As Escrituras Sagradas e A Transcendência de Deus (No artigo são dois tópicos, mais eu acabei os unindo para um estudo futuro)
“o cristianismo progressista não passa de uma versão pós-moderna do antigo liberalismo religioso dos séculos 18 e 19. Do liberalismo, ele tirou sua rejeição da autoridade das Escrituras, sua visão panteizante de Deus e sua compreensão condescendente do ser humano e do pecado. Do pós-modernismo, ele tirou sua percepção imediatista da realidade e sua inspiração humanística e até marxista da vida e dos problemas que afligem a sociedade”.
Ao tentarem rebaixar o lugar da Bíblia na vida do cristão devemos ter cuidado com o traiçoeiro argumento de que eles estão preocupados em seguir a Jesus e não a Bíblia. Eles buscam dicotomizar o que não é dicotômico, não cremos na existência de um “cânon dentro do cânon”. Veja o exemplo que o Pr. Paroschi apresenta acerca do principio hermenêutico de um cristão progressista: “a questão da homossexualidade, claramente reprovada em diversas passagens tanto do AT quanto do NT (Lv 18:22; Lv 20:13; Rm 1:26, 27; 1Co 6:9, 10; 1Tm 1:9, 10), mas que eles consideram legítima pelo fato de Jesus nunca a haver reprovado.5 Que Jesus tenha reafirmado o projeto criador de Deus de que o casamento é entre um homem e uma mulher apenas (Mt 19:4-6; cf. Gn 2:21-24), é irrelevante para eles, o que demonstra a forma tendenciosa com que leem as Escrituras”.
E como o cristianismo progressista também tem uma compreensão panteísta de Deus, “o que não falta são tentativas de harmonizar o relato bíblico da criação com os dogmas evolucionistas. E se somos o resultado de um processo evolutivo, então não surpreende que tanto liberais quanto progressistas estejam abertos, por exemplo, a outros tipos de sexualidades que não necessariamente a bíblica, a qual reconhece a relação sexual apenas entre um homem e uma mulher e no contexto do casamento. Afinal, se a vida está em constante desenvolvimento, como eles o assumem, então a ética humana também está, ainda mais se Deus está inserido nesse desenvolvimento e é parte dele. […] Nas palavras de John Shelby Spong, “temos que nos distanciar deste Deus do teísmo sobrenatural que põe em perigo nossa humanidade e retornar para um Deus que permeia a vida tão profundamente que nossa humanidade se torna o próprio meio pelo qual nós experimentamos a Presença Divina”.
A fragilidade desse pretenso posicionamento cristológico em que as Escrituras é posta em segundo plano em nome de ter a Cristo em primeiro lugar, não encontra apoio nem no Próprio Cristo que sempre reconheceu a autoridade das Escrituras: “Mt 5:17-20; Lc 16:29-31; Jo 5:39-47). Ele pautou Sua vida e Seu ministério por elas (Mt 4:4, 7, 10; Mt 21:12, 13; Lc 4:17-21) e criticou tanto os líderes judaicos quanto os próprios discípulos por não crerem em tudo o que o Moisés e os Profetas disseram (Jo 5:39, 40, 45-47; Lc 24:25), e, no caso específico dos escribas e fariseus, por invalidarem a Palavra de Deus por causa de suas próprias tradições (Mt 15:3-9; cf. Mc 7:6-12). Mais importante ainda foi Jesus haver apelado para as Escrituras para justificar Suas ações e revindicações (Mt 12:3-6; Mt 21:5, 15, 16, 42, 43; Lc 24:27; Jo 3:14, 15; Jo 12:12-15), em vez de usar Sua autoridade para diminuir-lhes a autoridade. Para Jesus, era imprescindível que as Escrituras se cumprissem (Mt 5:17, 18; Mt 13:13-15; Mc 14:49; Lc 4:17-21; Lc 21:20-22; Lc 22:36, 37; Lc 24:44; Jo 13:18, 19; Jo 15:23-25). Elas eram a mais pura expressão da verdade (Jo 17:17) e permaneceriam válidas enquanto céu e terra existissem e tudo não tivesse seu devido cumprimento (Mt 5:18)”.
“Sim, Jesus afirmou que Ele é a verdade (Jo 14:6), mas Ele também disse que a Palavra de Deus é a verdade (Jo 17:17). Por que, então, jogar um contra o outro como se fossem mutuamente excludentes? A impressão que fica é que a verdade realmente não importa para os progressistas e que o apelo que fazem a Jesus não passa de uma cortina de fumaça para encobrir arbitreariedades interpretativas. Quando nos lembramos de que o único Jesus que temos é o Jesus das Escrituras, fica evidente que toda tentativa de se criar uma descontinuidade entre Jesus e as Escrituras carece de qualquer legitimidade (cf. At 17:11; At 18:28; Rm 1:2-4; Rm 16:25, 26). Sem as Escrituras, não há Jesus”.
