O texto a seguir é resultado da leitura do artigo “A CRISE DO PERTENCIMENTO RELIGIOSO E O MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS”, escrito pelo Dr. em teologia Júlio Cézar Adam, e pela Jornalista, teóloga e historiadora Denise Santana. Publicado na Caminhos – Revista de Ciência da Religião v. 20 n. 3 de 2022
Espero que meus destaques contribua para revermos o que podemos melhorar para não perdermos aqueles que foram adquiridos por tão alto preço. A saber ao custo do sacrifício de Cristo Jesus.
A CRISE DO PERTENCIMENTO RELIGIOSO
“Não é a religiosidade que está em crise, mas o pertencimento institucional”. (p. 355) Essa declaração por si só já deveria fazer muitos líderes religiosos pararem um tempo considerável para refletirem sobre a condição daqueles que em via de regra não tem deixado a fé por desacreditarem na Palavra de Deus, e sim na falta de coerência entre os ensinos e as praticas destas ditas instituições cristã.
Negligenciar tal reflexão é querer admitir que o declínio religiosos é resultante apenas da secularização do individuo e não das instituições quando estas abre mão dos valores que estabeleceram seus fundamentos.
Tal realidade tem ganhado força pela dificuldade “[…] na transmissão da herança cultural”. (p. 356) E em alguma medida a dificuldade consiste na mentalidade dominante de que o certo é o que pode ser feito daqui para frente, uma vez que o que está no passado foi praticamente tudo feito errado.
“Muitas pessoas que abandonam uma fé [é possível que] o fazem porque perderam a credibilidade em um sistema”. (p. 356)
Consideremos pontos recorrentes na mentalidade dos desigrejados:
- Aversão a tutela institucional.
- Fim da verdade absoluta.
- Individualismo – “[…] a ideia da não necessidade de controle coletivo e da autonomia individual é o aspecto central do discurso daqueles que decidiram viver a fé apartado das prerrogativas institucionais eclesiástica” (p. 357).
- Religiosidade é sentimento e não conhecimento.
- O que importa é o resultado, não a forma de consegui-lo ou sua consistência – Como dizia um jargão da TV brasileira: “O resultado é o que interessa, o resto não tem pressa”.
A dificuldade com tal maneira de pensar é que a busca pela satisfação momentânea compromete a condição do que se sentirá no futuro uma vez que só se leva em consideração o sentimento para o presente.
DESCREVENDO O MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS
“[…] é necessário fazer separação entre desigrejados e desviados. O primeiro é formado por cristãos que deixaram as igrejas, mas não abandonaram a fé. Os desviados são pessoas que não querem mais seguir as regras de fé e prática do cristianismo”. (p. 359)
Entre os muitos subgrupos existentes consideremos a seguinte classificação (p. 359):
- Pessoas que abandonaram a igreja e a fé. Esse grupo primeiro torna-se desigrejado e depois desviado.
- Pessoas que abandonaram a igreja e mantém a fé. São os cristãos sem igreja, os decepcionados por terem vivido algum problema na comunidade. Tentam continuar a ser cristãos sem pertencer ou frequentar um templo. Querem servir a Jesus, mas não aceitam a tutela institucional.
- Pessoas que são radicais. Os que não frequentam cultos, pregam o fracasso da igreja organizada, defendem o cristianismo sem igreja, afirmam que as pessoas devem sair da igreja para encontrar Deus, querem que as igrejas acabem em todo o mundo e pregam o fim da instituição.
Contudo, existe um grupo que me preocupa ainda mais, são os dos desigrejados dentro da igreja podemos considerá-los em dois subgrupos:
- O que estão nominalmente na igreja, “até assumem cargos, mas desenvolvem relacionamentos superficiais. Ainda não entenderam o que é ser igreja de verdade. Não observam que podem ser um sem igreja mesmo estando dentro dela. A vida social da igreja é interessante para esse grupo e não a genuína conversão”. (p. 360)
- Os que são nômades religiosos, por vezes “São críticos. Vivem de igreja em igreja praticando o trânsito religioso. Optam pela distância e não ajudam na edificação. Não contribuem com os cultos das igrejas que visitam”. (p. 360) Esses em condições ainda mais preocupante que o grupo anterior, costumam esquecer “da responsabilidade de ter o cuidado pelas pessoas da mesma fé. Pouco fazem por missões”. (p. 361)
AS DISCORDÂNCIAS DOS DESIGREJADOS DA IGREJA INSTITUCIONAL
Na lista de insatisfação dos desigrejados destaco dois pontos:
- Um dos motivos que levam as pessoas a se afastar de uma igreja institucionalmente estabelecida é o caráter profissional que o ministério tem ganhando nas instituições religiosas. E realmente, encontramos aqui um motivo para nos preocuparmos, tanto que temos até livros como o escrito pelo Pr. Piper: “Irmãos, não somos profissionais”.
- A crítica “sobre a visão que persegue a quantidade e não a qualidade de aprendizado das pessoas. Os desigrejados afirmam que, a qualquer custo, a igreja busca mais membros e não o maior crescimento espiritual das pessoas. A busca por crescimento rápido gera muitas pessoas alcançadas, mas poucas transformadas. O foco das reuniões é para certificar se os objetivos dos projetos foram alcançados e o resultado disso é a frustração ao não conseguir bater as metas que são complicadas e difíceis de cumprir. Isso gera grandes cobranças por parte da liderança e disputa entre as pessoas para ver quem atingiu a meta. Os desigrejados rejeitam todos esses pontos dizendo que buscam estruturas que expressam mais a vida alcançada pela graça de Deus e não pelo esforço humano”. (p. 362)
A CRISE COMO OPORTUNIDADE PARA REPENSAR A VIVÊNCIA COMUNITÁRIA
Entre algumas batalhas sociológica que os desigrejados enfrentam de maneira mais forte que outras, ressalto as seguintes:
- Perca de confiança, nas pessoas e instituições.
- A instabilidade de uma cosmovisão relativista.
- O sentimento de solidão.
Quando consideramos essas características, e sabendo que a busca pela espiritualidade tem sido uma realidade culturalmente aceita, temos que está atendo para não seguirmos incorrendo nos erros observado por aqueles que em certa medida se afastaram da igreja enquanto desejavam seguir pertencendo a uma comunidade de fé.
Atenção! Como líderes precisamos orar e trabalhar para tentar reparar aquelas feridas que foram causadas justamente pela nossa distancia do verdadeiro dia a dia da vida cristã. Se negligenciarmos esse aspecto, poderemos perder toda essa geração denominada de pós-modernos.
Conclusão
Uma avaliação sincera da realidade constatará que a espiritualidade, especialmente do brasileiro não está comprometida, contudo eles esperam uma postura mais condizente com a profissão de fé das instituições religiosas estabelecidas em suas crenças como um todo.
“A contemporaneidade reflete ideias de uma época de crise de sentido. As pessoas estão abertas a mudanças em todas as áreas, até mesmo a repensar verdades religiosas antes tidas como absolutas. Há uma crise axiológica que se reflete em todos os setores sociais como família, Estado, movimentos sociais, entidades civis e tradições religiosas. Não é só crise por causa da secularização, mas de valores”. (p. 364)
Contudo, a crise apresentada aqui deve ser encarada como uma oportunidade para se reconsiderar a autenticidade da vida cristã no que diz respeito ao individuo, a comunidade e as instituições.
Caso queira conversar um pouco mais sobre o tema, é só entrar em contato @ReynanMatos
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No mais, sigamos vivendo tão somente para honra e glória de Deus,
Que o amor por Cristo seja nossa motivação!