem sensibilidade para o modo como os outros avaliam as suas habilidades como pregador, sou forçado a pensar que esse homem prega somente a si próprio. O que ele está fazendo é proclamar seu negócio particular. Não prega a Cristo, nem mesmo quando prega a respeito de Cristo, por mais que pareça fazê-lo”. (p. 131)

5. Pratiquem o bem, como vocês dizem que é bom.

“A excelência espiritual é a verdadeira qualificação dos santos. Cristo é muito mais imitável que César. É mais glorioso ser cristão do que ser um conquistador. Sim, é melhor ser homem do que ser um animal, que muitas vezes nos excede em força”. (p. 132)

“Assim , lutem com as armas do amor, e não da violência. Contraponham à força a mansidão, o amor e a paciência, e não a força. Lembre-se de que são obrigados a serem servos de todos. Saibam ceder aos homens de posição. Não sejam estranhos para os pobres do rebanho, pois eles são bem capazes de tomar isso por desprezo. Não falem dogmaticamente, nem desrespeitosamente, com ninguém. Antes, sejam corteses para com o mais humilde, como seu igual em Cristo”. (p. 132)

“Que acontecerá, se vocês se empobrecerem? Será perda ou lucro? Se vocês acreditam que Deus é o seu mais seguro tesouro, e que investir cada vez mais tempo e riqueza em Seus serviços é ter o melhor negócio comercial, mostrem que isso é verdade”. (p. 133)

“A pessoa que tenha alguma coisa no mundo, que lhe seja tão preciosa que se interponha entre ela e Cristo, não é verdadeiramente cristã”. (p. 133)

“[…] um coração falso corrompe o entendimento e aumenta as suas ilusões”. (p. 133)

6. Mantenham a sua unidade e comunhão cristã e fraternal

“Os auto-suficientes são os mais deficientes. Em geral são orgulhosos e vazios”. (p. 133)

“Tolerem falhas compreensíveis. Suportem uns aos outros nas coisas que podem ser suportadas”. (p. 133)

“Evitem os extremos na doutrina. Os extremos doutrinários são perigosos porque tendem a caracterizar-se por estas três coisas: 1) Firmam novos pontos de fé ou dever. 2) Declaram que são fundamentais para a salvação pontos que não o são. 3) Têm a pretensão de acharem nas passagens proféticas e obscuras das Escrituras, evidência objetiva e maior certeza do significado do que na verdade têm”. (p. 134)

7. Não negligenciem o exercício da disciplina

“A obra que temos que realizar é de fato importunante e penosa; e ela exige abnegação, pois nos exporá ao desagrado dos ímpios. mas, ousaríamos preferir nossa comodidade e nossa tranquilidade, e o amor ou a paz dos ímpios, ao nosso serviço a Cristo, nosso Mestre e Senhor? Poderia o servo preguiçoso esperar boa recompensa?”. (p. 135)

Capítulo 7 | Razões para a instrução pastoral

I – Os benefícios do ministério pessoal do pastor

Precisaria a obra pastoral de alguma restauração a moda antiga?

“A conversão pessoal envolve duas coisas: um bem informado julgamento das questões básicas, e a mudança da vontade produzida por esta verdade”. (p. 139)

“Se vocês são colaboradores de Cristo, não negligenciarão as almas pelas quais Ele morreu”. (p. 139)

“Como vocês poderão edificar sem lançar bom fundamento? Como as pessoas poderão progredir na verdade quando ainda não lhes foram ensinados os pontos essenciais? A coisa fundamental a que precisamos levar os homem é a verdade”. (p. 139)

“Quando o ministro não conhece os componentes do seu rebanho, realmente não é capaz de exercer um ministério a favor deles”. (p. 140)

“Saberemos pregar-lhes melhor quando conhecermos os seus problemas, tentações e sofrimentos pessoais. Conhecendo as suas necessidades de oração, o pastor será capaz também de orar mais inteligentemente por elas”. (p. 140)

“[…] muitos só no ouvem em público, e os corruptores desdizem em particular o que dissemos”. (ADM, p. 141)