Pecado e Redenção
“Não nos admira que o progressismo, assim como o liberalismo, sejam essencialmente humanísticos. O homem é posto no centro e suas supostas virtudes e potenciais são o que determinam sua ética e filosofia de vida. Isso significa que a doutrina bíblica do pecado como algo hereditário e universal é rejeitada.
“Alguns progressistas veem com bons olhos a chamada teoria da influência moral, segundo à qual a morte de Jesus não se destinava a expiar o pecado humano, mas tão somente a nos impressionar o coração com o senso do amor de Deus e assim nos levar ao arrependimento. Ou seja, Jesus morreu por nós, não em nosso lugar.18 Outros consideram a morte de Jesus apenas como um exemplo de abnegação e autossacrifício ou ainda como uma tragédia permitida por Deus para trazer paz e restauração sociais.19 Embora alguns também admitam que Jesus morreu para derrotar as forças do mal,20 praticamente todos repudiam a noção de sacrifício expiatório. Não há dúvida de que a cruz cumpre vários propósitos: ela revela o amor de Deus para conosco (Jo 3:16; Jo 15:13; Rm 5:8; 1Jo 3:16), consiste em um exemplo para nós (Fp 2:5-8; 1Pe 2:21) e assinala a vitória de Deus no conflito contra o mal (Hb 2:14, 15; 1Pe 3:18, 19), mas a Bíblia também é clara ao dizer que Jesus morreu em nosso lugar como expiação pelo nosso pecado (Rm 3:24-26; 2Co 5:14; Gl 3:13; 1Pe 2:24; Hb 9:26; Hb 10:4; cf. Cl 1:20). “Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades. […] Foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados. […] O Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos” (Is 53:4, 5)”.21
“O problema com os progressistas (e liberais) é que, quando muito, eles veem a justiça divina meramente como justiça distributiva (justiça social) e não como justiça retributiva,22 que para eles é contrária ao amor. É como se Deus, por ser amor, não pudesse condenar. Segundo as Escrituras, porém, justiça é um atributo tão essencial a Deus quanto o amor (Dt 32:4; Jó 37:23; Sl 9:7; Sl 33:4, 5; Sl 89:14; Is 5:6; Is 30:18). Deus não apenas age de plena conformidade com Seu caráter santo, mas também administra o Universo de acordo com ele. Isso significa que Deus não pode deixar o pecado impune, visto que o pecado é uma violência contra Seu caráter e governo (Gn 2:17; Dt 7:10; Sl 58:11; Rm 6:23; Rm 12:19).23 E se Jesus é o padrão, como dizem os progressistas, então convém lembrar que Ele mesmo destacou o aspecto retributivo (condenatório) da justiça divina no contexto da impenitência humana (Mt 13:36-43, 47-50; Mt 18:23-35; Lc 17:26-32; cf. Mt 3:10-12)”.
Justiça Social
“Conquanto tenha falado sobre os deveres sociais de Seus seguidores (Mt 5:44-48; Mt 22:39; Mt 24:31-46; Mc 9:38-41; Lc 11:42), Jesus jamais Se engajou em qualquer militância social ou política. A insatisfação dos progressistas com a injustiça social pode até ser legítima, mas eles cometem um grave erro e um enorme desfavor ao cristianismo ao tentar retratar Jesus como um reformador social, e não como um salvador do pecado. Jesus Se compadecia, sim, dos menos favorecidos e tentava diminuir-lhes o fardo, mas o escopo de Sua missão era sobretudo espiritual (cf. Mt 1:21; Lc 4:18-21; Lc 19:10; Jo 8:34-36; At 10:38). Ele atendia a todos igualmente, quer fossem ricos ou pobres (Mc 10:17-22; Lc 8:1-3; Jo 4:46-53), homens ou mulheres (Mc 5:24-34; Lc 8:1-3; cf. Mt 9:1-8; Jo 5:1-9), nacionais ou estrangeiros (Mt 8:28-34; Mc 7:24-30; Lc 17:11-19; cf. Mt 15:24), fariseus ou publicanos (Lc 7:36-50; Jo 3:1-15; cf. Mt 9:9-13; Lc 19:1-10), oprimidos ou opressores (Mt 8:5-13). Ele nunca priorizou um grupo em detrimento do outro (Mt 11:28-30). Ele sempre rejeitou honras temporais ou mesmo a insinuação de que era Seu dever subverter a ordem sócio-política predominante. Quanto pressionado a assumir uma posição contra a opressão romana, Ele Se recusou a fazê-lo, frustrando a investida dos líderes judaicos (Mc 12:13-17) e a empolgação do povo simples (Jo 6:1-15) e até dos discípulos (Mc 10:20-24; cf. Lc 24:21). Jesus tinha absoluta consciência de que Seu reino não era deste mundo (Jo 18:36) e que plena restauração social só seria possível no mundo vindouro (Mt 5:1-12; Lc 18:1-8), quando pecado e pecadores não mais existissem (cf. Mt 22:1-14; Mt 25:31-34)”.
