Uma das mais infelizes certeza da vida diz respeito a morte, o fato de estarmos vivendo agora e deixarmos de estar no instante seguinte é uma realidade completamente indiscriminatória, a morte não faz nenhuma acepção, quer seja, geográfica, étnica, social, de gênero ou faixa etária. E se você está lendo esse artigo é bem provável que você já saiba disso, e que embora esse seja um conhecimento de senso comum, você é alguém com uma sensibilidade acima da maioria, do contrario você não teria interesse em um tema que normalmente as pessoas tentam evitar…
Gostaria de te parabenizar pelo seu interesse, espero poder lhe ajudar a viver o luto, ou ser uma bênção para aqueles que estejam enlutados a sua volta. A menos que você não esteja vivendo o luto agora, devo lhe parabenizar mais uma vez, pq se você ainda está seguindo com essa leitura, é sinal de que você não quer correr o risco de ser indelicado para com aqueles que sofrem a perda de uma pessoa querida.
Para aqueles que acreditam na Bíblia como Palavra de Deus sabe que a morte é resultado do pecado, trataremos disso teologicamente em outro momento, aqui a finalidade é te dar ciência das fases em que uma pessoa enlutada pode passar, e o que influencia na intensidade com que esse luto pode ser vivido:
Iniciamos então considerando a variação de fases ou estágios que um enlutado pode passar:
- Golpe terrível da perda em si.
- O efeito estupefaciente do golpe.
- Expressões emocionais.
- Sintomas de aflição física.
- Falta de capacidade para se concentrar em outra coisa senão na perda.
- A luta entre a fantasia e a realidade.
- Sentimento de trevas.
- Sentimento de culpa.
- Sentimento de hostilidade.
- Reajustamento à realidade
Um segundo aspecto que não pode ser ignorado por aquele que oferece apoio ao enlutado diz respeito as condições que influenciam a intensidade do luto:
- A duração do relacionamento: A vida é constituída de memorias, quanto mais tempo se vive, mais memorias se acumulam, e a depender da condição do enlutado isso pode ser um fator que facilite o processo ou agrave.
- A qualidade do relacionamento: Dada a fragilidade de alguns relacionamentos a morte em si pode ser até um certo alivio, nesse caso a qualidade do relacionamento acaba se sobrepondo ao que diz respeito a duração do mesmo. Já que relacionamento encurtados por ocasião da morte, mas com uma qualidade elevada, pode ter um efeito muito mais devastador do que um relacionamento longo, contudo que se manteve com um nível de qualidade muito baixo.
- A consciência da possibilidade da morte: sobre isso Jack Young escreveu o seguinte – “É mais fácil aceitar a morte de um velho já realizado na vida, do que de um jovem com grandes esperanças pela frente”. Contudo isso não quer dizer que a perda daqueles que tem mais tempo de vida, não possa, ou não deva ser sentida, lembre-se das duas condições anteriores. O que ocorre é que em alguns casos, quando a um processo de intervenção hospitalar a depender da condição da equipe medica um preparo começa a ser realizado por ocasião de uma possível internação da pessoa amada.
- A natureza da morte: Por vezes a perda vem agravada pela impossibilidade de se abrir o caixão, o luto pode ser uma experiência ainda mais traumática. Privando por vezes o enlutado da imagem serena com a qual alguns são sepultado. Quando o suicídio é a causa da morte, a situação tende a piorar ainda mais, uma vez que normalmente os mais próximos se sentem culpados pelo ocorrido.
Espero que essa consideração inicial sobre o que se passa com aqueles que vivem o luto lhe ajude a não querer ter uma palavra mágica para dissipar a tristeza daqueles que perderam uma pessoa amada, e principalmente que você não os critique por viverem a tristeza de sua perda. O fato de sermos cristãos, não quer dizer que não nos tornamos imunes ao sofrimento. E quem pensa diferente parece que não conhece o Cristo que chorou por ocasião da morte do seu amigo (João 11.35), e que em breve Ele voltará para enxugar as lágrimas daqueles que sofrem por suas perdas…
Ao se deparar com alguém que sofre a perda de outrem, mais que palavras ofereça companhia…
Com estima Cristã!
Para saber mais
1. YOUNG, Jack. Cuidados pastorais em hora de crise. 2ª ed. Rio de Janeiro, RJ: JUERPE, 1988 p.73-82