Atenção: “Este ministério pessoal também informará melhor o povo sobre o verdadeiro caráter do ofício pastoral. É por demais comum as pessoas pressuporem que a obra do ministério é meramente pregar, batizar, ministrar a Ceia do Senhor e visitar os enfermos. Visto que estas coisas dedicam vastas lacunas da vida, elas supõem que o seu pastor é irrelevante para tudo o mais. Como são bem poucos os que fazem visitação pastoral, esta impressão geral, mas falsa, do ministério pastoral tende a prevalecer. Não tenho dúvida, porém, de que quando o povo começar a receber benefícios deste ministério pessoal e pastoral, terá uma nova perspectiva do seu pastor”. (p. 141)

“[…] nossa negligência da instrução pessoal é maldição muito maior do que a confissão ao sacerdote”. (p. 141)

“Não nos devem ver simplesmente como necessários em suas situações de emergência. Devem ver-se como discípulos ou estudantes que estão sendo ensinados por seus pastores mediante aconselhamento pessoal e que deles recebem auxílio para a sua salvação”. (p. 141)

“[…] trabalhemos com o futuro em mente”. (p. 142)

“Para muitos de nós, a Reforma é tal qual o Messias é para os judeus. Antes de Sua vinda, eles oravam e ansiavam por Ele, gloriavam-se nEle e se regozijavam na esperança de Sua vinda. Mas, quando Ele veio, eles O odiaram e não quiseram acreditar q Ele era de fato a Personalidade por excelência”. (p. 144)

II – As dificuldades do ministério pastoral

“[…] em nós mesmos, temos muita preguiça e indiferença. Também temos a vil tendência, na disposição do caráter, para sermos bajuladores dos homens. Assim, preferimos vê-los perecer a perder sua consideração por nós. Preferimos vê-los caminhar imperturbáveis para o inferno a importuná-los. Estamos prontos a aventurar-nos ao desprazer de Deus, a despertar a má vontade dos homens“. (p. 145)

“O maior obstáculo é que somos fracos na fé. Com poderemos, então, ajudar os que também são fracos na fé? Toda a nossa ação será fraca, se sua fonte dentro de nós for fraca. Daí, o que se necessita é que todos os ministros cuidem bem de sua fé, tanto em si mesmos como em sua obra! Todos eles precisam ver principalmente que a concordância com a verdade das Escrituras – acerca do júbilo e dos tormentos vindouros – é segura e cheia de vigor”. (p. 146)

“[…] uma santa mescla de seriedade, terror, amor, mansidão e jovialidade evangélica e cativante – é sempre de vital importância”. (p. 146)

III – A necessidade do ministério pastoral

[…] com freqüência, encontro alguns dos meus ouvintes que me ouviram durante oito ou dez anos, e ainda não sabem se Cristo é Deus ou homem”. 🫣 seria engraçado se não fosse trágico. Além de terem uma vaga crença em Cristo, “[…] o mundo ainda retém os seus corações”. (p. 148)

“Sei que a pregação pública do evangelho é o mais excelente recurso do ministério, porque falamos a muitas pessoas de uma vez. Fora dessa única vantagem, geralmente é muito mais eficiente pregar a mensagem da Bíblia privadamente a um pecador em particular. Em público pode ser que não usemos as expressões mais simples, e os nossos discursos são tão compridos que ultrapassamos o entendimento e a memória dos nossos ouvintes. Deste modo, eles não conseguem acompanhar-nos. Mas, privadamente, podemos conduzi-los conforme o ritmo do entendimento deles e manter a sua atenção por meio de argumentos, respostas e objeções, conforme as levantem. Concluo, pois, que a pregação pública não basta. Vocês podem preparar-se demoradamente, mas ainda assim podem pregar com pouca utilidade, a menos que exerçam este ministério pastoral e pessoal”. (p. 148)

“[…] é necessário dar maior glória a Deus pelo sucesso mais completo do evangelho”. (p. 149)

Receio que chegue o dia em que os pastores infiéis preferirão nunca ter conhecido a responsabilidade a eles confiada. Pensarão que teria sido melhor terem seguido outras carreiras, em vez de serem pastores do rebanho de Cristo! Pois, além dos seus outros pecados, terão que responder pelo sangue de muitas almas“. (p. 149-150) 