Que os crentes têm uma importante responsabilidade social, não se discute (Mt 5:43-48; Mt 22:34-40; Lc 3:10-14; Rm 13:8-10; Gl 5:14; Tg 1:27; Tg 5:1-6). O evangelho traz consigo uma demanda inerente que deve transformar a forma como vemos o mundo e como nos relacionamos com os outros. A questão, portanto, não é se, mas como vamos cumprir essa demanda. Certamente não o será por meio de qualquer forma de ativismo ou militância, que apenas realça as diferenças, abre feridas e divide ainda mais a sociedade, mas por meio do exercício afirmativo da fé, bondade e civilidade que devem caracterizar a vida do crente (cf. Mt 5:13-16; Tt 2:7-10; Tt 3:1, 2; 1Pe 2:12-17; 1Pe 3:8-17). O princípio do amor é supremo e deve permear todas as nossas ações (Mt 22:37-40; Jo 13:34; Rm 13:8-10; 1Jo 4:7-8; cf. Mt 5:43-48; Ef 5:25-33; Fm 1:8-16).
Pluralismo Religioso
Tópico bem delicado.
Hipergraça
“Embora não haja perfeição moral do lado de cá da eternidade (Rm 8:19-24; Fp 3:12-14), negar a ação transformadora e santificadora da graça é, com efeito, negar a própria graça e o propósito salvífico de Deus (Tt 2:11-14; Tt 3:4-7)”.
Retorno à Bíblia
Recente pesquisa (2023) entre evangélicos norte-americanos revelou que o número dos que ainda mantêm uma cosmovisão bíblica não passa de 4%;53 entre pastores, 37% apenas, conforme pesquisa anterior (2022).54 As pesquisas indicaram que a grande maioria tanto dos membros (88%) quanto dos pastores (62%) mantêm uma cosmovisão híbrida. Ou seja, a cultura está influenciando a igreja muito mais que a igreja está influenciando a cultura. Mesmo que poucos estejam familiarizados com o pós-modernismo ou saibam como defini-lo, os crentes estão sendo grandemente afetados por ele. É a cultura dos dias atuais. O resultado pode ser visto no seguinte inventário: 56% dos evangélicos norte-americanos acreditam que “Deus aceita a adoração de qualquer religião, incluindo-se o cristianismo, o judaísmo e o islamismo”; 51% acreditam que “Deus aprende e Se adapta a diferentes circunstâncias” (isto é, Deus muda); 70% “concordam fortemente” que “Jesus é o primeiro e maior ser criado por Deus”; 38% veem Jesus como “um grande mestre, mas não como Deus”; 60% dizem que “o Espírito é uma força, não um Ser pessoal” (ao mesmo tempo, 97% dizem concordar que “há um único Deus verdadeiro em três pessoas: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo”, o que demonstra que muitos estão confusos com relação à sua compreensão de Deus); 27% pensam “que o Espírito Santo pode me dizer para fazer algo que é proibido na Bíblia”, embora 94% concordem que “a Bíblia tem autoridade para dizer o que devemos fazer”; 57% acreditam que “todos pecam, mas todos são bons por natureza” e 65% pensam que “cada um de nós nasce inocente aos olhos de Deus”; 42% acreditam que “a identidade do gênero é uma questão de escolha”, e 46% dizem que “a condenação bíblica do comportamento homossexual não se aplica aos dias de hoje”; 37% concordam que “crença religiosa é um assunto de opinião pessoal, não de verdade objetiva”.55 Os números são chocantes e seria um grande erro pensar que a igreja no Brasil estaria imune a tais distorções.
É como advertiu Ellen White no livro Grande Conflito p. 600, 601: “Todos os que confiam nas jactanciosas decisões da razão humana, imaginando poder explicar os mistérios divinos e chegar à verdade desajudados pela sabedoria divina, acham-se enredados na cilada de Satanás”.
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Para ler o artigo na integra é só clicar aqui Cristianismo Progressista por Wilson Paroschi
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Que o amor por Cristo seja nossa motivação!