Sermos cooperadores com Deus e Seu Espírito não é honra pequena. Estarmos envolvidos na salvação dos homens por amor a Cristo não é coisa de somenos”. (p. 150)

“Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça’ (Mateus 6.33). E mais: ‘pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho’ (1 Coríntios 9.16). É isso que tornará leves todos os nossos fardos, e toleráveis todos os nossos sofrimentos, quando tivermos sempre diante de nós esta necessidade. Aquele que sabe que serve a Deus jamais será um perdedor, e não terá do que temer, seja qual for o risco que venha a correr“. (p. 151)

“Assim, irmãos, não gastarei mais palavras para exortar sábios negociantes que já venderam tudo que tinham pela pérola de grande preço. Tomarei como certo que vocês estão resolvidos a aplicar a máxima diligência e fidelidade a esta obra”. (p. 151)

TERCEIRA PARTE – ALGUMAS DIRETRIZES PARA A PRESERVAÇÃO DO REBANHO

Capítulo 8 | Diretrizes para a direção eficaz da obra pastoral

I – Diretrizes práticas

“[…] direi três coisas: primeira, vocês precisam preparar-se e trabalhar quanto puderem. Segunda, precisam ser tão fiéis quanto possível. Isso lhes granjeará o respeito daqueles que vêem que vocês são mais sábios que eles. Terceira, o que lhes falta em habilidade poderá ser suprido por outras maneiras. Então, o seu conselho será tão eficiente como o dos que são mais capazes”. (p. 156)

“Que deverá fazer o ministro que tenha perdido o respeito da sua igreja? Se os membros da sua igreja são indignos dele, insensíveis, ou se faseiam o seu zelo e bondade em prol do bem-estar deles, ele deverá ser paciente e manso, continuando a instrui-los. Chegará o dia em que se arrependerão. Mas se essa perda foi causada por algumas fraquezas que o pastor mostra em sua pessoa, ou diferenças de opinião, ou simplesmente preconceito pessoal, que ele trate de eliminar todos os preconceitos que puder. Se não puder fazê-lo, que lhes diga que não trabalha para si, mas pelo bem deles”. (p. 157)

“Se tudo isso não der resultado, e eles não puderem acatar sua personalidade e seu ministério, que renuncie. Isto permitirá que outra pessoa, mais adequada para a obra, seja pastor deles. Permanecer é frustrar os seus próprios dons e privar a igreja de um benefício que ela estaria mais aberta para receber doutro ministro mais compatível”. (p. 157)

Que suas pregações sejam claras e desafiadoras. (p. 157)

Hebreus 5.12

“No mundo os homens não podem desempenhar as suas atividades sem terem conhecimento específico, nem podem saber levar adiante um negócio sem adequado aprendizado. Igualmente é uma contradição o cristão negar-se a aprender os ensinamentos básicos do cristianismo. Portanto, se alguém, como cristão, é um discípulo de Cristo, como pode negar-se a ser instruído por Ele? Da mesma maneira, a recusa a deixar-se instruir pelo ministro de Cristo é, pois, uma recusa a deixar-se instruir pelo próprio Senhor”. (p. 158)

Leia, comece pelo básico e continue até se familiarizar com os títulos mais profundos do cristianismo. (p. 158)

II – Ensino Eficaz

“Além disso, não tem importância quantos sermões vocês preguem, se não puderem lançar os alicerces da instrução pessoal básica. Sem esta, todo o seu trabalho será em vão”. (p. 159)

“Levem a sério o desejo de serem conselheiros espirituais”. (p. 159)

“[…] cuidado para não provocarem escândalo desnecessário, falando com mulheres isoladamente, quando seria mais prudente fazê-lo na presença doutras pessoas. Todas essas pequenas coisas merecem atenção, porque fazem parte de uma obra que é muito importante. Pequenos erros podem obstruir um relevante trabalho pelo bem”. (p. 160)

Para pensar: “[…] sentença o pecado merece”. (p. 160)

“[…] como o enfermo precisa de médico, assim eles precisam de Cristo”. (p. 161)

Dica: “Anotem num livro próprio todos os que vocês visitaram […]. Anotem os seguintes dados, a respeito de cada um: suas reações pessoais, suas condições espirituais particulares e suas necessidades. Tomem nota dos obstinados e dos que talvez precisem receber mais disciplina”. (p. 162)

Busque sempre falar com propriedade. (p. 162)

Pessoas diferentes, requer um trato diferente: “Com os tardos e teimosos, sejam rijos e severos. Com os brandos de coração e temerosos, sejam amáveis e insistam na necessidade que eles têm de direção espiritual. Com os jovens, dêem mais ênfase à questão das tentações dos prazeres sensuais e à grande necessidade que eles têm de dominar suas paixões. Aos idosos, preparem-nos para a morte e para sua necessidade de abster-se dos estultos caminhos do presente mundo. Com os jovens, sejam francos; e com os velhos, sejam respeitosos. Aos ricos, preguem a abnegação e o caráter enganoso da prosperidade”. (p. 162)

Sejam sérios em todas as coisas, mas especialmente no modo como aplicam a verdade às necessidades específicas das pessoas. Não há nada que eu receie mais do que o modo descuidado e superficial como alguns ministros exercem o seu ministério, de maneira tão sem vida e formalista! Colocar algumas questões indiferentes aos seus paroquianos, dizer-lhes duas ou três frias palavras de aconselhamento, e fazê-lo sem vida ou sem sentimento – eis um método seguro de conseguirem resultados negativos dos seus ouvintes”. (p. 163)

“Aquele que é cristão só superficialmente, e que não é firme na fé, verá o seu zelo fraquejar facilmente. O fervor insincero e a hipocrisia não aguentarão por muito tempo os deveres a serem cumpridos. Para o hipócrita, o púlpito é apenas um palco“. (p. 163)

“Se tiverem tempo limitado, reúnam as pessoas em grupos. É muito melhor do que agir às pressas com indivíduos e manter contatos superficiais com eles. Assegurem-se de que os que vocês reúnem são amigos comuns, para não se negarem eles a confidências, quando vocês falarem com eles”. (p. 163)

Capítulo 9 | Algumas dificuldades do ensino pastoral

“Provavelmente vocês encontrarão elementos molestos, que criarão dificuldades durante o seu trabalho”. (p. 165)

E por vezes tais pessoas, são “ignorantes dos pontos bíblicos fundamentais”. (p. 166)

Devemos levar as cargas uns dos outros, e não aumentá-las“. (p. 166)

“Devemos restaurar com espírito de mansidão os que acaso caiam em fraquezas, lembrando que nós também estamos sujeitos à tentação. Lembrem-se igualmente de que é improvável que possam ajudar aqueles que vocês exasperam e fizeram voltar-se contra as suas pessoas”. (p. 166)

Atenção: Procure aprender ao invés de discutir. (p. 166)

Dissidentes: “Se lhes derem provas teológicas de suas razões, significa que vocês receberam tal conhecimento há muito tempo. Se for contrário a verdade, ser-lhes-ás melhor ficar com a verdade. Se mostrarem desejo de ouvir as suas provas, digam-lhes. É bom disafiá-los a examinarem as provas da própria fé. Se se recusarem, só poderão provar que são infiéis a verdade”. (p. 166) Mais em nenhuma situação deixai de ser amável para com todos.

Alguns não passam de iletrados religiosos, “fruto da negligência resultante das dissenções e invejas”. (p. 167)

Como lidar com cismáticos

“A preservação da paz e da unidade em sua igreja local pode depender muito da maneira correta de lidar com essa gente. Ah, com demasiada frequência as pessoas que nos dividem na igreja, geralmente são as que professam zelo religioso além do comum!“. (p. 167)

“Ponham em destaque muitas vezes para os membros da sua igreja a natureza, a necessidade e a utilidade diária dos grandes, inquestionáveis e fundamentais princípios do cristianismo. Levem-nos a compreender que é dos princípios da fé que a vida ou a morte depende. Não depende daqueles pontos triviais ao redor dos quais tão frequentemente a controvérsia gira”. (p. 168)

“[…] grandes e certas obrigações que pesam sobre todos nós, de mantermos a unidade e a paz da igreja”. (p. 168)

“Sejam vigilantes quanto à ameaça de cisma. Quando um fogo se acende, tratem logo de apagá-lo no início. Não deixem nem seque uma fagulha rebrilhar, antes de vocês extingui-lo. Assim, vão logo a todas as pessoas que vocês desconfiam estarem contagiadas. Aconselhem-nas até estarem certos de que se recuperaram daquele maus espírito”. (p. 168)

“Pode-se permitir redirecionar uma importante questão controvertida levantando outra, que vocês dominem melhor, desde que a segunda não tenha a probabilidade de dividir a igreja como primeira. Façam essa pessoas verem que existem dificuldades muito maiores que as delas para serem resolvidas. Desta maneira, poderão humilhar-se ao tomarem consciência da sua ignorância e presunção”. (p. 168)

“Tenham o cuidado de não alimentar sempre o seu povo com leite quando precisa de alimento mais forte, pois, se fizerem isso, os ouvintes tenderão a inchar-se de orgulho. Fazendo uma colocação diferente, se as pessoas ficarem ouvindo continuamente de seu ministro as mesmas coisas, que já estão cansadas de ouvir, vão pensar que são iguais ou até mais sábias do que ele”. (p. 168)

Cuidado com a “maledicência anticristã”. (p. 169)

“Se vocês trabalharem direito, o erro cairá sob o seu próprio peso”. (p. 169)

Dica importante: “Antes, abordem a questão sem especificá-la nominalmente, façam a exposição dela sem preconceito, conduzam-na de maneira completa e branda, mas também com convicção. Dêem as mais completas provas, tiradas das Escrituras. Mas não digam tudo que poderiam dizer; em vez disso, selecionem aqueles pontos que têm menor probabilidade de parecer controvertidos”. (p. 169)

“Façam-nos saber que é sinal de coração orgulhoso ensinar ando está presente um mestre designado para isso”. (p. 170)

Pastores, só para não esquecer: “Ao mesmo tempo, procurem utilizar todas as habilidades dos membros dos seus rebanhos, quanto puderem. Utilizem-nos como auxiliares em seu ministério, de maneira ordenada e sob direção. Doutro modo, poderá suceder que os vejam trabalhando de maneira desordenada e em oposição a vocês. Não é incomum o desenvolvimento de cismas quando o ministro despreza friamente a pregação dos leigos, não se dispondo a usar os dons que Deus concedeu a esses homens para ajudarem a igreja. Alguns ministros jogam fora as pessoas talentosas da sua igreja como se fossem profanas. Quando nenhuma outra mão, senão unicamente a do ministro , é empregada na obra da igreja, a tendência será de que essa obra vá mal. Ora, Deus não entrega dons aos homens para serem enterrados mais para o uso comum da igreja”. (p. 170)

“Uma causa muito comum de cisão neste país é a atitude dos ministros, condenando-os, ou se ausentando das suas reuniões particulares, ou falando delas por trás, em tom condenatório, ou até reprovando-os do púlpito. É mais fácil fazer isso do que desempenhar o papel de um médico habilidoso que procura curar o seu paciente”. (p. 171)

Dica importante: “Não deixem que os autores da cisão excedam em qualquer coisa boa. A verdade tem que ser mais eficaz para a santificação do que o erro. Mas se vocês derem aos promotores de cismas a vantagem de parecerem mais obedientes à verdade do que vocês, terão ganho o dia. Toda discussão mais que vocês fizerem significará muito pouco, pois muitos julgarão só pelas aparências e pelos efeitos, sendo muitas vezes incapazes de julgar pela própria doutrina. Talvez pensem que quem for considerado o melhor, também haverá de ter a melhor causa”. (p. 171)

“Então, quando um libertino pregar a livre graça de Deus, vocês terão que pregá-la mais eficazmente. Se ele engrandecer a graça e o amor, dêem tudo para viver no puro amor de Deus. Não o contradiga nos aspectos positivos, mas somente nos aspectos negativos e destrutivos dos seus ensinamentos. Esta é a maneira mais eficaz de colocar os seus rebanhos contra a sedução dos ensinos falsos. Lembrem-se também de que pregar a verdade é o mais vitorioso meio de confundir o erro”. (171-172)

“Impeçam também os causadores de divisões de os excederem na prática da justiça e do santo viver ,com o mesmo empenho com que não devem deixar que os excedam no ensino diligente e sadio. Dediquemos amor a todos, e especialmente aos santos. Façamos o bem a quantos pudermos. Sejamos mais justos do que os divisionistas, mais misericordiosos, mais humildes, mais mansos e mais pacientes. ‘Pq assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens loucos’. (I Pe 2.15)”. (p. 172)

“Sobrepujemo-los com uma vida santa, não prejudicial, reta, misericordiosa, frutífera, uma vida que reflita o céu – como fazemos com relação à firmeza doutrinária. Sejamos conhecidos por estes nossos frutos. Então, os irmãos mais fracos poderão ver a verdade em nossas vidas, quando são incapazes de vê-la na doutrina. Resplandeça, pois, a nossa luz diante dos homens, para que vejam as nossas boas obras e glorifiquem a nossa Pai, que está nos céus (Mateus 5.16)”. (p. 172)

“Como teria sido feliz a Igreja se, em lugar de brigarem por causa de erros e cisões, os ministros do evangelho seguissem esse modo de agir. Ela teria muito mais poder”. (p. 172)

“Espanta-me você atrever-se a arriscar a sua salvação, como está fazendo”. (p. 173)

“[…] não é coisa fácil discernir entre alguém totalmente destituído da fé verdadeira e alguém que se professa cristão. Alguns podem pensar que é fácil fazê-lo; mas não é. É necessário, pois, que vocês procurem ouvi-los, mas não façam um julgamento prematuro e terminante sobre eles”. (p. 173)

“Tomem tempo muitas vezes com os indiferentes, para despertá-los, e com os negligentes, com o fim de admoestá-los”. (p. 173)

“Ataquem fortemente os grandes pecados radicais: a busca dos interesses próprios, as preocupações terrenais, o sensualismo, o orgulho e a infidelidade. Ajudem-nos a desenvolver o hábito de leitura da Bíblia, e orientem-nos para leitura de bons livros, que lhes dêem bom auxílio”. (p. 174)

Asseguremos, todos aqueles que chegaram frios na igreja, poderão estar aquecidos e cheios de vigor ao saírem”. (p. 174)

Apêndices

Cartas de Apelo

“Bem sei, e não duvido, que há grande desigualdade nas habilidades ministeriais, e que muitos lugares têm ministros destituídos das qualidades de interesse persuasivo e dons dinâmicos. Alguns têm que ser tolerados, pela necessidade da Igreja, embora exerçam fraco impacto sobre o mundo e sobre os ignorantes. E outros, conquanto doutos e capazes, talvez não sirvam para lidar com gente simples”. (p. 175)

O acordo da associação de Worcestershire

“Estamos particularmente convencidos de que é dever de todo ministro procurar conhecer pessoalmente, se possível, todos os que estão a seu cargo. Se o ministro se familiarizar assim com as pessoas do seu rebanho, saberá qual é o seu dever especial para com cada uma delas, e o cumprirá”. (p. 177)

Cuidado com toda espécie de pecado, quer de omissão, negligência, involuntário, mais principalmente os voluntários. (p. 178)

“Tem sido costume da Igreja, desde os dias apostólicos, ter muitos cargos. Ora, muitas vezes a parte desempenhada pelos deveres pastorais é muito grande. Assim, julgamos legítima a utilização de toda a assistência que pudermos obter, tratando de conseguir mais ministros e presbíteros ou anciãos, quanto a igreja necessitar. Julgamos cabível utilizar membros da igreja que sejam instruídos e competentes para ensinar nos trabalhos de instrução privada e na supervisão. Mas, como associação, não determinarmos que lhes seja permitido ministrar as ordenanças, nem que eles sejam equiparados aos ministros ou presbíteros docentes. Simplesmente concordamos na prática em deixar as respectivas funções e posições ao critério das igrejas locais. Também achamos aconselhável ordenar homens idôneos como diáconos”. (p. 180)

Dica: Preparar “sermões sobre a natureza da igreja, sua constituição e governo, os deveres e a autoridade dos pastores, e os deveres do povo de Deus”. (p. 180)

III – Objeções à obra “The Reformed pastor”, de Baxter

Objetivo do ministério: “Espero que percebam qual é o nosso objetivo e quão longe estamos de querer feri-los ou dominá-los, pois desejamos que vejam que a nossa grandeza e a nossa dignidade consistem simplesmente em sermos servos de todos”. (p. 181)

“Em seguida à incompetência, a coisa que mais temo nos ministros é a preguiça. Que comecemos a favorecer-nos a nós mesmos… e a permitir que a carne perverta  nossa razão e nos faça dizer: ‘Acho que não preciso dar tão duro assim… Já fiz o bastante, por que tenho que fazer mais…?'”. (p. 182)

Governar é tão indispensável ao encargo do pastor como pregar , disto estou certo“. (p. 182)

“Um homem pode ser um ministro fiel e, contudo, nunca pregar um sermão. Se uma grande igreja tem seis ou mais pastores, e dois ou três deles são pregadores mais eficientes, ou outros poderão usar mais sabiamente as suas energias para a conversação (em trabalho pessoal) e para a supervisão privada”. (p. 182)

😱 Extremamente importante: De que outra maneira poderemos cumprir fielmente o nosso ministério? Quem não condenaria o médico que levasse os seus pacientes a acreditarem que não estão em perigo, para livrar-se da amolação de ter que cuidar deles? Talvez o que mais os melindre seja a intimidação. Mas não podemos tolerar dentro da Igreja o relaxamento no viver, sem transformar em deserto o jardim do Senhor“. (p. 183)

Cuidemos para não ter essas comunidades lares-igrejas tão equilibradas em termos de quantidade entre pagãos e cristãos. (p. 183)

Ser pastor é ser pastor deveras“. (p. 183)

“Se todos os ministros tomassem dois dias por semana para o ministério pastoral (de instrução pessoal), teriam muito pouco tempo para estudar e, assim, os seus adversários os encontrariam inabilitados na apologética”. (p. 183-184)

“Depois de tantos anos de estudos universitários, quatro dias por semana não é tempo suficiente para o seu estudo? E vocês estudam mesmo? Aquele que acrescentar a prática e a experiência proporcionais aos seus estudos será o mais hábil médico, teólogo ou advogado”. (p. 184)

“Deus bondoso! Não existem ao redor de nós multidões que não sabem se Cristo é Deus ou homem, o que Ele fez por elas, e no que devem crer para obterem o perdão e a salvação? Não há milhares e milhares à nossa volta que estão se afogando na presunção, na confiança própria e no sensualismo, partindo os corações dos pregadores, e nem sequer nos percebendo nem nos compreendendo depois de termos feito tudo que pudemos”. (p. 184)

“Você determinou com demasiada confiança quanta assistência se requer para os deveres do ministro numa grande igreja. Isto lhe deixa uma pequena verba financeira. Terei que recorrer à Bíblia para mostrar-lhe que a alma humana vale mais que o mundo inteiro, e muitíssimo mais que o salário do ministro? Acaso o cristão não deve perguntar primeiro: de que modo poderei honrar mais a Deus?”. (p. 184)

“Creio que a maioria de nós gosta tanto da nossa comodidade carnal que, se soubéssemos onde achar um livro ou uma igreja que pudesse dar-nos uma segura exposição das Escrituras (como vindo diretamente dos apóstolos), nós a abraçaríamos entusiasticamente. [Como é usado o Alcorão], a usaríamos, não somente para tranquilizar as nossas mentes, mas também para poupar o tempo e o esforço que agora dedicamos aos nossos estudos das Sagradas Letras”. (p. 185)

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No mais, sigamos vivendo tão somente para honra e glória de Deus, com estima Cristã!

Tem algum dúvida?